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Adeus, Pai Estúpido e Filho Idiota
Adeus, Pai Estúpido e Filho Idiota
Author: Surpresa da Primavera

Capítulo 1

Author: Surpresa da Primavera
Sandra estava deitada na cama, completamente exausta, enquanto sentia a frieza do aparelho de ultrassom deslizar por seu abdômen, que doía levemente.

— Meu bebê... ele ainda está aqui? — Perguntou Sandra com a voz trêmula.

— É um aborto iminente. O seu bebê não sobreviveu. — Respondeu o médico, suspirando com pesar.

Sandra agarrou os lençóis com força, seus dedos cravando-se no tecido, enquanto uma dor lancinante atravessava seu coração.

— Mesmo que o bebê tivesse sobrevivido, eu não recomendaria que você levasse essa gravidez adiante. Você inalou uma quantidade significativa de fumaça tóxica no incêndio, e isso pode ter causado sérios danos ao feto. Dar à luz um bebê com problemas de saúde seria ainda pior. — Continuou o médico.

Duas horas antes.

O laboratório de pesquisa de energia renovável do Grupo Barros havia sido tomado por um incêndio. Sem hesitar, Sandra entrou no local em chamas para salvar o chip recém-desenvolvido.

Ela conseguiu salvar o chip, mas acabou inalando muita fumaça e desmaiou.

Quando Sandra foi levada às pressas para a sala de emergência, seu corpo estava coberto de arranhões, um sangramento intenso vinha da parte inferior do corpo e sua condição era chocante.

Exausta, depois de dias se dividindo entre a família e o trabalho, Sandra só descobriu naquele momento que já estava grávida de quase dois meses.

— Você ainda é jovem, terá outras chances de ter filhos. — Disse o médico, tentando confortá-la enquanto limpava seu corpo com cuidado. — Você está muito debilitada agora e precisa ficar internada para observação. Recomendo que avise seu marido para vir cuidar de você imediatamente.

Sandra tremia incontrolavelmente. Ela tentou se sentar na cama, mas hesitou antes de ligar para Pablo.

Dois dias antes, Pablo havia dito que viajaria aos Estados Unidos para fechar um projeto. O filho deles, Caio Barros, tinha pedido para ir junto, dizendo que queria visitar os parques temáticos de lá.

Sandra sabia que Pablo odiava ser incomodado enquanto trabalhava. Ele não havia ligado ou mandado mensagens nesses dois dias, o que significava que ele estava ocupado... certo?

Nesse momento, o celular de Sandra vibrou. Ela olhou para a tela e viu a mensagem enviada por sua meia-irmã, Mônica Neves.

Com dedos trêmulos, Sandra abriu a mensagem, e sua respiração parou.

Na foto, Mônica estava abraçando Caio, sorrindo alegremente enquanto fazia um gesto de coração com as mãos. Pablo, tão bonito como sempre, estava sentado ao lado deles.

O homem que se recusava até mesmo a tirar uma foto de casamento com Sandra, agora estava sorrindo para uma câmera ao lado de Mônica. Os lábios de Pablo estavam curvados em um sorriso discreto, algo raramente visto.

Na foto, eles pareciam uma família feliz.

[Mana, estou assistindo a um musical com Pablo e Caio! A Canção do Rouxinol não é o seu favorito? Eu vi primeiro, tá?]

O musical A Canção do Rouxinol era extremamente popular, com ingressos esgotados em todas as apresentações.

Sandra já havia sugerido várias vezes que gostaria de assistir ao espetáculo com Pablo, mas ele sempre a rejeitava friamente:

— Estou muito ocupado, não tenho tempo. Além disso, Caio ainda é pequeno e precisa de cuidar. Vamos deixar isso para outra hora.

Agora, Sandra finalmente entendeu: Pablo não estava ocupado. Ele simplesmente não queria ir com ela.

Os olhos de Sandra ficaram vermelhos, e a dor já insuportável em seu coração parecia ser apunhalada mais uma vez.

De volta ao quarto do hospital, Sandra resistiu à dor no abdômen enquanto se encolhia na cama. Ainda assim, ela não desistiu e decidiu ligar para Pablo.

O celular tocou várias vezes antes que a voz grave e fria do homem ecoasse do outro lado da linha:

— O que foi?

— Pablo, eu não estou me sentindo bem... Estou no hospital... Você pode voltar mais cedo? — Disse Sandra, com o rosto pálido e uma voz fraca.

— O projeto aqui ainda não foi fechado. Vou precisar de mais dois dias. Peça para o Edgar cuidar de você.

Edgar era apenas o mordomo da casa de Pablo.

Sandra apertou o celular com força:

— Pablo, você está com a Mônica agora?

— Sandra, você acha que faz sentido ficar me questionando assim? — Disse Pablo, irritado. — Faz cinco anos que eu te digo que não tem nada de errado entre mim e Mônica. Eu só a considero como uma irmã. Mesmo que eu estivesse com ela agora, e daí? Você está ficando cada vez mais sem noção. Está fingindo estar doente para me forçar a voltar?

— Papai, você está falando muito alto! Está atrapalhando eu e a tia Mônica! — A voz infantil e inocente de Caio interrompeu a conversa. — Não dá para você parar de falar com a mamãe? Ela é tão chata!

Antes que Sandra pudesse dizer qualquer coisa, Pablo desligou o telefone. Ele não deu a ela nem um pouco de paciência.

No quarto silencioso e vazio, Sandra se encolheu sob as cobertas, sentindo o frio invadir cada parte de seu corpo.

Três dias depois, Sandra decidiu sair do hospital antes do previsto.

O departamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D) do Grupo Barros ainda tinha muito trabalho pendente, e ela não conseguia relaxar sabendo disso.

Pablo dava muita importância ao lançamento do novo produto. Sandra desejava um bom resultado, afinal, ela havia trabalhado silenciosamente por dois anos inteiros para esse momento.

No fim da tarde, Sandra voltou para o Condomínio Lua Bela com o semblante exausto, sentindo que todo o seu corpo estava à beira do colapso. Assim que ela entrou na sala, ouviu risadas e vozes alegres.

Eram Caio e Mônica.

O coração de Sandra ficou apertado, e ela rapidamente se escondeu atrás de um vaso de plantas para espiar o que estava acontecendo.

No sofá, Mônica, com sua figura esguia, rosto delicado e traços doces, estava sentada entre Pablo e Caio. Sobre a mesa, havia um bolo de aniversário.

No pescoço de Mônica brilhava um colar de rubi, uma peça de uma marca de alta costura, um modelo raro e limitado em todo o mundo.

No mês passado, Sandra havia passado por uma vitrine no shopping e visto o colar. Ela gostou à primeira vista, mas o preço era absurdo, algo que ela jamais ousaria sonhar em ter. Agora, aquele colar estava pendurado no pescoço de Mônica.

— Pablo, obrigada pelo presente. Eu realmente adorei. — Mônica disse enquanto acariciava o pingente e olhava para o rosto forte e marcante de Pablo, seus olhos brilhando com uma doçura absoluta. — Este colar deve ter custado muito caro, não é? Por favor, não gaste tanto comigo. Eu já disse, presentes não importam. O que importa é o seu coração.

Pablo manteve sua expressão tranquila e respondeu com indiferença:

— Dinheiro não é problema. O importante é que você goste.

— Tia Mônica, feche os olhos! — Caio pediu com um sorriso animado.

Mônica imediatamente obedeceu. Caio, com suas pequenas mãos brancas, colocou uma pulseira de cristais coloridos no pulso dela:

— Prontinho!

— Ah, que linda! — Mônica exclamou com genuína surpresa.

Caio coçou a cabeça e sorriu timidamente:

— Eu escolhi cada pedrinha com muito cuidado. Levei um bom tempo para terminar. É meu presente de aniversário para você.

— Obrigada, Caio. Eu vou guardar esse presente para sempre e prometo cuidar muito bem dele. — Mônica inclinou-se e aproximou seus lábios rosados da testa de Caio.

Naquele momento, Caio levantou o rosto e a surpreendeu com um beijo na bochecha!

Caio havia herdado a personalidade fria e arrogante de Pablo. Ele raramente demonstrava afeto por Sandra, sua própria mãe. No entanto, Mônica parecia conquistar com facilidade o carinho que Sandra tanto desejava, mas nunca conseguiu.

O coração de Sandra parecia ser o limão mais azedo do mundo, espremido por mãos gigantes e esmagado sem piedade. Seus órgãos internos estavam encharcados de amargura, e a dor a consumia.

Os olhos de Caio brilhavam enquanto ele dizia com seriedade:

— Tia Mônica, você está fraca de saúde. De agora em diante, eu e meu pai vamos protegê-la, cuidar de você e te defender de tudo, está bem?

— Está bem. Vou contar com você daqui para frente. — Mônica respondeu com o rosto levemente corado, lançando um olhar tímido para Pablo ao seu lado.

Pablo, com um sorriso nos lábios, cortou um pedaço de bolo e entregou para Mônica com suas próprias mãos.

Essa cena tirou o que restava da cor no rosto já pálido de Sandra. Ela quase não conseguia se manter de pé.

O homem que Sandra amava com todo o seu coração estava comemorando o aniversário de outra mulher. Sandra quase deu a própria vida para trazer ao mundo o Caio, mas o filho jurava proteger a mulher que havia roubado tudo de Sandra.

Com os olhos vermelhos e um sorriso amargo, Sandra decidiu, sem hesitar, deixar para trás a prisão de um casamento que a havia aprisionado por cinco anos.

Do lado de fora da mansão, a chuva caía em uma melodia constante.

Sandra, completamente encharcada, parou na calçada e discou um número que não ligava havia muito tempo. Do outro lado da linha, uma voz masculina contente respondeu:

— Senhorita! Há quanto tempo! Como você está?

Sandra riu levemente, seus olhos brilhando com uma determinação fria e implacável:

— Estou bem. Vou me divorciar.

— O quê?

— Por favor, me ajude a redigir um acordo de divórcio. Quanto mais rápido, melhor.
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