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Capítulo 4

Auteur: Moky
Vendo a boa intenção de Amanda ser rebatida por Mariana, Teodoro imediatamente recolheu a culpa que sentia em seu coração e disse friamente:

— Não precisa ser tão sarcástica. Se estava ferida, por que não falou antes? Não tem boca?

Se ela tivesse dito logo, ele certamente teria ido ao Hospital Imperial buscar uma boa pomada para tratar suas feridas!

— Eu queria falar agora há pouco, mas o Sr. Teodoro não me deu oportunidade. — A voz de Mariana era calma, e finalmente suas mãos se soltaram das de Natália.

O olhar de Teodoro escureceu. Ela já tinha voltado para casa e ainda assim se recusava a chamá-lo de irmão? A raiva em seu peito não diminuía, e ele bradou:

— Bem que eu queria te perguntar... Você é uma jovem herdeira Lovante, treinada desde pequena pelos mestres de artes marciais da casa. Então que tipo de especialista existe na Lavanderia Imperial que conseguiu te ferir dessa maneira?

Essas palavras fizeram o coração de Mariana estremecer. Baixando os olhos, ela puxou a manga para baixo e, com voz suave, mas carregada de um frio que fazia tremer, disse:

— No começo, também resisti. Como o Sr. Teodoro disse, aquelas servas realmente não eram minhas oponentes. Mas, quando não conseguiam me vencer, recorriam a truques sujos. Por exemplo, despejavam bacias de água fria na minha cama enquanto eu dormia; na hora da refeição, todos recebiam sopa, mas para mim era água suja; jogavam no banheiro as roupas que eu lavava com esforço; ou empurravam todo o trabalho que deveria ser dividido entre elas para cima de mim.

Ao dizer isso, levantou os olhos para Teodoro. Seu olhar gélido não trazia nenhuma emoção, mesmo assim, fez as mãos dele tremerem.

Ela continuou:

— Também pedi ajuda à supervisora, mas o que recebi foi apenas uma surra de chicote, nada além disso. Com o tempo, parei de resistir. A cama estava molhada? Dormia no chão. Na comida havia água suja? Eu engolia assim mesmo. Houve uma vez que a supervisora quase me matou a golpes, mas talvez por receio do nome da Casa do Marquês Lovante, depois disso não bateu mais com tanta força.

Vendo a incredulidade nos olhos de Teodoro, Mariana deixou escapar um sorriso sarcástico, depois seguiu falando:

— Então o Sr. Teodoro acha que eu suportei tudo isso de propósito, só para trocar pela culpa e pelo arrependimento de vocês? Não seja ingênuo. Como eu poderia deixar de reconhecer meu lugar? Vocês talvez se sintam culpados, mas jamais se arrependeriam. Ouvindo tudo isso, no máximo só ficam aliviados de que quem foi enviada para a Lavanderia Imperial fui eu, e não Amanda, não é?

O olhar acusador de Mariana fazia Teodoro sentir como se uma mão rasgasse seu coração. Mas ele não conseguiu dizer uma palavra em resposta.

— Mari, não diga mais nada! — Natália segurava o peito, chorando até perder o fôlego. — A culpa é toda da mãe, eu te devo tanto...

— A Marquesa não me deve nada. — Mariana ainda falava com a mesma suavidade, uma voz gentil, mas essa doçura não era como a de Amanda. A voz de Amanda fazia o coração doer de compaixão, trazia conforto. Já a de Mariana era como uma espada flexível, cortando de forma implacável a cada palavra. — A senhora me criou por quinze anos, lhe devo a graça da criação, então pode fazer o que quiser comigo, é justo.

— Mas você guarda rancor no coração! — Teodoro voltou a falar, incomodado pela dor que lhe corroía por dentro. Ele parecia ter visto através dela e riu friamente. — Tudo o que você faz agora é de propósito: se afastar de nós, nos tratar com frieza, cair de propósito diante da mãe... Não foi assim também com o Kato? Usou esse truque para ganhar sua compaixão e voltar na carruagem dele, não é? Mariana, entenda uma coisa, Kato já não é mais seu noivo, agora é o noivo da Amanda, e logo vão se casar!

Olhando o rosto de Teodoro tomado pela fúria, Mariana não pôde deixar de suspirar em silêncio. Afinal, ele tinha sido seu irmão mais velho por quinze anos, cada palavra sua atingia em cheio seu coração.

Felizmente, este coração já havia sido lapidado por três anos, imune a qualquer veneno.

— O Sr. Teodoro é sempre tão ocupado que talvez tenha esquecido... Há três anos, o senhor me empurrou da escadaria, foi então que torci o pé. Antes de sarar, já fui mandada para a Lavanderia Imperial. Nestes três anos, a lesão voltou a doer repetidas vezes. Hoje, quando o Sr. Teodoro me chutou da carruagem, torci de novo, por isso não consegui ficar de pé. Quanto ao General Kato... Por que pensa que ele teria compaixão por mim? Está me superestimando ou subestimando demais a Srta. Amanda?

Essas palavras fizeram Amanda sentir uma vergonha profunda.

Teodoro, preocupado, lançou um olhar para Amanda, mas logo se voltou para Mariana e gritou:

— Não tente semear discórdia! Eu conheço seu temperamento. Mesmo depois de três anos, continua tão rancorosa quanto antes! Estou avisando, enquanto eu estiver aqui, você não vai prejudicar a Mandinha!

— Teo... — A voz chorosa de Amanda soou. — Não seja assim, a Mari nunca me fez mal algum.

— Mandinha, você é bondosa demais! — Teodoro franziu as sobrancelhas, apontando para Mariana. — Mas ela não é como você. Ela é fria, rancorosa, e nunca esquece uma ofensa! A gente jogou ela na Lavanderia Imperial e a abandonou por três anos. Agora que voltou, claro que vai querer se vingar! Sabe que a mãe a ama mais do que tudo, então finge frieza e distância, mostra suas feridas diante dela... Veja como a mãe está chorando!

Amanda olhou para Natália ao lado. De fato, a mãe já não se aguentava de tanto chorar, apoiada em uma serva e com a respiração fraca.

Ouvindo as palavras de Teodoro, Natália quis protestar, mas apenas levantou a mão sem conseguir pronunciar nada.

Amanda pensava: "Eu nunca tinha visto a mãe assim, nem mesmo quando a Mariana foi enviada para a Lavanderia Imperial. Naquela época, a mãe só derramou algumas lágrimas e ainda me consolou. Mas agora... Será que, como o Teodoro está dizendo, tudo isso foi mesmo planejado por ela? Seria ela tão astuta assim?"

Involuntariamente, Amanda voltou os olhos para Mariana. Mas Mariana também a olhava, com olhos frios como gelo, penetrantes como lâminas que cortavam fundo em seu coração. Amanda não ousou sustentar o olhar e desviou apressadamente.

Mariana, então, apenas fez uma reverência para Natália, dizendo:

— Parece que hoje não é adequado visitar a matriarca Lovante. Peço à Marquesa que transmita minhas desculpas a ela. Vou voltar para visitá-la amanhã.

Dito isso, Mariana se virou e foi embora, sem olhar novamente para ninguém da família Lovante.

Mas a sua figura mancando ficou profundamente gravada no coração de todos. Inclusive no de Kato.

Teodoro só viu Kato depois que Amanda levou Natália de volta. O jovem general estava de pé, não muito longe, sob a galeria. Tudo o que havia acontecido, ele provavelmente tinha visto claramente.

Teodoro franziu a testa, incomodado, e foi até ele, perguntando:

— Por que você está aqui?

— O Imperador concedeu algumas preciosas ervas medicinais. Como não tenho uso para elas, pensei em oferecê-las à matriarca Lovante. — A voz de Kato era calma, impassível como sempre.

Mas Teodoro pareceu perceber algo, estreitando o olhar e o examinando de cima a baixo antes de perguntar:

— Fale a verdade, você veio por causa da Mari, não foi?
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