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Cinco Anos em Vão, Isabel Chutou o Balde e Seguiu Sem Arrependimentos
Cinco Anos em Vão, Isabel Chutou o Balde e Seguiu Sem Arrependimentos
Author: Clara Noturna

Capítulo 1

Author: Clara Noturna
No quarto, a luz cintilava suavemente.

Após um momento de intenso prazer, Isabel com as bochechas coradas, estava aninhada docilmente nos braços de Rafael, com o corpo e alma ainda tremendo, incapazes de se aquietar.

Casados há cinco anos, eles estavam mais próximos do que na época da lua de mel. Dando um tapa na cara daqueles que a ridicularizaram e desprezaram.

O único arrependimento era que, desde o incidente cinco anos atrás, Isabel não conseguia ouvir nada, nem mesmo a voz do Rafael. Ela fez diversos exames, e os médicos garantiam que não se tratava de uma doença física, mas de uma questão psicológica. Felizmente, após tratamento, o psicólogo disse que sua condição estava melhorando, e a audição poderia voltar a qualquer momento.

Se não fosse pelo esforço de Rafael em se casar com ela, mesmo contra a opinião de todos há cinco anos, Isabel sequer imaginava se teria coragem para tentar sobreviver. E muito menos para superar as sombras do passado e abraçar a felicidade novamente.

Os dedos de Rafael brincavam com os cabelos dela, encharcados do suor perfumado, quando seu olhar se desviou para a notificação de mensagem no celular, fazendo-o parar de repente.

— O que houve? — Isabel ergueu a cabeça, preocupada, percebendo sua mudança de comportamento.

Por não falar muito, sua voz ainda saía um pouco rouca. Ao perder a audição, Isabel relutou a se comunicar verbalmente. Foi a paciência e o incentivo de Rafael que a fez reunir coragem para falar novamente.

— Houve um problema na empresa, preciso resolver. — Disse ele, beijando sua testa, relutante em soltá-la, com um tom de desculpa. — Não vou poder te ajudar a tomar banho.

— Tudo bem, eu consigo tomar sozinha. — Isabel corou e respondeu timidamente.

Rafael a mimava. Geralmente, não a deixava fazer qualquer tarefa doméstica e, até mesmo depois do sexo, sempre era ele quem cuidava do banho dela. Ela era tão mimada que estava chegando ao ponto de não conseguir se virar sozinha.

— Tome banho e vá dormir cedo, não precisa me esperar. — Ele alertou preocupado, e beijou os olhos e a curva da boca dela.

Falando devagar, ele tentava facilitar para Isabel acompanhar por leitura labial. Ela sabia ler lábios graças as aulas que Rafael providenciou especialmente para ela. Ele realmente cuidava dela com muito carinho.

Isabel, com o coração transbordando de doçura, assentiu. Rafael acariciou a cabeça dela carinhosamente antes de se levantar e ir para o quarto de hóspedes tomar banho. Pouco tempo depois, ele vestiu um terno, desceu as escadas e saiu.

Após o banho, Isabel ficou observando o carro desaparecer atrás das cortinas antes de voltar para a cama.

Desde que se casou, Rafael assumiu oficialmente o Grupo Siqueira, e conseguiu apaziguar os diretores e os acionistas mais rebeldes. Ele passou os últimos dois anos ocupado transformando a empresa.

Vendo-o tão apressado, Isabel sentiu o coração apertado. Por causa do incidente cinco anos atrás, ela não pôde assumir as ações da empresa deixadas por sua mãe, e agora não podia ajudá-lo.

Ela suspirou suavemente, se acomodou na cama e acabou por adormecer. Cuidar de si mesma, para que Rafael não se preocupasse, era a única coisa que ela podia fazer por enquanto.

No meio da noite, enquanto dormia, Isabel ouviu alguns sons e ruídos sutis. Parecia o barulho de um carro chegando à mansão. Ela piscou algumas vezes e, dois segundos depois, abriu os olhos de repente, sentando-se rapidamente, surpresa. No andar de baixo, ela ouviu o som da porta abrindo e o ranger dos sapatos sobre o piso, cada vez mais nítido.

Isabel levantou a mão, incrédula, tocando o ouvido. "Eu recuperei a audição?!", pensou.

Animada, ela pulou da cama para correr até Rafael e contar a boa notícia, mas uma ideia travessa lhe surgiu. Que tal surpreendê-lo?

Ela voltou para a cama, deitada, com um sorriso impossível de conter. Se Rafael descobrisse que ela podia ouvir de novo, ia ficar radiante.

Talvez por estar tanto tempo sem ouvir, sua audição agora estava extremamente sensível. Ela percebeu os passos de Rafael se aproximando e até ouviu a voz dele ao telefone.

Na escuridão da noite, sua voz grave e suave soava como notas de violoncelo, tocando diretamente as cordas do coração de Isabel.

"A voz dele é ainda mais bonita do que eu imaginava," pensou, com o coração batendo acelerado, quase saltando pela boca.

E então começaram a ecoar em sua mente palavras que ela não esperava ouvir:

— Comigo aqui, Isabel não vai destruir seu casamento com o Artur Prado. Contanto que você seja feliz, eu estou disposto a dar a minha vida por você, até me casar com uma mulher que não amo. — Ele continuou. — Mas é diferente! Eu cuido de você porque quero seu bem. Sou bom para Isabel só para que ela não consiga se afastar de mim, e para que Artur desista de vez. Agora, não chore mais. Se precisar, me ligue a qualquer hora, e eu estarei contigo. Nada é mais importante que você.

Isabel arregalou os olhos, suas pupilas tremeram, e o coração tremeu incontrolavelmente.

"O que Rafael está dizendo?" pensou, acreditando ter ouvido errado. A porta se abriu e os passos se aproximaram. Seu peito se apertou. Ela agarrou os lençóis com força, mordendo o lábio para tentar conter o corpo que tremia descontroladamente.

— Não se preocupa. Eu apaguei todas as evidências do incidente de cinco anos atrás. Mesmo que Artur desconfie de qualquer coisa e tente investigar, nada será encontrado. Eu ainda guardo as fotos antigas da Isabel, mas só vou usá-las em caso de necessidade. Eu vou cuidar do que está te preocupando. Já está tarde, vá dormir, vou te contar uma história.

Rafael tirou a gravata e, enquanto contava a história suavemente, se aproximou da outra lateral da cama.

Isabel, fingindo dormir profundamente, virou-se de repente.

O som da história que ele contava parou. Ele olhou para Isabel de costas, hesitou por dois segundos, e então se levantou silenciosamente, indo para o quarto de hóspedes.

A porta se fechou com um clique.

Isabel abriu os olhos. A visão estava turva. Ao tocar as pálpebras, ela percebeu que seus dedos ficaram molhados. Ela havia chorado silenciosamente o tempo todo. Se Rafael tivesse olhado por mais um instante, teria notado sua mudança. Mas ele não notou. Estava concentrado na ligação com sua irmã, Antonela, a quem sempre atendia e protegia com devoção, sem permitir que ela sofresse qualquer injustiça.

Rafael era tão dedicado à irmã quanto a Isabel. Em suas palavras, Antonela e Isabel eram como a palma e as costas da mão. Ambos carne e osso, mas com espessuras diferentes.

Na realidade, ela não passava de uma ferramenta para ele defender a felicidade da Antonela.

Isabel sentiu uma raiva profunda, e mordeu o lábio até sangrar e deixar o sabor metálico se espalhar. Ela se levantou e foi ao banheiro.

Em momentos assim, precisava se manter fria.

A água fria caiu sobre seu corpo, mas ela não conseguia dissipar o frio penetrante em seus ossos. Seu sangue parecia congelar. As palavras de Rafael ecoavam em sua mente como lâminas afiadas, dilacerando velhas feridas que ainda cicatrizavam. A dor era quase insuportável.

O incidente que a levou à beira da morte poderia estar ligado a Rafael.

Todo o casamento, toda a felicidade não passava de uma farsa.

Ele a tratava tão bem, mas não era por amor. Era apenas para prendê-la, para impedir que ela se reconciliasse com Artur e interferisse no casamento da Antonela. Artur foi o noivo de infância de Isabel. Após o escândalo cinco anos atrás, a família Prado cancelou o casamento com Artur, e Isabel acabou se casando com Rafael. Menos de um ano depois, Artur casou-se com a irmã de Rafael, Antonela.

Toda energia do corpo de Isabel parecia ter sido drenada. Ela apoiou-se na parede, sem forças para se segurar. Mal sua audição voltou e ela já recebeu uma surpresa tão cruel de Rafael.

A água fria atingia sua pele como milhares de agulhas. A dor excruciante a trouxe de volta à realidade.

A falsa felicidade não valia nada. Ela queria o divórcio e escapar daquela prisão que Rafael chamava de amor.

Mas, antes disso, ia usar sua posição de esposa para investigar a verdade daquele incidente e fazer justiça para si mesma.
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