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Capítulo 3

Author: Pequeno Monstro
Rebeca entrou no quarto de Breno e abriu as cortinas. A luz intensa inundou o ambiente limpo e organizado. A enorme cama de dois metros, com lençóis em tons de cinza claro, estava impecável. Breno repousava com uma postura impecável, mas franziu as sobrancelhas ao ser atingido pela claridade repentina.

Rebeca se aproximou e ajoelhou-se ao lado da cama.

O corpo de Breno ficou levemente tenso, e sua respiração, antes tranquila, tornou-se mais acelerada. Ele ainda não havia aberto os olhos, mas já estava desperto.

Rebeca inclinou-se mais perto e deixou seus dedos deslizarem lentamente pelo nariz bem delineado de Breno. Num movimento repentino, Breno levantou a mão e agarrou firmemente os dedos dela, impedindo que continuasse. Seus olhos permaneceram fechados, mas seu peito subia e descia com força.

Rebeca tentou soltar os dedos, mas Breno apertou ainda mais, sem intenção de soltá-los.

O gesto inesperado fez o rosto de Rebeca corar. Misturando vergonha e uma pontada de satisfação, ela sorriu timidamente:

— Breno, acorda.

Ao ouvir a voz de Rebeca, Breno franziu ainda mais as sobrancelhas e abriu os olhos. No instante em que seus olhos encontraram os dela, suas pupilas se contraíram. Como se tivesse sido queimado, ele soltou a mão dela imediatamente.

Breno sentou-se rapidamente, fazendo o cobertor de seda cinza escorregar até sua cintura. Sua expressão ficou ainda mais fria ao perceber a situação.

— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ele, com um tom seco, enquanto olhava para Rebeca com uma mistura de irritação e desconfiança.

Rebeca, ciente da obsessão de Breno por limpeza, levantou-se apressadamente e deu alguns passos para longe da cama.

— Ontem à noite, você esqueceu o paletó no clube. Passei por aqui e resolvi trazê-lo.

Breno abaixou a cabeça e bagunçou os cabelos curtos com os dedos:

— Leve embora. Jogue fora.

Ele estava furioso consigo mesmo. Por um momento, acreditou que Hana tinha entrado no quarto e tocado seu nariz.

Rebeca franziu a testa, confusa:

— Ninguém usou o paletó. Por que jogá-lo fora? É uma peça cara.

Breno ignorou a pergunta dela. Ele se lembrou da noite anterior, quando entrou no camarote com os olhos vendados. Quando finalmente tirou a venda, uma das dançarinas estava esfregando o corpo no dele, e o perfume barato a fez parecer ainda mais desagradável. Naquele momento, ele se sentiu enojado. Logo depois, Hana havia entrado no camarote com os amigos, o que gerou todo o mal-entendido.

Sem paciência para explicar, Breno lançou um olhar frio para Rebeca:

— Você se lembra do que eu disse antes do meu casamento?

Rebeca hesitou, mas assentiu.

Claro que ela se lembrava. Antes do casamento, Breno havia deixado claro para todos os amigos: ninguém deveria ir à sua casa sem um convite direto dele.

— Lembro.

— Então por que você veio? — Perguntou Breno, pegando o celular no criado-mudo e verificando a hora. — Não sabe usar um celular?

Rebeca começou a ficar desconfortável. Sabia que Breno era incrivelmente perspicaz, e suas pequenas manobras nunca passavam despercebidas por ele:

— Eu só estava curiosa. Queria conhecer sua casa.

Breno ficou em silêncio por um momento. Então, jogou o cobertor de lado, levantou-se e saiu do quarto sem dizer mais nada, passando por Rebeca.

Rebeca o seguiu até a sala.

Breno foi direto até a porta da entrada, abriu-a e ficou ao lado, esperando que ela saísse. Sua expressão e postura deixavam clara a mensagem.

Rebeca fez um biquinho e ficou parada no lugar.

— Você já viu tudo o que queria ver. Sua curiosidade foi satisfeita. Pode ir agora. — Disse Breno com indiferença.

— Nem um café você me oferece? É assim que trata uma visita?

— O café está na cafeteria à esquerda, no térreo. Beba quanto quiser e mande a conta para mim. — Breno estreitou os olhos e, com um tom levemente ameaçador, acrescentou. — Se houver próxima vez, jogarei você pela varanda.

Embora fossem amigos de longa data, Rebeca sabia que Breno não tolerava abusos de sua paciência. Sem querer arriscar, ela saiu rapidamente. Quando olhou para trás, viu a porta se fechando na mesma hora.

Breno foi até a cozinha e tirou um copo de água gelada da geladeira. Ele deu um longo gole, sentindo o frio atravessar seu corpo. Ficou parado ao lado da mesa de jantar, olhando para fora da varanda.

A luz da manhã iluminava o horizonte. O céu estava límpido, e o sol nascente projetava uma luz quente sobre sua expressão. Aquele cenário sereno contrastava com a solidão que transparecia em seu olhar.

Ele se virou e notou a mesa posta. Sob uma tampa de vidro, havia dois pratos: um com torradas, outro com ovos. Ao lado, um copo de leite repousava sobre um guardanapo limpo.

Seu olhar escureceu. Ele voltou-se para a varanda e terminou a água em um único gole.

Dentro do apartamento, o robô aspirador girava silenciosamente pelo chão, enquanto a máquina de lavar funcionava sem fazer ruído.

A casa estava impecável e organizada. Mas o silêncio absoluto fazia o ambiente parecer morto, como uma água parada, fria e sem vida.

Hana caminhava rapidamente em direção ao Instituto de Pesquisa Medicinal. Após dez minutos de caminhada, ela estava prestes a entrar quando viu Larissa Lopes saindo apressada, com uma expressão de preocupação evidente.

— Hana, que bom que chegou. O macaco número 9 morreu.

Hana acelerou os passos, entrou no escritório, jogou a bolsa sobre a cadeira e começou a vestir o jaleco enquanto se dirigia ao laboratório.

Larissa a seguiu de perto, com o tom de voz urgente:

— Ontem à noite, todos os indicadores estavam normais. Nunca imaginei que ele fosse morrer logo pela manhã.

— A nova droga ainda tem toxinas. — Resumiu Hana, enquanto abotoava o jaleco e caminhava com firmeza.

Larissa hesitou por um momento, mas logo tentou tocar em um assunto mais pessoal:

— E sobre a Dolores...

— Não fale dela comigo. — Interrompeu Hana, sem desviar a atenção do que fazia.

— E o Breno? Vocês dois...

— Larissa, estamos no trabalho. Não quero falar sobre minha vida pessoal.

Larissa suspirou, derrotada:

— Tudo bem, vamos falar de trabalho então. Nossa empresa está ficando sem dinheiro. O novo projeto está prestes a parar. Você não pode pedir um pouco de investimento para o seu marido rico?

A empresa farmacêutica delas era pequena, quase insignificante. No total, eram apenas quatro pessoas: Hana, Larissa, uma funcionária responsável pelas vendas e um contador. Larissa, que se autointitulava gerente, na prática fazia o trabalho de assistente. Já Hana era a fundadora da empresa, responsável por toda a pesquisa e desenvolvimento de medicamentos.

Hana sempre foi vista como a “boa menina” pelos outros: obediente, inteligente e dedicada.

Na escola, ela era a estrela brilhante, a aluna exemplar, com notas impecáveis e uma beleza que a tornava inalcançável para muitos.

Ela escolheu estudar farmacologia e, ainda na universidade, começou a pesquisar medicamentos para doenças raras. Até aquele momento, já havia registrado duas patentes de medicamentos.

Com os lucros dessas patentes, Hana conseguiu abrir sua própria empresa farmacêutica e fundar o Instituto de Pesquisa Medicinal, que, embora pequeno, era a realização de seu sonho.

Ao entrar no laboratório, Hana colocou as luvas e começou a examinar o corpo do macaco morto na incubadora. Sem desviar os olhos de seu trabalho, ela respondeu de forma despreocupada:

— Pode pedir investimento para qualquer pessoa, menos para ele.

Larissa cruzou os braços, irritada:

— Se continuarmos assim, nem o salário da vendedora vamos conseguir pagar.

— Se for o caso, eu vou dar aulas na faculdade de medicina para ganhar um extra e pagar os salários.

Larissa arqueou as sobrancelhas, desafiadora:

— E o meu salário?

Hana levantou a cabeça, olhando diretamente para ela, e sorriu com ironia:

— Eu me caso com você?

Larissa, aliviada ao ver um sorriso no rosto de Hana, que havia passado o dia com uma expressão sombria, relaxou:

— Por mim, tudo bem.

Ao cair da noite, as luzes da cidade se acendiam, iluminando o céu nublado. Uma garoa fina caía sobre as ruas, refletindo as cores brilhantes dos letreiros de neon.

Depois do trabalho, Hana passou no mercado, comprou alguns ingredientes e voltou para casa. Preparou uma refeição simples para uma só pessoa. Após o jantar, leu um pouco e, às dez horas em ponto, foi se deitar.

Ela e Breno tinham rotinas completamente diferentes. Quando Hana ia dormir, Breno ainda não havia chegado em casa. Quando ela acordava para trabalhar, ele ainda estava dormindo. Nos finais de semana, quando se encontravam ocasionalmente, ambos evitavam o contato, como se quisessem escapar do desconforto de estar no mesmo ambiente.

Hana adormeceu pouco depois de deitar. Mas, em meio ao sono leve, foi despertada pelo som do toque do celular.

Ela tateou o aparelho na escuridão, os olhos semicerrados de sono, até que a luz da tela iluminou seu rosto.

O nome de Breno apareceu no visor.

De repente, Hana ficou completamente desperta. Sentou-se rapidamente, surpresa. Desde que haviam se casado, aquele número nunca havia tocado em seu celular.

A ligação inesperada a deixou nervosa. "Por que ele está me ligando a essa hora?"

Era quase onze da noite, e eles moravam sob o mesmo teto. Algo estava errado. Hana respirou fundo antes de atender e levou o telefone ao ouvido. Sua voz saiu macia e hesitante:

— Aconteceu alguma coisa?

Do outro lado da linha, a voz de Breno soou rouca, carregada de tristeza:

— Meu avô se foi. Faça as malas. Vou passar para te buscar.

— Se foi? — Hana, ainda atordoada pelo sono, demorou alguns segundos para entender o que ele queria dizer.
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