Capítulo 4

Por causa do trabalho doméstico constante, a pele de minhas mãos estava realmente áspera. Não era de se admirar que ele as desprezasse.

Não querendo ouvir mais, fugi para o banheiro, sentindo-me um pouco patética.

Dez minutos depois, Marco bateu na porta.

— Sylvia, surgiu um imprevisto na empresa, preciso ir até lá. Durma bem.

Eu murmurei um "sim".

Quando ele estava prestes a sair, falei de repente.

— Marco, se você não voltar, posso usar um cupom de perdão?

Olhei para ele, com um resquício de lágrimas que não tive tempo de enxugar no canto dos olhos.

Os passos do homem pararam, e ele se virou imediatamente.

— Pode.

Marco sorriu para mim, com uma expressão relaxada.

— Não se preocupe, estarei em casa antes da meia-noite. Você certamente não precisará usar o cupom de perdão.

Olhando para seu rosto, que não havia mudado muito em cinco anos, engoli a amargura em meu coração e sorri levemente:

— Certo, eu espero por você.

Faltavam três horas para a meia-noite.

Paguei um valor alto a um entregador para me comprar um pedaço de bolo.

O assistente de Marco, o Paulo, postou um status em suas redes sociais.

Reclamando que ainda estava fazendo hora extra, sendo o único que restou na empresa.

Marco me enviou uma mensagem:

[Acabei de chegar na empresa. Volto para casa em breve.]

Faltavam duas horas para a meia-noite.

Enquanto limpava meu álbum de fotos, encontrei uma foto do pedido de casamento de Marco.

Com o coração comovido, fiz uma postagem.

[Sem perceber, já se passaram cinco anos.]

Marco respondeu rapidamente:

[Mais de cinco anos.]

Ele também me enviou uma foto da paisagem noturna.

[A noite está linda hoje. Me lembrei de você.]

Eu não respondi.

Porque eu sabia que os arranha-céus ao fundo da foto não eram perto da empresa, mas no centro da cidade.

Onde ficava o restaurante mais romântico para casais da cidade.

Rita também não se conteve e fez uma postagem em sua rede social, visível apenas para mim.

[Você diz que encontrou a luz do seu sonho, mas eu sou o amor que já queimou no seu peito.]

No canto inferior esquerdo da foto, a mão esquerda de Marco, sem a aliança de casamento, era excepcionalmente nítida.

Faltava uma hora para a meia-noite.

Aninhei-me no sofá, assistindo ao vídeo do nosso casamento em loop, enquanto comia grandes garfadas do bolo que o entregador trouxe.

Só não sei por que, quanto mais eu comia, mais salgado o bolo ficava.

Acho que, a partir de agora, nunca mais vou gostar dele.

Faltava meia hora para a meia-noite.

Marco parou de responder minhas mensagens.

Eu, conscientemente, parei de incomodá-lo e comecei a arrumar minhas malas.

Faltava um minuto para a meia-noite.

Tirei o último cupom de perdão do pote, pronta para rasgá-lo.

A porta da frente foi subitamente batida.

Pausei por um momento e abri a porta apressadamente.

— Olá, este é um presente do Sr. Marco Menezes para a senhora. Por favor, assine o recebimento.

O entregador segurava uma caixa de joias, seu serviço era entusiasmado e atencioso.

Ao mesmo tempo, uma mensagem de Marco apareceu no meu celular.

[Desculpe, vou ter que dormir na empresa esta noite. Use o cupom de perdão se quiser. Quando eu voltar para casa, trarei seu bolo favorito.]

Eu estava prestes a responder quando, sem querer, esbarrei na estante.

O porta-retratos com nossa foto de casamento, que estava lá há cinco anos, caiu no chão com um baque.

Os cacos de vidro se espalharam por toda parte.

O entregador se assustou e perguntou apressadamente:

— Senhora, precisa de ajuda para limpar?

Balancei a cabeça negativamente e respondi no celular:

[Não precisa trazer o bolo, Marco. Os cupons de perdão acabaram.]

[Vamos nos divorciar.]

No segundo seguinte, centenas de mensagens inundaram meu celular.