Capítulo 3

Enquanto seguíamos para o cassino, Chester suspirou.

— Eu sei. Você renasceu também.

Ri, mas sem qualquer traço de humor.

— Renasci ou não, que diferença faz? Vai começar a escolher favoritos agora?

— Me desculpe. — Murmurou ele, quase inaudível.

Balancei a cabeça, sem palavras.

— Chester, é só isso que você tem depois de tudo?

Do nada, ele me puxou para perto e me beijou até tirar meu ar.

— Tania. — Sussurrou ele, encostando a testa levemente na minha, a voz como um voto solene.

— Eu prometo, esta é a última vez que você vai passar por algo assim.

— A gente só vai ao cassino, gastar algum dinheiro pra tirar sua irmã do buraco. Você vai ficar bem.

— E depois disso, vou fazer de você minha esposa. Vou passar cada dia compensando tudo o que você sofreu.

Tentei sorrir, mas minha voz saiu rouca.

— Chester, só mais uma pergunta. Você não vê que ela tá só nos usando pra chamar atenção?

Chester hesitou, desviando o olhar do meu.

— Eu... eu não sei.

Não sabia, ou só estava fingindo?

Ridículo.

Eles todos conheciam o jogo dela, mas ainda assim me jogaram mais uma vez na linha de tiro.

...

A sala VIP do cassino era outro mundo, iluminação baixa, cortinas grossas abafando o caos lá fora.

Uma montanha de comprovantes de dívida e cópias de contratos estava espalhada sobre a mesa de apostas.

Juliana era um desastre, amarrada ao sofá perto da janela, maquiagem borrada por lágrimas, olhos selvagens de medo e súplica.

Seth correu até ela, a voz trêmula:

— Juliana, você tá bem?!

— Ei, ninguém disse que vocês podiam conversar — interrompeu o gerente do cassino, estalando os dedos. Seus capangas avançaram, bloqueando Seth.

— Chega de palhaçada. Paguem, ou vamos cobrar no corpo dela.

As mãos de Chester se cerraram. Entre dentes, ele perguntou:

— Quanto é a dívida?

— Um bilhão de dólares. Tá tudo aí, preto no branco, com o nome da família de vocês. Nem um centavo a menos. — Disse o gerente, sorrindo cruelmente enquanto batucava nos papéis.

Seth engasgou:

— Tudo isso?!

Eles jamais conseguiriam levantar tanto dinheiro ali, na hora.

Foi então que algo em Seth se partiu.

Ele olhou da pilha condenatória para mim, um traço de loucura surgindo em seu olhar.

— A Tania também é uma Larson. Ela não pode tomar o lugar da Juliana?

Congelei. No mesmo instante, todos os olhos se voltaram para mim.

— Que absurdo você tá falando? — A voz de Chester veio grave, baixa.

Seth bufou, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Se a Tania não tivesse humilhado a Juliana, você acha que ela teria fugido pra esse lugar? A Juliana é a inocente aqui. É justo que a Tania fique.

Ele mal terminou de falar, o gerente do cassino deu uma risada.

— Isso é interessante. Se ela é uma Larson, serve também. Parece saudável… o útero dela renderia um preço alto.

O rosto de Chester se distorceu de raiva.

— Nem pensar!

Mas os gritos de Juliana cortaram o ar:

— Chester… eu não posso morrer… por favor… você tem que me salvar…

A determinação dele vacilou. Seus punhos tremeram.

Por fim, ele se virou para mim, a voz cuidadosa, quase suplicante:

— Tania, você não quer ver sua irmã machucada. Só fica aqui, tá? Eu vou voltar, conseguir o dinheiro, e venho te buscar o mais rápido possível.

Foi como se meu sangue virasse gelo. Um sorriso torto, mais horrendo que qualquer choro, surgiu no meu rosto.

— Chester, você tá falando sério? Vai me deixar aqui pra levar ela?

Nos olhos dele, vi uma tempestade de culpa, conflito, uma luta tão profunda que parecia sem fundo.

— Tania. — Sussurrou.

— Eu vou voltar por você. Eu prometo.

O semblante de Seth estava rígido como pedra.

— Qual é o problema? Você só precisa esperar a gente juntar o dinheiro. A Juliana tá esperando, por que você não pode?

A Juliana podia esperar por um herói.

E eu?

O que sobraria pra mim?

Enquanto os capangas me seguravam, agarrei o pulso de Chester com o último fio de força.

— Chester, você vai mesmo ficar aí olhando enquanto eu perco meu útero de novo?

Ele estendeu a mão, como se fosse me salvar.

Mas Juliana se lançou pra frente, rompendo seu alcance e arrancando minha mão dele.

— Chester, eu tô apavorada! Vamos pra casa. Eu não aguento mais ficar aqui!

O conflito nos olhos dele evaporou quando ele segurou a mão dela.

— Eu sei que não é justo pra você, mas a Juliana não pode perder a chance de ser mãe. Ela sempre sonhou com o bebê dela.

Não consegui conter o sorriso sarcástico.

— Então você me sacrifica no lugar dela?

— Você vai ficar bem — disse rápido, talvez tentando se convencer.

— Eu vou pegar o dinheiro e, quando você sair, a gente se casa na mesma hora!

A porta bateu atrás deles, e a sala voltou ao silêncio.

Os papéis de dívida desapareceram da mesa, substituídos por duas taças de champanhe.

Fiz um gesto, e os soldados disfarçados de capangas recuaram respeitosamente.

Qualquer sinal da vulnerabilidade de antes desaparecera — só restava minha determinação fria como aço.

— Continuem com o plano. — Ordenei.

O soldado assentiu, pegou o anel da família que eu lhe entreguei e esmagou o chip que monitorava sinais vitais.

A mensagem "Tania está morta" logo ecoaria entre as fileiras da família.

O gerente do cassino ergueu sua taça para mim, sorrindo um sorriso familiar.

— Ansioso para trabalhar com você, Lady Queen.

A partir daquele momento, Tania deixou de existir.

No lugar dela, surgiu uma vingadora, pronta para semear medo nos corações deles.