— Com qualquer outro homem você sorri como se fosse primaverar, mas quando é comigo parece que está indo para o velório. Me diz, Isadora, você é minha esposa ou a dele?Olavo segurou com força o pulso dela, já fora de si.Rafael deu um passo à frente e arrancou a mão de Olavo com firmeza:— Solta ela! Você acha mesmo que tem autoridade para vir aqui e falar alguma coisa?— Sou o marido dela!Olavo insistiu, mais uma vez tentando se escorar no papel de “marido legal” para manter o controle.Mas naquela altura, aquela frase parecia a maior piada dentro daquele quarto.Isadora o encarou com desprezo e soltou, firme:— Olavo, vamos nos divorciar.Ouvindo isso, Olavo rosnava entre os dentes, os olhos prestes a saltar de raiva:— Está com essa pressa toda para se livrar de mim por causa dele, né? Você já era caidinha por ele na faculdade, não era? Sua vagabunda!Ele vinha investigando tudo recentemente. Já sabia que os dois tinham um passado e os olhares entre eles não eram de agora.Ver os
Rafael olhava para Isadora, cheio de preocupação.— Como é que você pode dizer que está bem? Você desmaiou de tanta dor. Não faz isso com você mesma, não se pune assim, por favor.Ele deu um suspiro e continuou:— Isinha, o que você quiser, eu posso te dar. Eu imploro, não faça isso. Você não está só se machucando, está me machucando também. Nada disso vai trazer a Aline de volta. Ela está lá em cima e deve estar sofrendo ainda mais ao te ver assim.Rafael sabia que, naquele momento, Isadora mal conseguia olhar para si com clareza... ela estava presa numa espiral de autoflagelo.Ela sentia que havia falhado com a filha, então tentava compensar a dor de Aline de alguma forma.Ouvindo isso, o coração dela apertou ainda mais.— Aline foi a melhor filha do mundo, meu amor. Ela era minha filha, e eu, como mãe, não consegui protegê-la como devia.— Só era uma criança, tão inocente... que me amava tanto. Por que fizeram isso com ela? Como puderam machucar alguém assim?Com as lágrimas escorre
Rafael ficou parado ao lado, olhando para Isadora com aquela tristeza que apertava até a garganta. Ele sabia que Aline sempre fora o nó que prendia o coração dela. Na verdade, se não fosse por aquela menina, Isadora provavelmente já teria desmoronado completamente.— Aline, antes de ir embora, você me pediu para cuidar bem da vida. Eu prometi, mas me perdoa... acho que não vou conseguir dessa vez.— Foi ele quem te matou, foi ele quem nos traiu, e ainda assim joga toda a culpa em nós. Aline, não podemos mais ficar caladas, eu não posso mais ficar calada. Me perdia, minha filha..Apesar de Aline já não estar mais ali há algum tempo, a dor rasgava o peito de Isadora toda vez que pensava na filha.Ela ficou ali, encostada na lápide, silenciosa, enquanto as lágrimas caíam sem parar.Vendo-a quase se despedaçar, Rafael sentiu todo o ódio e frustração sumirem, restando apenas a compaixão.Se sentou ao lado dela, segurou sua mão com delicadeza e permaneceu ali, respeitando sua dor, jurando pa
Isadora agradeceu de coração.Depois de tanto planejar, tanto se mover nas sombras, era isso que ele recebia? Apenas um agradecimento?Ele franziu o cenho, visivelmente incrédulo:— Você não pode estar achando, de verdade, que fiz isso tudo por sua causa, né?— Não me importa por que você fez. Obrigada por me mostrar a verdade.Isadora lhe lançou um leve sorriso. Era um sorriso calmo, mas carregado de peso.— Eu sei que, assim como eu, você também carrega uma dor que não passa. Você perdeu seus pais. Eu, minha filha. No fundo, somos do mesmo tipo... e temos o mesmo inimigo.Ao dizer isso, seus olhos começaram a brilhar. A raiva e a dor se transformavam numa espécie de impulso, de força. Zyan percebeu esse brilho e teve certeza: tinha encontrado a pessoa certa. Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma figura surgiu na frente dos dois.Rafael apareceu de repente, se colocando entre eles. Seus olhos percorreram os dois rostos com frieza e sua voz veio carregada de tensão:— Então
Ela apertava a xícara com tanta força que parecia que ia esmagá-la ali mesmo.Zyan observava os ombros de Isadora tremerem levemente, e um traço de admiração surgiu no olhar dele. Não era fácil ouvir algo tão cruel sobre a própria filha e continuar tentando manter a compostura. Aquela mulher era forte de verdade.E era justamente por isso que valia a pena tê-la como aliada. Numa guerra como essa, só sobrevive quem tem sangue frio.Tereza cruzou os braços e encarou Zyan, impaciente:— Já te contei tudo o que queria saber. Agora posso falar sobre o que me interessa?Ela não fazia a menor questão de esconder o desprezo. Para ela, Zyan era um traste, mas infelizmente, naquele momento, um traste necessário.Respirou fundo e foi direta:— Quero que você diga que foi a Isadora quem mandou te bater no Almir. Melhor ainda: assume que vocês dois têm algum envolvimento. Para você, isso até que seria bom, né? Afinal, você odeia o Olavo. Imagina ele achando que foi corneado por você... que vingança
Zyan estava sentado de pernas cruzadas, com um olhar cheio de desprezo. O clima ao redor dele era gelado — bem diferente de quando via Isadora.E foi justamente por vê-lo assim, que o sangue de Tereza ferveu.— Eu te paguei! Zyan, você não tem um pingo de decência! Pegou meu dinheiro e não fez nada. Seu desgraçado!Só de lembrar da quantia que havia transferido, Tereza quase sentia o estômago revirar de dor.Isadora, ali por perto, quase caiu na risada. Por um tempo, até achou que Tereza fosse esperta. Mas vê-la gritando daquele jeito na frente de Zyan... foi simplesmente patético. Quem se humilha assim diante de alguém como ele?Enquanto Tereza surtava, Zyan continuava sentado, impassível.— Eu lido com coisa suja, todo mundo sabe. Mas você sempre fez questão de bancar a santinha. Me diz: se o Olavo visse você assim, perdendo a cabeça e mostrando quem é de verdade... será que ainda estaria tão apaixonado?As palavras bateram em Tereza como um balde de água fria. Ela travou. No fundo,