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All Chapters of A Tentativa de Reconciliação no Divórcio: Chapter 1 - Chapter 10

100 Chapters

Capítulo 1

Na noite do aniversário de vinte e seis anos de Hana, não houve surpresa, apenas decepção. Cercada por algumas amigas, ela empurrou a porta de um clube, onde a iluminação era fraca e a música tinha um tom provocante. Mulheres vestidas de forma sensual dançavam de maneira sugestiva, exibindo movimentos ousados. A cena era um retrato perfeito de decadência: luxúria, excessos e hedonismo.— Ah... Entramos no lugar errado. — Dolores Nunes segurou o braço de Hana. — Hana, nossa sala privada é na porta ao lado.Hana afastou a mão de Dolores e olhou calmamente para Breno, que estava sentado no sofá. Mas, por dentro, era como se uma mão invisível estivesse apertando seu coração com força. Cada respiração trazia uma dor surda e tudo ao seu redor parecia embaçado.Eles estavam casados há dois anos. Hana sabia das inúmeras fofocas envolvendo Breno, de suas aventuras e excessos. Mas ver aquilo com os próprios olhos era algo que a encheu de indignação e tristeza.Breno também a viu. No entanto, ele

Capítulo 2

Breno empurrou Hana contra a parede com tanta força que suas costas doeram imediatamente. Ele era alto, e sua figura robusta parecia uma montanha intransponível diante dela. Com uma das mãos, ele segurou os pulsos de Hana acima de sua cabeça, pressionando-os contra a parede, imobilizando-a completamente.Breno inclinou o corpo, aproximando seu rosto do dela. Seus olhos frios e cortantes estavam na mesma altura dos de Hana. Com sua outra mão, ele segurou firmemente o queixo dela, forçando-a a levantar o rosto.O coração de Hana batia descompassado. Sua respiração estava tomada pelo leve cheiro de álcool que vinha de Breno, e a dor em seu rosto só aumentava devido à pressão de seus dedos. Assustada e desconfortável, ela olhou para ele, sua mente tomada por um misto de pavor e inquietação.Era a primeira vez, em dois anos de casamento, que Hana estava tão próxima de Breno. Foi também a primeira vez que conseguiu observar, com tanto detalhe, suas sobrancelhas grossas e bem definidas, os ol

Capítulo 3

Rebeca entrou no quarto de Breno e abriu as cortinas. A luz intensa inundou o ambiente limpo e organizado. A enorme cama de dois metros, com lençóis em tons de cinza claro, estava impecável. Breno repousava com uma postura impecável, mas franziu as sobrancelhas ao ser atingido pela claridade repentina.Rebeca se aproximou e ajoelhou-se ao lado da cama.O corpo de Breno ficou levemente tenso, e sua respiração, antes tranquila, tornou-se mais acelerada. Ele ainda não havia aberto os olhos, mas já estava desperto.Rebeca inclinou-se mais perto e deixou seus dedos deslizarem lentamente pelo nariz bem delineado de Breno. Num movimento repentino, Breno levantou a mão e agarrou firmemente os dedos dela, impedindo que continuasse. Seus olhos permaneceram fechados, mas seu peito subia e descia com força.Rebeca tentou soltar os dedos, mas Breno apertou ainda mais, sem intenção de soltá-los.O gesto inesperado fez o rosto de Rebeca corar. Misturando vergonha e uma pontada de satisfação, ela sorr

Capítulo 4

Os avós de Breno, ambos professores universitários, nunca gostaram da vida na cidade. Após a aposentadoria, escolheram morar no interior. Tinham uma saúde excelente e costumavam viajar com frequência, explorando montanhas e conhecendo novos lugares.Se foi. Mas foi para viajar ou...— Estou a vinte minutos da entrada do condomínio. Arrume algumas roupas para mim. — A voz de Breno estava séria, com uma melancolia que Hana nunca havia ouvido antes.Se ele fazia tanta questão de que ela fosse junto, certamente não era algo trivial.— Tudo bem. — Hana respondeu rapidamente, desligou o telefone e saiu da cama para começar a arrumar as coisas.Ela vestiu-se o mais rápido que pôde e pegou uma bolsa de viagem, onde colocou algumas roupas. Logo depois, correu até o quarto de Breno.Sem encontrar a mala dele, e com o tempo apertado, ela decidiu não se preocupar se Breno se importaria ou não. Pegou algumas roupas dele e as colocou junto com as dela na mesma bolsa.Poucos minutos depois, Hana já e

Capítulo 5

O sol já estava se pondo.Hana sentava-se em um banco no jardim da frente, ao lado de Renata e de um grupo de mulheres da vila. Enquanto faziam coroas de flores, escutavam a missa fúnebre conduzida pelo padre local.Onde havia mulheres, havia também as principais notícias da vila. As conversas iam desde casos de traição até quantos filhotes a cadela da esquina havia dado à luz. Nada escapava.— Por que o enterro do seu avô ainda não aconteceu? — Perguntou uma das mulheres, dirigindo-se a Hana.Hana balançou a cabeça, dando de ombros:— Não sei.Renata inclinou-se discretamente para Hana, abaixando a voz e lançando olhares ao redor, como se temesse que alguém a ouvisse:— Vinicius Moura ainda não voltou. Ouvi dizer que ele foi escalar alguma montanha e só vai chegar em alguns dias.— Só daqui a alguns dias? — Comentou outra mulher, franzindo o nariz com desdém. — Aqui na vila, a gente não deixa o corpo do falecido esperando tanto tempo. Que irresponsável.Vinicius era o meio-irmão de Br

Capítulo 6

Ao amanhecer, Vinicius finalmente chegou. Ele tinha um corpo alto e magro, vestia preto da cabeça aos pés e usava botas curtas que se destacavam. Seus cabelos eram médios, levemente ondulados, e seu rosto tinha traços que lembravam Breno, mas com um toque de charme rebelde e desleixado.Vinicius jogou a bolsa preta que carregava no chão e ajoelhou-se diante do caixão do avô. Ele fez uma reverência, encostando a testa no chão.Com todos os membros da família reunidos, o padre não perdeu tempo em começar a cerimônia de despedida.Os membros da família Moura lideraram a procissão, posicionados na frente. Rebeca, que era uma “de fora”, insistiu em ter o mesmo tratamento que Hana e pediu para ficar próxima aos familiares.Depois de muita insistência, os membros da família cederam. Durante o cortejo, Rebeca caminhou ao lado de Breno, enquanto Hana, isolada, ficou mais para trás, acompanhando Renata e outras mulheres da vila.O corpo do avô foi levado ao crematório, e as cinzas foram deposita

Capítulo 7

Breno ignorou as palavras de Vinicius e colocou a mão na maçaneta, pronto para sair da cozinha.— Irmão, deixe ela para mim. — A voz de Vinicius suavizou, agora carregada de um tom de súplica. — Eu gosto dela. Desde a primeira vez que você a trouxe para casa, há dois anos, eu fiquei completamente encantado por ela.O movimento de Breno parou no meio do caminho. Seu corpo ficou rígido, e ele permaneceu de costas para Vinicius, com uma aura densa e sombria ao seu redor.— Eu, Vinicius, nunca pedi nada a ninguém na vida. — Ele se levantou com dificuldade, limpando o sangue no canto da boca com os dedos. — Mas estou pedindo a você, irmão.Apesar do tom sempre provocativo de Vinicius, aquele pedido tinha um peso diferente. A palavra "irmão" saiu misturando submissão e um traço de afeição.Breno respirou fundo, controlando a raiva que ainda borbulhava dentro dele. Sua voz saiu baixa e firme:— Qualquer coisa eu posso abrir mão para você, mas dela, nunca.Sem dizer mais nada, Breno abriu a po

Capítulo 8

Hana afastou rapidamente o celular do ouvido. Ela não queria ouvir mais nenhum insulto. Aqueles xingamentos eram os mesmos que ela já tinha escutado milhares de vezes antes.Sempre que eles não conseguiam dinheiro, tiravam do baú as velhas mágoas e as usavam como armas para atacá-la.Hana havia nascido em uma região extremamente pobre, em meio às florestas tropicais. Seus pais eram analfabetos, e o sustento da família vinha apenas da pesca, realizada por seu pai.Seus pais tinham uma mentalidade extremamente machista e valorizavam muito mais os filhos homens. Eles haviam tido pelo menos dez filhas, mas, com exceção da mais velha, venderam todas as outras.Hana e seu irmão, Simão Pires, eram gêmeos fraternos e os caçulas da família, com uma diferença de mais de dez anos em relação à irmã mais velha.Quando Hana tinha seis anos, seus pais decidiram vendê-la para conseguir algum dinheiro. Foi Simão quem a segurou nos braços com todas as forças, impedindo que levassem sua irmã mais nova.S

Capítulo 9

As palavras de Breno foram como um tapa no rosto de Hana. Toda a pequena esperança que ela ainda tinha se desfez naquele instante. Um nó de mágoa e raiva apertou seu coração, que parecia doer a cada batida. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela, sem conseguir evitar, sentiu-os arder.Hana virou o rosto para o lado, olhando para a varanda, enquanto lutava com todas as forças para segurar o choro.Depois de alguns segundos, quando conseguiu recuperar o controle, ela voltou a encará-lo e perguntou com firmeza:— É isso que você pensa de mim?Breno respondeu sem hesitação, com um tom frio e cortante:— Você é.As palavras dele a atingiram como uma nova facada. Hana sentiu como se um pedaço de seu coração tivesse sido arrancado. A dor era oca, mas intensa.— Então, segundo você, eu posso me divertir com quem eu quiser, e você pode fazer o mesmo. Vamos continuar com esse casamento sem interferências, é isso? — Perguntou ela, cheia de amargura e desespero, tentando provocá-lo.O rosto de

Capítulo 10

Rebeca sorriu e disse:— Podemos ir para algum lugar mais tranquilo e conversar a sós?Larissa, que conhecia bem o jeito gentil e pacífico de Hana, percebeu a possível armadilha e imediatamente se irritou.— Vadia, o que você quer aqui?A palavra ofensiva fez o rosto de Rebeca endurecer instantaneamente. Ela lançou um olhar de desagrado para Larissa, claramente surpresa com a falta de educação da amiga de Hana.Larissa, com os braços cruzados, continuava a encará-la com raiva.Hana levantou-se, pegou sua bolsa e tentou acalmar a situação, puxando levemente a mão de Larissa:— Larissa, eu vou sair um instante.Larissa suavizou o tom, preocupada:— Hana, você sabe que ela está tramando alguma coisa. Não vá com ela.— Não se preocupe. — Hana respondeu, tentando tranquilizá-la enquanto dava um leve tapinha no braço da amiga.O céu, pouco antes do horário do almoço, estava tão escuro quanto o final da tarde. Nuvens pesadas cobriam o horizonte, e um vento fresco soprava pelas ruas, anunciand

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