Capítulo 0007

No caminho para o hospital, após acalmar Olívia, Fábio finalmente notou o sangue escorrendo pelo rosto de Naiara.

Chegando ao hospital, mesmo com o ombro sangrando, ele insistiu que o médico cuidasse primeiro do ferimento no rosto dela.

— O casamento está próximo, minha Naiara não pode ter nenhuma marca no rosto!

Em seguida, ele se virou para ela com olhos cheios de culpa e explicou em linguagem de sinais.

— Foi tudo culpa minha, eu só protegi Olívia porque ela é minha subordinada. Não fique brava comigo, por favor?

Naiara não respondeu, apenas pediu ao médico que não se preocupasse com seu ferimento e focasse em tratar o ombro de Fábio.

Afinal, ela não compareceria ao casamento, então pouco importava se tinha feridas no rosto.

Fábio interpretou isso como um gesto de carinho dela e ficou emocionado.

O médico cortou a camisa ensanguentada, revelando um ferimento horrível.

Naiara percebeu que o ferimento ficava exatamente sobre a cicatriz deixada por uma barra de ferro que a atravessara durante o terremoto de cinco anos atrás.

Agora, a cicatriz circular estava coberta pelo novo ferimento, sem deixar vestígios.

Ela ficou momentaneamente perplexa, talvez fosse um sinal do destino de que o relacionamento deles estava destinado a ficar no passado.

Ao saírem do hospital, Olívia, com as mãos cruzadas sobre os ombros, disse a Fábio com a voz embargada.

— Fábio, posso ir para a sua casa esta noite?

Fábio raramente via Olívia tão vulnerável, e seu coração amoleceu.

Ele olhou para Naiara, tentando perceber sua reação, e, hesitante, perguntou em linguagem de sinais.

— Naiara, a Olívia está assustada hoje. Ela pode ficar em nossa casa por uma noite?

Temendo que ela o interpretasse mal, ele rapidamente explicou.

— Não tenho outras intenções, apenas sinto que, como chefe, tenho a obrigação de confortar meus funcionários.

Vendo a expressão tensa dele, Naiara cravou as unhas na palma da mão.

Ele queria mesmo trazer outra pessoa para casa tão descaradamente?

Depois ela sorriu para si mesma com amargura.

De qualquer forma, depois que ela se fosse, Olívia acabaria se mudando para aquela casa, então por que se preocupar agora?

— Faça o que quiser.

Talvez pela presença de Naiara, Fábio evitou falar muito com Olívia no caminho de volta.

Mesmo quando Olívia tentava conversar, ele a silenciava com um olhar.

Ela não queria assistir à performance dos dois, então fechou os olhos e encostou-se à janela do carro para descansar.

Em casa, Fábio, ignorando o olhar ressentido de Olívia, a acomodou no quarto de hóspedes no segundo andar.

De volta ao quarto, Fábio trouxe iodo e curativos para tratar o ferimento no rosto de Naiara.

— Naiara, eu sei que você se preocupa comigo, mas como você pode não deixar o médico cuidar do seu ferimento? Se ficar uma cicatriz, eu ficarei triste.

Após tratar o ferimento, ele deu-lhe um beijo na testa.

— Não deixarei você se machucar novamente. Hoje eu só reagi ao ver uma funcionária minha sendo maltratado, não pensei duas vezes antes de agir.

— Afinal, maltratar uma funcionária minha é como pisar na minha dignidade, e isso eu não posso tolerar. Você entende, não é?

A explicação de Fábio fazia sentido, e, se Naiara não conhecesse bem a relação entre eles e não tivesse visto o desejo de posse e a raiva nos olhos dele, talvez acreditasse.

Ela não expressou compreensão, apenas disse que estava cansada e precisava descansar.

Fábio rapidamente trouxe um copo de leite quente para ela, como de costume, e gentilmente acariciou suas costas para que adormecesse.

No meio da noite, Naiara foi despertada por um trovão.

Ela, ainda meio sonolenta, tentou instintivamente abraçar a cintura da pessoa ao seu lado, mas encontrou apenas o vazio.

O toque gelado a fez despertar imediatamente.

Ela se levantou e desceu as escadas; ao chegar no patamar do segundo andar, ouviu a respiração ofegante de uma mulher.

Seus passos hesitaram, mas ela reprimiu a sensação amarga em seu coração e avançou, passo a passo, até a porta do quarto de hóspedes.

A porta estava escancarada, e sob a luz amarelada, duas silhuetas nuas entrelaçavam-se.