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Capítulo 4

Autor: Hathaway
Minha alma seguiu Ester até a clínica particular.

Pouco tempo depois, meu noivo, Marcelo, entrou correndo.

Ele foi direto até Ester, pegou sua mão e examinou ansiosamente o ferimento da picada de escorpião na palma da mão dela. Seus olhos estavam cheios de compaixão.

— O que aconteceu? O que o médico disse?

— Marcelo, não faça isso. — Ester engasgou, mas ainda se esforçou para sorrir. — Não foi culpa da Glória. Ela só queria me fazer uma surpresa, talvez tenha pego o presente errado. Você sabe, como doutora em medicina, ela cria muitos animais pequenos para experimentos...

Quanto mais ela se fazia de "compreensiva", mais sombrio ficava o rosto de Marcelo.

Ele ergueu a cabeça, sua voz cheia de raiva: — Glória? Onde ela está se escondendo agora? Ester, não tenha medo, eu vou acertar as contas com ela por você!

Marcelo, não precisa me procurar. Estou bem ao seu lado. Mas talvez você não consiga mais acertar as contas, porque eu já morri...

Claro, você pode escolher jogar meu corpo fora, sem me comprar um túmulo, para me punir.

Depois de sair da clínica, Marcelo me ligou. O telefone não foi atendido, e ele deixou uma mensagem:

— Glória, como você pôde ser tão cruel? Colocar um escorpião em uma caixa de presente para ferir sua própria irmã? Eu sempre pensei que você fosse bondosa, mas você fez isso por ciúmes!

Sua voz estava carregada de fúria.

— Eu estava a caminho para lhe entregar um presente, um colar de família, como uma felicitação por seu prêmio. Mas agora, você não o merece. Que isso sirva de punição.

— É melhor você rezar para que a Ester fique bem, senão... o noivado está cancelado!

Ouvindo suas acusações, senti-me exausta, sem a menor reação.

Eu já sabia que ele ficaria do lado de Ester.

Quando nos conhecemos, ele soube como eu era negligenciada e ignorada em casa e jurou que compensaria todo o amor que me faltava.

Ele me dava joias bonitas, ia e voltava das aulas comigo e, mais tarde, me buscava e levava ao trabalho.

Mas, em algum momento, tudo mudou. Ele começou a tomar o partido de Ester constantemente, dizendo que ela era oito anos mais nova, minha irmã, e que eu deveria cuidar dela e ser tolerante.

Eu suspeitei que ele havia se apaixonado por Ester, então o confrontei. Ele apenas disse: "Você está pensando demais, eu só a vejo como uma irmã."

Sua frieza me fez sentir como uma louca histérica.

Mas eu o amava demais.

Eu pensei que sua existência era um presente dos céus, que ele pertenceria apenas a mim.

Eu estava errada, completamente errada.

Meus pais favoreciam Gil e Ester porque eles eram mais brilhantes do que eu. E Marcelo? Por que ele a amava? Eu já não tinha como saber.

Porque agora, não importava se eu caísse ou sangrasse, eu não sentiria mais dor alguma — eu estava morta, e uma alma não pode sentir a dor do corpo.

Depois da meia-noite, papai, mamãe e Gil voltaram para casa, exaustos.

Eu flutuava em um canto da sala, ouvindo mamãe suspirar:

— Que pena que a família do Marcelo não se compara à da Ester, senão eles seriam um casal perfeito.

— Você viu como ele foi atencioso na clínica?

Meu coração parou por um instante.

Papai continuou: — Sim, Marcelo é muito capaz, e eu também acho que a Ester gosta dele. Seria perfeito se eles pudessem ficar juntos.

— Não pense demais nisso. — Mamãe balançou a cabeça. — A família de Marcelo é compatível com a nossa Glória. Mesmo que ele se case com a Glória, ainda poderá cuidar da Ester.

Seu tom era casual, mas foi como uma faca cravada em meu coração.

Nesse momento, papai franziu a testa e disse: — Há um cheiro estranho em casa, parece cheiro de sangue.

Gil o seguiu em direção ao porão.

— O que é isso? — Mamãe também foi atrás.

Gil abriu a porta.

Um cheiro forte e penetrante de sangue os atingiu.

Na penumbra, um corpo jazia inerte em uma poça de sangue, com os olhos entreabertos.

Gil ficou paralisado, sua voz tremeu:

— Glória...?
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