MasukLuana ficou atônita. Era inimaginável que Ricardo fizesse um gesto carinhoso daqueles, ainda mais direcionado a ela.Recuperou a compostura no instante seguinte e desviou o rosto.— Quando foi que eu disse que queria ir para o Lago de Zurique?Ricardo a encarou em silêncio.— Da primeira vez que você falou em lua de mel.Havia sido no segundo mês depois que ela se casou com ele.Luana teve um lampejo de memória. Naquela época, recém-casada, também sonhava em ter uma lua de mel ao lado dele. Havia escolhido o Lago de Zurique, na Suíça. Queria andar de barco com ele por cidadezinhas ultra românticas, caminhar de mãos dadas pelas vielas medievais de paralelepípedos, fazer piquenique à beira do rio e tomar sol. Depois, iriam aos vinhedos fazer vinho e ver as famosas Cataratas do Reno. Havia planejado cada detalhe da viagem com tanto cuidado, mas quando foi falar com ele cheia de expectativa, recebeu apenas uma recusa fria.Ao lembrar disso, sentiu o nariz arder. Não era porque estava emoci
— Dizem que quando a polícia encontrou o Ricardo, ele já tinha conseguido escapar sozinho. Tinha uma menina com ele, mas não sei se era a Luana. — Anabela deu de ombros, continuando. — De qualquer forma, o Ricardo voltou com febre altíssima pelo sequestro e ficou inconsciente por vários dias. Depois disso, ele não lembrava de nada do que aconteceu, e minha avó proibiu todo mundo de tocar no assunto.Ao ouvir aquilo, o rosto de Vanessa se fechou num misto de compreensão e alívio. Uma família como a família Ferraz... se nem ela, Vanessa, era boa o suficiente para os olhos da Sofia, como é que a Luana seria? Então era por isso que ninguém mais tocava no assunto. Ricardo havia esquecido do sequestro, havia esquecido de quem o salvou... e para Vanessa, isso era perfeito....Na manhã seguinte, o médico chegou pontualmente para trocar o curativo de Ricardo. Luana estava prestes a sair quando sentiu a mão dele segurar o braço dela com firmeza.— Você troca para mim. — Disse Ricardo, e não era
Vanessa agarrou a barra da camisa dele com força, enquanto as lágrimas desciam sem controle pelo seu rosto.— Não fui eu! Essas coisas, juro por tudo que não fui eu! O que fiz de errado, assumo, Ricardo, mas isso aí não fiz!Ricardo fechou os olhos por um longo momento antes de chamar o segurança.Quando o segurança entrou no quarto, ele ajudou Vanessa a se levantar do chão.— Você não precisa mais ficar no Hospital São José. — Disse Ricardo, com uma frieza que cortava. — Vai ser transferida para o hospital auxiliar.Vanessa ficou paralisada, sem conseguir processar o que havia acabado de ouvir.O olhar de Ricardo passou por ela com total indiferença, como se estivesse olhando para uma estranha.— E não tenta mais entrar em contato comigo. Quanto ao Leo, quando ele melhorar, vou mandar alguém levar ele para você.Com um simples gesto de mão, indicou ao segurança que a retirasse dali.Vanessa saiu do hospital completamente destruído. Quando entrou no carro, ainda não conseguia acreditar
O abraço repentino pegou Ricardo desprevenido. Por um instante, ele ficou ali parado sem reagir, e foi naquele momento que Vanessa percebeu a presença de outra pessoa no quarto.Luana observava tudo sem expressão, apenas um sorriso leve e frio nos lábios.— Parece que estou atrapalhando vocês dois.Antes que Vanessa pudesse abrir a boca para dizer qualquer coisa, Ricardo a afastou com firmeza e caminhou em direção a Luana.— Vai para casa e me espera lá. — Pediu ele, com voz baixa.Ela não respondeu, apenas deu as costas e saiu do quarto sem olhar para trás.Vanessa mordeu o lábio inferior, deu alguns passos rápidos e se colocou na frente de Ricardo, bloqueando a visão dele da porta por onde Luana havia acabado de sair.— Ricardo, eu realmente não quero sair do hospital. Fala com a sua avó, por favor? Pede para ela reconsiderar?No momento em que ela esticou a mão para segurar o braço dele, Ricardo se afastou com um movimento seco e brusco.Vanessa ficou paralisada no lugar. Ao encontr
— Mas quando eu for embora, ele vai ter a Vanessa do lado dele, sem ninguém para atrapalhar. — Continuou Luana, encarando o chão como se falasse mais para si do que para ele. — Por ela, ele assina qualquer coisa.Era só questão de tempo.— Quando chegar lá, me manda mensagem. — Pediu Vinícius.Luana levantou o olhar e sorriu, os olhos se curvando em duas luas crescentes.— Mando, sim. — Respondeu com suavidade.Mas antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, uma voz ecoou pelo corredor, fria e firme:— Aonde vocês vão?Ricardo estava na cadeira de rodas, os cotovelos largados nos apoios, os dedos entrelaçados com uma postura relaxada que contrastava com a tensão no ar. O segurança empurrava a cadeira num ritmo lento e constante.O sorriso de Luana travou. Por um instante, ela simplesmente não soube como reagir.Vinícius, por sua vez, manteve-se firme, encarando Ricardo com uma expressão neutra.— Soube que o senhor estava se recuperando no hospital. — Ele disse, num tom controlad
Vanessa fechou rapidamente as roupas desalinhadas ao redor do corpo, ajeitando o tecido com mãos trêmulas, com medo de que Bernardo saísse do quarto naquele momento e a situação ficasse ainda mais comprometedora.— Senhora Vanessa, o que a senhora está fazendo aqui?— Eu... — Vanessa pensou rápido, a mente trabalhando velozmente para inventar uma desculpa plausível. — Estava me sentindo desconfortável em casa e resolvi ficar num hotel para descansar. Não imaginei que ia ter uma crise de hipoglicemia logo agora.O segurança se aproximou com gestos solícitos para ajudá-la a se levantar, mas seus olhos observaram o número do quarto atrás dela com atenção.— A senhora está hospedada neste quarto?Quando o segurança tentou empurrar a porta para verificar, ela bloqueou rapidamente com o corpo, forçando um sorriso natural.— Não precisa se incomodar. Já estou me sentindo muito melhor, só preciso descansar um pouco. — Ela desviou o assunto com habilidade. — Mas vocês, o que estão fazendo aqui






