Renasci no Dia em que a Mulher que Meu Marido Amava Morreu
No momento do terremoto, meu marido, capitão da equipe de resgate, me deixou para trás e correu para salvar a mulher que amava, Luna Soares.
Eu não o impedi. Apenas deixei que ele fosse.
Tudo porque, na minha vida passada, diante da mesma escolha, ele me resgatou primeiro, eu, grávida de oito meses.
E Luna, por causa do atraso no socorro, foi soterrada nos escombros durante uma réplica e morreu asfixiada.
Mais tarde, no dia em que fui dar à luz, ele me levou até o túmulo dela.
Assistiu friamente enquanto eu desabava no chão de tanta dor, implorando ajuda.
— Talita, está doendo? A dor que a Luna sentiu debaixo dos escombros foi mil vezes pior!
Olhei, incrédula, para o homem enlouquecido à minha frente.
— No dia do terremoto você estava numa zona segura! Se não tivesse usado a gravidez como chantagem, Luna teria tido a chance de ser salva!
— Todo o sofrimento da Luna… eu quero que você sinta com seu próprio corpo!
Ele me forçou a ajoelhar e bater a cabeça diante da foto da Luna, enquanto o sangue escorria por entre minhas pernas.
Acabei morrendo de hemorragia durante o parto.
Quando abri os olhos novamente, era o mesmo dia do terremoto.
Desta vez, nem eu nem meu filho vamos esperar por ele.