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Adeus, Esposa do Bilionário
Adeus, Esposa do Bilionário
Author: Nina Prado

Capítulo 1

Author: Nina Prado
Durante três anos de casamento em segredo, era assim que eles cumpriam as obrigações de marido e mulher.

No quinto dia daquele mês, como sempre, Henrique Carvalho mandara o mordomo buscar Cristiane Pereira e levá-la à mansão Solar do Mar.

Ela sempre gostara daquele jardim coberto por lírios brancos em plena floração. O perfume doce espalhava-se pelo ar, como se fosse um sonho etéreo. Mas, dessa vez, não viera apenas para o encontro de sempre. O prazo de três anos havia chegado ao fim e ela precisava se divorciar dele naquela noite, custasse o que custasse.

Quando entrou no quarto, Henrique acabava de sair do banheiro.

Estava com o torso nu, ombros largos, cintura estreita, o corpo perfeito em forma de triângulo invertido. Cada músculo parecia carregado de força. Usava apenas uma toalha frouxa na cintura, da qual escorriam gotas de água ao longo da pele quente e firme. Os gomos do abdômen se destacavam, e a linha profunda que descia até a toalha instigava a imaginação.

O rosto dele era como uma obra-prima esculpida com crueldade pela própria criação.

Naquele instante, os lábios cerrados, levemente vermelhos pelo calor do banho, não transmitiam suavidade, apenas frieza. Era um aviso silencioso para que ninguém se aproximasse.

De repente, Henrique a tomou nos braços e a carregou até a cama.

Cristiane soltou um grito suave e, por instinto, agarrou-se ao pescoço dele.

Sem dizer palavra, ele inclinou-se e tomou-lhe os lábios num beijo voraz, enquanto as mãos já puxavam o tecido do vestido dela.

O cheiro amadeirado de cedro, misturado ao leve aroma de álcool, envolvia Cristiane e a deixava tonta.

Naquela noite, como sempre, ele estava apressado, bruto nos gestos. Beijava-a com força, como se quisesse devorá-la inteira.

A temperatura do quarto subia rapidamente. O ar parecia mais denso, impregnado de desejo.

E então os dois se fundiram, mais uma vez...

Nos dias cinco e vinte e cinco de cada mês, era quando Henrique e Cristiane se encontravam para cumprir o acordo conjugal. O mordomo ia buscá-la e a trazia ao Solar do Mar, mas nunca viviam juntos.

O contrato estava chegando ao fim. No fundo da bolsa, o documento de divórcio lhe lembrava: aquele era o destino de seu casamento.

Sua vida só pertencia a ele por três anos.

Naquela madrugada, Cristiane acordou com fome. Ao seu lado, o homem já havia desaparecido, nem mesmo o calor do corpo dele permanecia nos lençóis.

Exausta, com o corpo dolorido, levantou-se com esforço, vestiu um robe e desceu as escadas.

No térreo, o mordomo apressou-se em recebê-la.

— Dona Cristiane, a senhora acordou. Deve estar com fome, né? O senhor Henrique mandou preparar um mingau de aveia com leite antes de sair.

— Está bem, obrigada. — Respondeu ela com calma.

Cristiane sentou-se à mesa e começou a tomar o mingau quente, devagar, sem pressa.

Enquanto comia, pegou o celular e deslizou a tela distraidamente. De repente, surgiram algumas manchetes entre os assuntos mais comentados:

"O magnata Henrique organiza festa milionária de aniversário para a herdeira do Grupo Mendes."

"Está para acontecer: Henrique Carvalho e Maria oficializam romance na França."

As pupilas dela se contraíram. A notícia a atingiu em cheio.

"Maria!

Então esse era o nome de amor que ele sempre carregara no coração."

De repente, tudo fez sentido. A mansão Solar do Mar, que sempre lhe parecera tão bela, era, na verdade, uma lâmina afiada que dilacerava seus sentimentos. Aquele "Mar" ... Era para Maria.

Os olhos de Cristiane ficaram úmidos enquanto fixava a foto do marido, Henrique, com aquele rosto perfeito, único, estampado em todos os portais. Ele aparecia sorridente, com uma mulher nos braços.

Durante tanto tempo, ela acreditara que ele simplesmente não sabia sorrir, que nascera frio, inacessível. Mas não: ele só não sorria para ela.

No pescoço de Maria brilhava um colar de jade vermelho em forma de lírio, a peça que sempre fora o sonho de Cristiane... E que agora feria seus olhos como uma lâmina em brasa.

Ela pousou a colher, levantou-se e subiu para o quarto.

Ao encarar a cama ainda desarrumada, os olhos dela se encheram de gelo. Aquele homem parecia ter energia inesgotável: à tarde passara horas na cama com ela e, à noite, já estava no exterior, celebrando o aniversário da amante.

Dez minutos depois, Cristiane desceu e pediu ao mordomo que a levasse para casa. Não pisaria mais ali.

De volta ao apartamento, tirou da bolsa o contrato de divórcio. Folheou as páginas com um suspiro amargo. Estava pronto havia um mês, aguardando apenas o momento certo de entregá-lo a Henrique. Mas, naquela noite, ele simplesmente desaparecera.

No dia seguinte, já passava do meio-dia quando o toque insistente do telefone a despertou.

Na tela, dezenas de chamadas não atendidas de sua melhor amiga, Vitória Silva. O coração de Cristiane disparou.

"O que teria acontecido?"

Ligou de volta às pressas.

— Menina! Até que enfim você me atende! Eu achei que tivesse feito alguma loucura, me matou de susto! — Vitória desabafou, quase ofegante.

Cristiane esfregou a testa, com um sorriso cansado.

— Fica tranquila. Eu amo a vida, não sou de desperdiçar nada.

Uma noite de sono bastara para aliviar parte do aperto no peito.

— Espera aí. Eu vou pegar o primeiro voo. Quero te ver agora mesmo. — Disse Vitória com urgência.

— Está bem. Eu espero por você.

Quando desligou, Cristiane ficou encarando o teto, com uma sensação vazia dentro de si.

Na mente, surgiram lembranças em sequência. Fragmentos de uma vida inteira ao lado de Henrique.

"Na escola, ele avançara de série, e eu corri atrás, sem hesitar.

Quando se mudou para o exterior, eu fui também.

Ele escolheu medicina, e eu, sem pensar duas vezes, também.

No dia em que caiu no mar, eu me joguei atrás dele...

E, mesmo assim, ele não tem nenhuma lembrança de mim."

Três anos atrás, após o acidente de carro que o deixara cego, correu o boato de que o grande amor de sua vida havia partido para fora do país.

Foi nesse momento que ela apareceu.

Naquela época, quando a senhora Elisa estava à beira da morte, usara todas as suas conexões para casar Cristiane com a família Carvalho.

Desde o início, Henrique a rejeitara com todas as forças. Mais tarde, graças a uma artimanha do avô, o senhor Fernando, acabaram se tornando de fato marido e mulher. E daí em diante começara a pressão constante para que tivessem filhos. Foi assim que Henrique aceitara aquele acordo de duas noites por mês.

Ela se lembrava bem: apenas no segundo ano de casamento os olhos de Henrique voltaram a enxergar. E, quando a fitara pela primeira vez, emanava frieza, o rosto marcado pelo desprezo.

Cristiane acreditara que poderia aquecer aquele coração gelado.

Mas descobriu que a chama nunca estivera nela.

O toque insistente do telefone a trouxe de volta das lembranças.

Atendeu, mas do outro lado ouviram-se apenas duas frases curtas antes da ligação cair. Era Bianca, a mãe de Henrique, ordenando que ela fosse imediatamente à mansão da família.

Um pressentimento ruim percorreu-lhe o corpo. Sem tempo de pensar muito, levantou-se depressa da cama.

Às quatro da tarde, Cristiane já chegava à casa da família Carvalho.

A família Carvalho era o clã mais poderoso da Cidade A. Donos de um império, o senhor Fernando tivera dois filhos e duas filhas. Henrique, como neto mais velho do ramo principal, sempre recebera atenção especial.

Assim que Cristiane entrou no salão, Bianca levantou-se de repente.

Lançou a ela um olhar cortante e cheio de veneno.

— Foi você que foi se queixar para o meu pai, não foi? Quem diria... Sempre tão calada, mas agora resolveu agir pelas sombras?

Cristiane encarou a sogra, suportando aquele ódio explícito. Seus lábios se entreabriram com calma.

— Senhora Bianca, não sei do que a senhora está falando.

— O Rick está no escritório. Foi castigado. — Respondeu Bianca com olhar gélido.

Ao sinal dela, o mordomo levou Cristiane escada acima.

Já perto do escritório, os gritos ecoavam pelo corredor.

— Ingrato! Ainda ousa me enfrentar? Quer me matar de raiva?

O senhor Fernando berrava, tão furioso que parecia prestes a explodir.

— Vovô, um casamento forçado nunca vai dar certo. O senhor mesmo prometeu: se em três anos Cristiane não engravidasse, eu poderia me divorciar e me casar de novo!

— Moleque insolente! Ainda ousa falar em divórcio? Enquanto for marido de Cristiane, não vou admitir mais nenhum escândalo com aquela tal de Maria. Vai soltar uma nota agora mesmo, deixando tudo claro!

— O que falam na internet eu não consigo controlar. Para que se importar tanto, vovô?

— Eu te quebro todo! — A voz furiosa ecoava lá de dentro, misturada ao barulho de móveis sendo arrastados e objetos caindo.

Cristiane respirou fundo, ajeitou as próprias emoções e então bateu suavemente à porta.

Quando a porta se abriu, Fernando ficou visivelmente surpreso ao vê-la.

— Cris, você veio!

— Vovô, não se irrite assim, vai acabar fazendo mal à sua saúde. — Ela o apoiou pelo braço, conduzindo-o de volta para dentro, enquanto lhe oferecia um sorriso doce e tranquilizador.

— O que está esperando? — A voz de Fernando soou dura, implacável. — Peça desculpas à Cris agora mesmo!

Henrique apertou os lábios, o desprezo estampado no rosto. Aquela notícia, que viera a público justamente ao fim dos três anos de casamento, fora calculada. Ele acreditava que a mulher teria o bom senso de se retirar sozinha.

— Vovô. — Disse Cristiane com calma. — Quero conversar com o Rick a sós.

O senhor Fernando entendeu o recado e deixou o cômodo.

Cristiane olhou firme para Henrique.

— Henrique, vamos nos divorciar. Você está livre.

Henrique arqueou as sobrancelhas, surpreso, encarando-a como se fosse um ser estranho.

Esperava que ela fizesse um escândalo, que chorasse diante do avô, ao menos que buscasse apoio. Mas não. Ela dissera "divorciar" como quem fala do tempo.

Ela estava mesmo disposta a abrir mão do posto da sua esposa?

— Podemos resolver primeiro no cartório. — Completou ela. — Depois, quando for conveniente, você explica ao seu avô.

Henrique ficou em silêncio por alguns segundos antes de soltar, frio:

— E o que você quer em troca?

— Nada. Que acabe bem, é o suficiente. — Respondeu Cristiane sem hesitar. Pegou da bolsa os papéis já preparados e os colocou sobre a mesa.

Ele soltou uma risada curta, desdenhosa, e os olhos gelados a prenderam como garras.

— Já que você tem noção do seu lugar, não sairá prejudicada. Amanhã de manhã, na empresa, eu assino. Mandarei o jurídico preparar o contrato.

O recado era claro: não cabia a ela decidir os termos.

— Está bem. Estarei lá. — Disse Cristiane, impassível, lançando a ele apenas um olhar breve antes de sair do escritório.

Para ela, encerrar de forma digna era o último respeito que ainda podia oferecer àquele casamento.

Naquela noite, Cristiane permaneceu na casa da família Carvalho para o jantar. Antes de partir, abraçou o senhor Fernando com carinho e, em seguida, dirigiu-se até o carro.

Foi então que o céu se fechou e a chuva caiu fina, como um lamento.

Deu apenas alguns passos quando uma fisgada a atingiu no ventre. Um calor súbito escorreu entre suas pernas.

Sangue...
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