Apocalipse de Calor: Sobrevivi com Meu Marido Bestial

Ao abrir os olhos, percebi que já não havia aquele calor sufocante ao meu redor.

A dor de ter meu sangue drenado e ser estrangulada até a morte na vida passada ainda estava vívida em minha memória.

Olhei para Gélido ao meu lado e estremeci.

De acordo com a tradição da Tribo Bestial, deveria-se casar com aquele que salvou sua vida.

Eu deveria ter me casado com Flamejante, mas como Ursula desprezava a aparência assustadora de Gélido, tomou para si Flamejante que eu havia salvo.

No entanto, um mês depois, o clima global começou a esquentar e chegou o apocalipse do calor extremo.

Gélido, como o próprio nome indica, possuía um poder extraordinário de resfriamento, podendo fazer a temperatura despencar num raio de três metros ao seu redor.

Já Flamejante era o oposto de Gélido.

Na vida passada, Ursula tomou meu Flamejante e acabou morrendo no apocalipse de calor.

Quanto a mim, graças ao poder extraordinário de Gélido, não sofri com o calor.

Ursula acreditou que eu lhe tirara a chance de sobreviver e, antes de morrer queimada, incitou Gélido a me matar.

Nesta vida, assim que renasci, estava prestes a dizer que levaria Flamejante comigo.

Mas Ursula me interrompeu.

— Gélido foi eu quem chocou! Quero Gélido! Flamejante pode ficar com você!

Ao ver Ursula se apressando para segurar o braço de Gélido, compreendi de imediato que ela também havia renascido.

Sorri de canto. Eu justamente estava preocupada em como tomaria Flamejante de Ursula.

Ursula sabia apenas que Gélido tinha o poder de resfriamento, mas não sabia que esse poder extraordinário precisava ser mantido com o consumo diário de sangue humano fresco.

Além disso, as presas de Gélido eram venenosas; cada vez que sugava sangue, era uma verdadeira tortura.

O veneno injetava-se nas veias, tornando a vida pior do que a morte.

Na vida passada, quando Ursula instigou Gélido contra mim, eu já estava à beira da morte após ser drenada.

De certo modo, devo agradecer a Ursula por me proporcionar um fim rápido.

Então, desta vez, deixarei que Ursula prove como é ser sugada todos os dias pelas presas de Gélido.

Na vida passada, quando levei Gélido comigo, ela não ficou satisfeita — apenas aceitou por causa das regras da Tribo Bestial, tornando-se meu marido a contragosto.

Mas desta vez, ao ouvir Ursula dizer que queria levá-lo, Gélido nem esperou minha resposta: correu imediatamente para o lado dela, soltando a língua em desdém.

Quando olhei para ele, Gélido falou com desprezo:

— Giselle, já que Ursula disse que vai me levar para casa, agora sou dela. Não venha mais atrás de mim.

Semicerrei os olhos. Pelo visto, não apenas Ursula e eu renascemos.

Ursula, ouvindo Gélido, olhou para mim com ar de triunfo.

— E então, Giselle, essa é a escolha de Gélido. Leve Flamejante para casa.

— Claro, Ursula. Se é isso que você quer, como irmã, não tenho como recusar um pedido seu.

Ao passar por mim, Ursula lançou-me um olhar de desdém e sussurrou ao meu ouvido:

— Giselle, você ainda não sabe, mas o apocalipse do calor está para chegar. Se você se ajoelhar aos meus pés e implorar, talvez eu considere te emprestar Gélido por alguns dias.

Sorri por dentro. Ela provavelmente ainda não sabe por que Gélido a escolheu.