Desde a última vez na família Almeida, quando Luísa fez suas desculpas formais, já haviam se passado quase quinze dias sem que Margarida a visse, o que a fazia pensar que finalmente teria paz.Mas para sua completa surpresa, Luísa havia conseguido encontrá-la justamente na exposição de arte.Ao ver Margarida recuar um passo, o sorriso radiante de Luísa vacilou por um momento, mas ela rapidamente se recompôs e voltou a exibir aquela expressão maternal e carinhosa que sempre usava quando queria algo.— Margarida, não seja tão distante com a mamãe. — Ela disse com voz melosa, tentando parecer magoada. — Vim até aqui porque toda vez que tentava te procurar em outros lugares, ou não conseguia te encontrar, ou não tinha como entrar. Como sei que Teresa é sua melhor amiga e que a exposição dela seria neste castelo, resolvi arriscar, e deu certo!Margarida respirou fundo, sentindo o cansaço bater ao perceber que teria que lidar com mais drama.— Quando você não conseguia me encontrar nem me ve
Margarida ficou calada por um longo momento, processando as palavras da amiga, antes de concordar com um aceno leve de cabeça.Teresa estava certa, e Margarida percebia a dor que ela sentia. Uma mulher podia perdoar e aguentar o homem que amava inúmeras vezes, mas quando ele a machucava por causa de outra mulher, era preciso cortar logo aquela situação para não acabar se destruindo por completo.Respirando fundo, Margarida falou com toda a sinceridade:— Teresa, não vou mais tentar te convencer de nada. Se você quer se divorciar, tem meu apoio total. Quem sabe seguindo meu exemplo de cortar relações na hora certa, sua verdadeira felicidade logo apareça!— Margarida, obrigada pelos votos. — Teresa conseguiu sorrir através das lágrimas e deu de ombros tentando parecer descontraída. — Mas sobre verdadeira felicidade, prefiro não sonhar alto. Homens perfeitos e apaixonados como Vicente só existe um no mundo inteiro, então quanto aos outros, melhor nem criar expectativas. Mesmo sem homem, p
Teresa sempre acreditou que ainda restavam algumas brasas do amor por Lorenzo queimando no fundo do seu coração, mas ao presenciar toda aquela cena dele defendendo Nanda, sentiu como se até mesmo aquelas últimas fagulhas tivessem sido sopradas pelo vento.Foi por isso que, quando Lorenzo mais uma vez insistiu para Nanda ficar, Teresa já não teve mais aquela resistência teimosa de antes.— Afinal de contas, Lorenzo é quem banca nossa exposição. — Disse ela, com um sorriso gelado, limpando as lágrimas do rosto devagar. — Nanda pode ter dito um monte de absurdos, mas acertou numa coisa, quem tem o dinheiro pode mesmo usar esse poder para se meter nos projetos que financia. Se é assim, tanto faz aceitar agora ou ser obrigada a aceitar depois. É melhor eu ser esperta. Assim que esta exposição acabar bem, posso dar início ao meu processo de divórcio.Teresa sempre tentava adiar aquela decisão, na esperança de que o dia do divórcio demorasse para chegar. Mas agora havia finalmente se decidido
O que Lorenzo queria dizer nas entrelinhas era óbvio. Mesmo que Teresa tivesse descoberto Nanda, ainda podia fazer vista grossa e engolir aquela situação.Afinal, Lorenzo deixava claro que não queria de forma alguma que Nanda saísse dali.Teresa entendeu a insinuação, abriu os olhos devagar e encarou Lorenzo com intensidade, enquanto as lágrimas que brilhavam tremulas finalmente se aquietavam numa calma perturbadora.Margarida, porém, ao ouvir as palavras absurdas de Lorenzo e flagrar o sorriso de vitória que Nanda mal disfarçava atrás dele, sentiu a fúria explodir no peito e deu um passo à frente.Mas Teresa segurou seu braço, impedindo-a.Ela se levantou da cadeira com esforço e pela primeira vez encarou Lorenzo.— Tudo bem, se Nanda quer ficar, que fique então.Um silêncio mortal tomou conta do ambiente. Até a assistente, que gemia de dor depois do chute de Nanda, se calou por completo.— Teresa, você tem noção do que está falando? — Perguntou Margarida, boquiaberta.— Tenho sim. —
— Margarida, você precisa ficar zombando de quem se esforça de verdade? — Questionou Nanda, que tirou as mãos do rosto e agarrou a manga de Lorenzo num gesto instintivo, fuzilando Margarida com o olhar.Margarida a encarou com serenidade e balançou o dedo negativamente.— Nanda, não zombo de pessoas esforçadas. Zombo é de você. — Ela rebateu com frieza, pois sabia muito bem que esforço genuíno merece respeito, mas alguém que trabalha nas sombras para roubar o mérito alheio certamente merece ser ridicularizada.A assistente se precipitou em defesa de sua patroa e teve a audácia de puxar o braço de Margarida.— Senhorita Margarida, por que fica pegando no pé da Nanda? Teresa nem falou nada, por que você tem que se meter onde ninguém chamou?Margarida endureceu o semblante, pois odiava ser tocada por estranhos sem permissão. Puxou o braço com força e empurrou a assistente para longe.— Por que me meto? Porque tenho caráter e sei distinguir o certo do errado! — Ela declarou com firmeza. —
Margarida olhou para Teresa na mesma hora, e como já esperava, depois daquele ataque de Nanda, sua amiga fechou os olhos com força numa tentativa desesperada de segurar as lágrimas que ameaçavam escorrer.Lorenzo ficou com o rosto carregado, mas quando ia falar, uma assistente que acompanhava Nanda se adiantou.— Senhor Lorenzo, a senhorita Nanda está certa. — Disse a moça com convicção. — Ela teve uma discussão com essas duas, mas tudo foi pensando no senhor!Lorenzo havia designado aquela assistente para cuidar de Nanda por causa de sua saúde frágil, e ela não saía do lado da moça há dias.A assistente tinha certeza de que seu chefe estava apaixonado por Nanda, já que demonstrava tanto cuidado e atenção. Por isso, mesmo sabendo que Teresa era a esposa legítima de Lorenzo, ela apoiava Nanda sem hesitar e tratava Teresa com total desrespeito.— Senhor Lorenzo, embora o organizador principal seja fundamental numa exposição, todos os funcionários são importantes também. — Continuou ela,