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Capítulo 5

Auteur: Moky
Kato baixou os olhos para a caixa de presente com ervas medicinais em suas mãos, sem dizer nada.

Teodoro, cada vez mais inquieto, falou:

— Hoje você não foi chamado. Foi de propósito buscar ela na porta do palácio?

Kato continuou em silêncio.

Teodoro crescera com ele, como não saberia que esse silêncio era uma confirmação? Então baixou a voz:

— Kato, você está doente? No passado, quando a Mari corria atrás de você, mal lhe dava atenção. Agora que virou noivo da Mandinha, é com ela que se preocupa? Estou te avisando, tenho apenas duas irmãs, não me force a romper nossa amizade!

Ouvindo isso, Kato soltou uma risada fria e levantou os olhos para Teodoro, cheios de escárnio transbordando de seu olhar.

— Teo, falando desse jeito, parece até que é você quem se importa tanto com a Mari.

Mas, claramente, quem cravava palavras como lâminas no coração dela era o próprio Teodoro.

Uma frase apenas engasgou toda a raiva de Teodoro. Ele fitou Kato com raiva, mas depois de pensar muito, só conseguiu dizer:

— E você não é melhor do que eu! Não se esqueça, três anos atrás você também estava lá. Se ela me odeia, também odeia você!

— Eu sei. — A voz fria de Kato soou, seus olhos baixos sombrios. — Os doces da carruagem, ela não tocou.

Nem os doces, nem o braseiro portátil, tudo permaneceu intacto. Se não fosse por ele usar a matriarca Lovante como pretexto, provavelmente ela nem teria subido em sua carruagem.

Qual foi mesmo a primeira coisa que ela lhe disse hoje? "A humilde serva saúda o General Kato." Mas, antes, sua frase favorita diante dele era: "Eu te adoro, Kato."

Ao lembrar disso, a pressão ao redor de Kato baixou ainda mais.

Já Teodoro, não compreendia. Ele podia imaginar que Mariana nutria ressentimento por ambos, mas, no passado, não importava o quanto estivesse furiosa, bastava Kato demonstrar um mínimo de gentileza e ela corria até ele alegremente. Agora, diante de gestos tão claros de Kato, ela escolheu ignorar?

Pensando nas feridas no braço dela, os olhos de Teodoro arderam de fúria. "Como aquelas servas da Lavanderia Imperial ousaram machucar minha irmã dessa maneira? Mesmo com ordens da princesa, ainda assim Mariana é uma jovem herdeira Lovante. Como podem não ter ao menos esse respeito?"

Seu peito doía de raiva. Teodoro lançou a Kato um olhar feio, perguntando:

— Você trouxe os remédios de sua tropa?

Os medicamentos do exército de Kato vinham do Vale da Cura, famosos por sua eficácia.

— Não. — Respondeu Kato friamente, mas ele tirou um frasco do peito. — Mas, como ela torceu o tornozelo, esse líquido medicinal deve servir.

Teodoro arrancou o frasco da mão dele, dizendo:

— Obrigado. — Dito isso, ele se virou para sair, mas antes de dar dois passos voltou, agarrou a gola de Kato e o advertiu em voz baixa. — Não ouse ter pensamentos que não deve!

Kato semicerrava os olhos, o canto da boca curvado em um quase sorriso. Seu olhar desdenhoso parecia dizer: "Você não tem como me impedir."

Teodoro estava furioso. De fato, não podia controlar Kato, mas podia controlar Mariana! Ele bufou, sacudiu a manga e foi embora.

Kato ajeitou a própria túnica com uma mão e chamou uma serva ao longe, lhe entregando a caixa de presente e dizendo:

— Leve isso para a matriarca Lovante.

Dito isso, também se retirou.

Na frente da Casa do Marquês Lovante, o vice-general Pietro Ferrari o aguardava. Ao vê-lo sair, não conteve a surpresa, exclamando:

— General, como saiu tão rápido?

Kato não respondeu a essa pergunta, apenas retirou um frasco de remédio do peito e ordenou:

— Entregue à senhorita.

Pietro assentiu e, sem pensar, perguntou:

— A Srta. Amanda se feriu? Por que o general não entrega pessoalmente?

Mal ele terminou a frase e recebeu de Kato um olhar gélido e cortante. Pietro logo compreendeu que o remédio não era para Amanda, mas para a outra senhorita. Imediatamente fechou a boca e entrou na casa para entregar.

Enquanto isso, Giulia aplicava cuidadosamente a pomada que recebeu do médico da casa sobre os ferimentos de Mariana. A jovem serva, de lágrima fácil, não parou de chorar desde que viu os machucados no braço dela.

Vendo a serva chorar enquanto cuidava das suas feridas, Mariana não resistiu e disse:

— Se continuar chorando assim, vão acabar achando que eu estou te maltratando.

Giulia enxugou as lágrimas depressa, mas a voz ainda estava embargada:

— A senhorita sofreu demais...

Mesmo sendo uma espiã de Teodoro, ainda assim se compadecia tanto dela? Isso deixou Mariana com uma sensação estranha e suspirou em silêncio, sem dizer mais nada.

Mas, uma vez que Giulia começou, não conseguiu parar. Entre soluços, desabafou:

— O Sr. Teodoro é mesmo injusto! Foi a senhorita quem sofreu, quem está cheia de feridas, e mesmo assim ele só sabe defender a Srta. Amanda! A senhorita está sendo muito injustiçada!

As lágrimas de Giulia voltaram a cair. Mariana, sem saber o que fazer, apenas sorriu de leve e falou:

— Se falar assim dele, não tem medo de que ele te chame para prestar contas?

— Já fui designada ao Lar de Lótus. De agora em diante pertenço à senhorita, ele não pode mais me controlar! — Giulia enxugou o rosto, furiosa. — E pensar que antes eu achava que o Sr. Teodoro era uma boa pessoa... Até parece!

Vendo o ódio estampado no rosto da jovem, Mariana não soube dizer se era genuína a preocupação ou se tudo não passava de uma encenação para conquistar sua confiança. Afinal, até as pessoas mais queridas haviam a abandonado uma a uma. Como poderia acreditar que alguém, quase sem ligação com ela e com quem mal trocou dez palavras, realmente lhe fosse sincera?

Para ela, sinceridade era algo distante demais. Exceto pela avó, haveria mesmo alguém sincero com ela? Observando o rostinho de Giulia, Mariana não encontrou resposta. Desviou o olhar e, ao lançar os olhos pela janela entreaberta, suas sobrancelhas se contraíram.

Dois homens vinham pela ponte de pedra sobre o lago de lótus. Um era um criado do pátio de Teodoro. O outro, alto e robusto, caminhava com passos largos e apressados. A figura lhe parecia familiar, mas não se lembrava de quem era.

Percebendo o olhar de Mariana, Giulia também olhou e exclamou surpresa:

— Não é o vice-general Pietro?

— Vice-general Pietro? Pietro...

Mariana se recordou. Sim, já se conheciam. Ele era o braço direito de Kato havia cinco anos.

"Mas... O que ele faz aqui?"

Imediatamente lhe veio à mente o semblante frio e arrogante de Kato e seu coração estremeceu. Ela ordenou:

— Vá ver o que querem.

— Sim. — Giulia obedeceu e saiu.

Pela janela, Mariana viu Pietro falar algumas palavras a Giulia e lhe entregar algo. Em seguida, levantou o olhar em sua direção. Através da janela semiaberta, seus olhares se cruzaram. Pietro, então, se inclinou em cumprimento com calma, só depois se virou para ir embora.

Logo Giulia voltou, trazendo dois frascos de remédio e explicando:

— Senhorita, este é o medicamento que o General Kato mandou. E este aqui, o líquido medicinal, foi o Sr. Teodoro quem mandou, mas parece também ser coisa do exército.

De fato, era. Mas como Teodoro sempre teve uma relação próxima com Kato, não era estranho possuir um desses.

Ainda assim, Mariana não entendia.

"Por que estão me enviando isso? É por causa das minhas feridas? Ou apenas para aliviar a culpa barata em seus corações? Especialmente Teodoro... Dar um tapa e logo depois oferecer um doce, isso é divertido?"

— Fique com eles. — Disse ela friamente, sem intenção de aceitar.

Giulia queria persuadi-la, mas ao ver o semblante gelado da senhorita, não ousou dizer nada.
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