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Após 3 Anos Como Serva, Me Imploram de Joelhos
Após 3 Anos Como Serva, Me Imploram de Joelhos
Author: Moky

Capítulo 1

Author: Moky
Reino de Pallacera, 28 de dezembro. Um dia gélido e congelante.

Mariana tinha acabado de lavar a última peça de roupa da manhã, suas mãos estavam roxas e dormentes do frio. Antes de ter tempo de secá-las, ouviu a velha supervisora da Lavanderia Imperial chamá-la:

— Mariana, rápido! Alguém da Casa do Marquês Lovante veio te buscar!

Ela ficou paralisada.

Casa do Marquês Lovante. Um nome tão familiar e, ao mesmo tempo, tão distante.

Ela havia sido a jovem herdeira daquela casa por quinze anos, até que, três anos atrás, foi informada de que era uma impostora. Por interesse próprio, a ama que fez o parto trocou o bebê da Marquesa pelo próprio bebê, e só revelou a verdade no leito de morte.

Mariana se lembrava claramente do dia em que Décio Lovante e Natália Ferraz encontraram sua verdadeira filha, Amanda Lovante. Eles choraram, se abraçaram e riram entre lágrimas, enquanto Mariana apenas observava, sem saber o que fazer. Ela não conseguia compreender, como essas duas pessoas que ela chamou de pai e mãe por quinze anos, de repente, não eram mais seus pais?

Talvez por ver sua tristeza, Décio prometeu que ela continuaria sendo filha da casa, até mandou Amanda chamá-la de irmã. Natália também disse que continuariam a amá-la como filha.

Mas naquele dia... Eles assistiram Amanda quebrar o vaso de vidro da princesa, viram a serva de Amanda jogar a culpa em Mariana, viram a princesa repreendê-la e a condenarem à Lavanderia Imperial, e ainda assim escolheram proteger Amanda, permanecendo de lado, em silêncio.

Ali, Mariana entendeu que ela nunca mais seria filha deles.

— Mariana, por que ainda está parada aí? Vai deixar o jovem herdeiro Lovante esperando? — A voz impaciente da supervisora a trouxe de volta.

Ela ergueu os olhos em direção à entrada e viu uma figura alta e imponente parada ali. A luz pálida do sol do inverno parecia brilhar levemente sobre ele.

Vendo aquele rosto familiar e distante ao mesmo tempo, o coração há muito tempo dormente de Mariana doeu subitamente.

Era Teodoro Lovante.

Era a pessoa que ela chamou de irmão por quinze anos, o mesmo que atravessou o continente até Gemanka para buscar uma pérola fluorescente para ela. Mas também era o mesmo que a empurrou da escadaria do segundo andar por causa de Amanda.

Três anos sem se ver, e a mágoa reprimida veio à tona. Mariana respirou fundo, suprimiu a mágoa e caminhou até ele calmamente. Ao se aproximar, se ajoelhou e disse com frieza:

— A humilde serva saúda o jovem herdeiro Lovante.

Antes de vir, Teodoro imaginou como seria o reencontro. Talvez ela corresse para seus braços chorando, talvez o odiasse e nem quisesse vê-lo. Mas nunca pensou que ela viria tão calma, fria e... Que se ajoelharia diante dele.

"Essa é a irmãzinha que mimei por quinze anos! Toda sua arrogância e teimosia fui eu mesmo que cultivei. Como ela pôde mudar tanto?"

Teodoro sentiu como se o coração estivesse sendo rasgado. Ele apertou as mãos com força às costas, respirou fundo e disse:

— A avó sente muito a sua falta, e por consideração à idade dela, a Imperatriz permitiu que você deixasse este lugar. — Achou que sua voz soou fria demais, então se abaixou para ajudá-la a levantar, tentando suavizar o tom. — Volte para casa comigo!

Mariana estremeceu.

"Volte para casa comigo!"

Deus sabia quantas vezes ela desejou ouvir essas palavras.

Nos primeiros dias na Lavanderia Imperial, ela esperava por ele dia e noite. Mas com o tempo, a esperança virou decepção. E hoje, ela já não esperava mais nada.

Agora... Ele veio.

Mariana recuou um passo, se soltando discretamente da mão dele. Ela se curvou, dizendo:

— A humilde serva agradece à graça da Imperatriz, e à bondade da matriarca Lovante.

Ela foi educada e sincera, mas cada palavra carregava frieza e distância, o que fez Teodoro sentir o peito apertar. Ele retirou a mão, seu cenho franzindo com força. Ao falar, seu tom trazia uma pitada de raiva:

— O pai nunca tirou seu título. Mesmo estando na Lavanderia Imperial por três anos, seu registro ainda consta como filha da família Lovante. Você nunca foi uma serva.

Ele pensava: "Uma garota que cresceu sendo mimada por mim, como poderia ser uma humilde serva? Que absurdo."

Mas ao ouvir isso, Mariana só achou irônico. Três anos lavando roupas antes do amanhecer até o pôr do sol, com as mãos em carne viva, apanhando e sendo humilhada pelas supervisoras... Título? Registro? De que adiantavam?

Vendo que ela não respondia, Teodoro respirou fundo e disse:

— Tudo já está pronto para você em casa, não precisa pegar nada de bagagem. Vamos, não faça a avó esperar.

Dito isso, ele se virou para partir.

Ele olhava para trás de tempos em tempos. Mariana o seguia a uma distância segura, sem olhá-lo, tão diferente da garota que costumava se jogar em seus braços... Isso o irritou, então ele apressou o passo.

Mariana, com a antiga lesão no tornozelo, não conseguiu acompanhá-lo. Quando chegou ao portão, Teodoro já estava sentado na carruagem há bom tempo.

O cocheiro, sendo um velho criado da Casa do Marquês Lovante, obviamente a conhecia. Ao ver Mariana se aproximar, a cumprimentou:

— Saudações, senhorita.

Mariana o cumprimentou e subiu na carruagem, se sentando ao lado do cocheiro.

— A senhorita não vai se sentar lá dentro? — Perguntou ele, surpreso.

— Não seria apropriado.

Mal ela terminou de falar, uma perna surgiu de dentro da carruagem e a chutou ao chão. Teodoro levantou a cortina com raiva, repreendendo:

— Você nem conseguiu esconder a cara de nojo na primeira vista! Se não quer voltar para casa, então volte para sua lavanderia e continue sendo uma serva!

Mariana caiu, o rosto pálido de dor. Parecia que tinha torcido seu tornozelo de novo.

— Ou será que você acha que foi injustiçada e está de cara feia de propósito para eu ver? Mariana, você viveu como filha da Casa do Marquês Lovante por quinze anos no lugar da Mandinha. Agora pagou apenas três anos por isso, e já se sente injustiçada? Se não quer entrar na carruagem, volte a pé. No caminho, aproveite para pensar bem no seu lugar, e se tem mesmo direito de me tratar com essa atitude! Melhor do que chegar em casa com essa cara de morta-viva para ver a avó e deixar ela triste! — Com isso, ele fechou a cortina com força e ordenou ao cocheiro. — Vamos voltar para casa!

O cocheiro, sem opção, a olhou com pena e partiu.

Mariana ficou ali, parada, sem grandes emoções. Afinal, já havia sido abandonada pelos que mais amava três anos antes. Ela respirou fundo, se levantou com dificuldade e começou a caminhar, mancando, em direção à Casa do Marquês Lovante.

De repente, uma carruagem parou à sua frente. Uma mão de dedos longos levantou a cortina e um par de olhos frios apareceu.

— Srta. Mariana?
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