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Capítulo 4

Author: Aroma
Não sei quanto tempo se passou até que a porta atrás de mim se abriu de repente. Meus olhos se iluminaram de alegria quando me virei:

— Luís, você veio!

Mas ele estava com o rosto fechado, os passos pesados. Em poucos segundos, já estava diante de mim, os olhos cheios de raiva:

— Sofia, só porque eu não te levei pra casa e fui ver a Gabriela, você correu pra contar pros meus pais? Sabia que eles ligaram brigando com ela? Ela ficou abalada, atravessou a rua distraída e... foi atropelada. Tá com hemorragia interna, quase morrendo. É isso que você queria?

Fiquei paralisada.

Na vida anterior, a Gabriela também morreu assim — hemorragia após o atropelamento. O banco de sangue estava em crise, e o socorro chegou tarde demais.

Se antes Luís era apenas azedo e sarcástico comigo, depois desse incidente, ele passou a me odiar completamente.

Só que... essa tragédia não acontecia até um mês depois do casamento. Por que tudo adiantou tanto?

Eu ainda estava tentando descobrir como completar o terceiro arrependimento de Luís.

E agora, o destino tinha colocado a chance bem na minha frente.

Olhei para ele:

— Então... você veio me pedir pra doar sangue pra ela?

Ele arregalou os olhos, surpreso, e riu com amargura:

— Você acha que eu não faria isso? Você é quem deve isso a ela!

Ele agarrou meu pulso e me puxou às pressas pro hospital.

No hospital, doei imediatamente 400ml de sangue. Senti como se parte da minha força tivesse sido drenada, deixando-me completamente fraca.

As enfermeiras franziram a testa:

— A quantidade não é suficiente. O reforço de sangue ainda vai levar pelo menos dez minutos. Não sabemos se a paciente aguenta até lá…

Levantei os olhos e vi Luís parado ao lado do leito, olhando para o rosto pálido da Gabriela com um olhar de pura dor.

A enfermeira ia desamarrar a pulseira do meu pulso, mas eu segurei a mão dela gentilmente:

— Enfermeira, por favor, tire mais 400ml.

Ela se assustou e apressadamente me aconselhou:

— Não pode! O máximo por doação é 400ml!

Eu sorri, no entanto:

— Tudo bem, eu me recupero depois. Agora o importante é salvar uma vida.

Do lado de fora da sala de emergência, um médico gritou:

— O sangue não está chegando! A paciente vai entrar em choque a qualquer momento!

Olhei pra enfermeira com urgência. Ela assentiu, emocionada:

— Você é incrível. Quando ela acordar, vai te agradecer de coração.

Luís abriu a boca, hesitante:

— Sofia, você... eu vou te recompensar.

Enquanto a agulha penetrava minha veia, sorri de leve:

— Não tem problema, foi por vontade própria.

Ele já tinha arriscado a vida por mim três vezes. Proteger a mulher que ele ama... era o mínimo que eu podia fazer.

Mas subestimei os efeitos de ultrapassar o limite da doação, e desmaiei na hora.

Quando abri os olhos, estava numa cama de hospital. e o local da agulha anterior já estava com algodão e esparadrapo.

Luís não estava por perto. Enfermeiros e médicos andavam apressados pelos corredores. Ninguém percebeu que eu tinha acordado.

Olhei pro relógio de parede. Faltava uma hora. Uma hora e eu voltaria pro futuro.

A pequena televisão do hospital no canto da sala reprisava as imagens da chuva de meteoros da noite passada — o evento raro de uma vez por século.

Era linda. Pena que, mais uma vez, eu não consegui ver com ele.

A felicidade, ao que parece, nunca foi parte do meu destino.

Fiquei ali, em silêncio, até ouvir passos se aproximando. E a voz cansada, mas aliviada, de Luís:

— Você acordou. E a Gabriela também. Ela sobreviveu… graças à sua doação.

Virei o rosto em direção a ele:

— Que bom.

Quando ele reparou no meu rosto pálido, deu um leve sobressalto. Depois, falou com certo constrangimento:

— Você se sacrificou muito. E... desculpa pelas palavras duras ontem. Mas você realmente não devia ter contado pros meus pais. Ela não tem nada a ver com os nossos assuntos.

Ao ouvir as palavras dele, senti uma pontada de tristeza no coração.
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