99 Vezes de Coração Partido

Casados há cinco anos, eu e Marco Menezes nunca tivemos filhos.

Hoje era a festa de comemoração do Grupo Menezes pela conquista do projeto de Cidade Verde.

Era também o nono dia em que Marco e eu havíamos combinado de tentar engravidar.

Mas quando a secretária de Marco derrubou a torre de champanhe, molhando o parceiro de negócios, a primeira reação dele foi protegê-la, colocando-a atrás de si.

Em seguida, sem hesitar, ele se dirigiu a mim:

— Sylvia, peça desculpas ao Diretor Dutra.

Fiquei atônita, incrédula.

O parceiro de negócios também franziu a testa e, irritado, apontou para Rita Carvalho:

— Sr. Menezes, foi esta senhorita quem cometeu o erro. Quero que ela se desculpe.

Rita ficou com os olhos marejados e puxou a manga de Marco como se pedisse socorro, parecendo ter sofrido uma grande injustiça.

Marco deu um tapinha gentil em sua mão e, ignorando tudo, olhou para mim:

— O que está esperando? Vá brindar com o Sr. Dutra agora mesmo.

— Se uma taça não for suficiente, beba duas. Se duas não bastarem, beba três. Precisa fazer o Sr. Dutra se acalmar.

Ele havia se esquecido de que estávamos tentando engravidar.

Ou talvez, ele simplesmente não se importasse.

As pessoas ao redor começaram a cochichar, e seus olhares para mim eram de pena.

Todos sabiam que a culpa não era minha.

E todos percebiam que Marco estava determinado a proteger Rita.

Eu queria recusar, mas Marco, como se previsse minha reação, articulou silenciosamente com os lábios.

"Cupom de perdão."

Naquela época, para poder se casar comigo, Marco me pediu em casamento 99 vezes, e eu o recusei 99 vezes.

Eu pensei que ele desistiria, mas na 100ª vez, Marco reuniu toda a minha família e amigos e jurou publicamente:

— Sylvia, eu só quero você na minha vida. Se não aceitar, continuarei pedindo até que você concorde em se casar comigo.

Fui tocada por seu amor persistente e aceitei.

Para retribuir seu amor por mim, na noite de núpcias, encomendei especialmente 99 cupons de perdão.

Combinamos que, enquanto esses cupons não acabassem, nunca nos separaríamos.

Nos primeiros três anos, Marco os valorizou muito, sem usar um único sequer.

Até que Rita apareceu e, em apenas dois anos, ele usou 96 deles.

Agora, era o 97º.

Meus dedos, segurando a taça de vinho, ficaram levemente pálidos. Forcei um sorriso e me aproximei do parceiro de negócios.

— Sr. Dutra, um brinde a você.

O parceiro de negócios suspirou e disse que um gole seria suficiente.

Mas eu sorri e bebi a taça inteira de vinho tinto.