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Capítulo 5

Author: Sofia Braga
Cecília soltou Gabriel e pegou uma pilha de presentes que estava no sofá ao lado.

— Esses são para você, Gabriel. Veja se gosta de algum.

Os olhos de Gabriel brilharam de entusiasmo quando ele viu um dos presentes.

— É o Homem de Ferro!

— Gabriel, você gostou? — Cecília acariciou os cabelos do menino e continuou. — É uma edição limitada. Pedi a ajuda de vários amigos para conseguir, foi bem difícil, mas finalmente encontrei.

— Obrigado, mamãe! — Gabriel segurou o boneco com alegria, e sua voz infantil e cheia de entusiasmo ecoou pela casa. — Mamãe, você é incrível!

O sorriso de Cecília ficou ainda mais radiante ao ouvir aquelas palavras.

— Meu amor, você finalmente me chamou de mamãe.

— O papai acabou de me dizer que você sofreu muito para me ter. — Gabriel colocou o boneco no sofá, pegou um lenço de papel e começou a limpar as lágrimas que ainda escorriam pelo rosto de Cecília. — Mamãe, me desculpe. Eu não deveria ter sido tão rude com você hoje de manhã. Não vou fazer isso de novo.

Ao ouvir isso, Cecília começou a chorar ainda mais. Suas lágrimas caíam sem parar, e sua expressão era de uma fragilidade que poderia partir o coração de qualquer um.

— Meu amor, você não tem culpa. A errada fui eu. Mas prometo que, a partir de agora, farei o meu melhor para ser uma boa mãe.

— Você já é uma boa mamãe! — Gabriel respondeu, abraçando-a espontaneamente. — O papai disse que você sempre me amou muito. E eu também vou amar muito você!

Cecília ergueu o olhar para Lucas, com os olhos ainda marejados, e murmurou:

— Obrigada, Lucas.

Lucas se aproximou e entregou-lhe um lenço de tecido.

— Esse é o mínimo que eu poderia fazer. Não chore mais, Gabriel vai ficar preocupado.

— É verdade, mamãe! — Gabriel disse, em um tom sério e doce ao mesmo tempo. — Você é tão bonita, não pode chorar, porque vai ficar feia!

Cecília riu suavemente enquanto pegava o lenço de Lucas e enxugava as lágrimas.

— Está bem, mamãe não vai chorar mais.

O clima na sala ficou leve, envolvido por uma atmosfera de ternura. Gabriel, cercado por vários presentes, sentou-se no sofá e começou a brincar alegremente. Cecília permaneceu ao lado dele, olhando-o com um sorriso amoroso.

Lucas, sentado em uma poltrona próxima, estava concentrado no celular, respondendo e-mails de trabalho.

Após alguns minutos, Cecília virou-se para ele, parecendo hesitar antes de perguntar em voz baixa:

— E a Valentina? O que você pretende fazer com ela?

Lucas levantou os olhos do celular, sua expressão permanecendo indiferente.

— Eu vou resolver isso.

— Valentina cuidou muito bem do Gabriel nesses anos. Para ser sincera, sinto que devo algo a ela.

— Isso não é culpa sua. — A voz de Lucas era baixa e firme. — Gabriel sempre foi seu filho.

— É isso mesmo, mamãe! — Gabriel interrompeu, levantando a cabeça do meio dos brinquedos. Sua voz era incrivelmente doce. — Eu sou seu filho! Era só questão de tempo até a gente se encontrar. E além disso, você é tão linda! O papai disse que eu sou bonitinho assim porque herdei a sua beleza!

— Seu pequeno bajulador! — Cecília tocou o nariz dele com o dedo, rindo. — Só não vá dizer essas coisas na frente da sua mamãe Valentina, senão ela vai ficar chateada.

— Não vai, não! — Gabriel respondeu com confiança. — A mamãe Valentina nunca ficaria brava comigo!

Nesse momento, o celular de Lucas tocou. Era uma ligação de trabalho. Ele atendeu rapidamente e, após ouvir por alguns segundos, levantou-se.

— Preciso voltar ao escritório.

— Tudo bem, vá cuidar do que precisa. O Gabriel vai ficar comigo. — Cecília hesitou por um instante e perguntou. — Você vai voltar para jantar?

Lucas pensou por um momento antes de responder:

— Assim que eu terminar, volto.

— Então, dirija com cuidado.

— Tchau, papai! — Gabriel acenou enquanto brincava com seus presentes.

Lucas respondeu com um leve aceno de cabeça antes de sair.

Tarde da noite, na sala de restauração do estúdio, as luzes permaneciam acesas.

Valentina, com seus longos cabelos presos em um coque com um prendedor, trabalhava em silêncio. A delicada curva de seu pescoço ficava à mostra enquanto ela usava óculos de proteção e luvas brancas, manuseando cuidadosamente suas ferramentas.

Ela estava inclinada sobre uma peça antiga, realizando os toques finais em sua restauração. Todos os outros funcionários já haviam ido embora, deixando o ambiente em um silêncio absoluto, quebrado apenas pelos sons suaves de suas mãos trabalhando.

Quanto mais sua vida pessoal parecia desmoronar, mais Valentina se dedicava ao trabalho, usando-o como uma âncora para manter sua sanidade.

Nos últimos anos, após vivenciar de perto a indiferença e a volatilidade das relações humanas, Valentina aprendeu uma lição valiosa: as pessoas podem ser imprevisíveis, mas dinheiro e carreira são conquistas que ela podia controlar com esforço e dedicação.

Cinco anos atrás, para permanecer em Cidade B e cuidar de Gabriel, ela havia recusado uma oportunidade que seu mentor havia conseguido para ela. O professor, ressentido, cortou relações com Valentina, e isso ainda era uma de suas maiores mágoas.

Desde então, ela carregava um sentimento de culpa por ter decepcionado alguém que acreditava tanto nela. Por isso, mesmo com o passar dos anos, ela continuou estudando e aprimorando suas habilidades, comprando materiais e se especializando nos momentos livres.

Após se formar, Valentina contraiu um empréstimo para abrir seu próprio estúdio. Hoje, o negócio já estava estabilizado, e ela conseguia cobrar valores consideráveis por seus serviços. Suas economias eram agora suficientes para garantir uma vida tranquila para ela e sua mãe.

Na verdade, tudo parecia estar finalmente entrando nos eixos.

Quanto às pessoas que ela não podia manter ao seu lado, Valentina sabia que aprender a deixá-las ir também fazia parte de crescer.

Depois de finalizar o trabalho de restauração, Valentina colocou o artefato cuidadosamente dentro de um recipiente apropriado.

Ela voltou para sua sala particular, encheu um copo com água morna e bebeu tudo de uma vez. Ao colocar o copo de volta na mesa, seus olhos recaíram sobre o calendário.

Com uma caneta em mãos, ela marcou um “x” sobre a data de hoje.

Restavam apenas oito dias para sua mãe sair da prisão. Segundo a previsão do tempo, aquele seria um dia ensolarado.

O celular, guardado no bolso, começou a vibrar. Era Lucas.

Valentina franziu a testa, respirou fundo e atendeu.

— Quando você vai voltar? — A voz grave de Lucas soou do outro lado da linha.

Valentina olhou para o relógio. Eram duas da manhã.

Ela estava exausta e não tinha disposição para encarar mais meia hora de estrada até em casa.

Enquanto massageava o pescoço dolorido, respondeu com um tom frio e distante:

— O que foi?

— Gabriel está esperando você voltar para contar a história de dormir.

A mão de Valentina, que massageava o pescoço, parou por um momento.

Ao lembrar-se de Lucas abraçando Gabriel mais cedo para consolar Cecília, um desconforto tomou conta de seu coração.

— Hoje eu não vou voltar. — Sua voz saiu neutra, sem qualquer emoção. — Você pode contar a história para ele.

Assim que terminou de falar, Valentina encerrou a ligação sem esperar resposta.

Mas, no segundo seguinte, o celular começou a vibrar novamente. Lucas estava ligando outra vez.

Valentina, agora irritada, desligou o celular e o jogou sobre a mesa. Ela se levantou, foi até a porta da sala de descanso que ficava ao lado e entrou.

Como restauradora, fazer horas extras e trabalhar até tarde era algo comum. Por isso, quando projetou o estúdio, Valentina incluiu uma sala de descanso anexa ao seu escritório.

A sala tinha um banheiro com chuveiro, roupas de dormir e itens de uso diário. Muitas vezes, quando estava ocupada demais, Valentina trazia Gabriel para o estúdio, fazia ele dormir primeiro e depois continuava trabalhando até tarde. Por isso, também havia na sala alguns itens de Gabriel, como cobertores e brinquedos.

Depois de um banho quente, Valentina vestiu um pijama confortável e se preparava para dormir quando um som repentino a fez parar.

— Mamãe! Mamãe, abre a porta! — A voz chorosa de Gabriel ecoava do lado de fora.

Valentina congelou por um instante, surpresa. Gabriel?

Ela saiu do escritório às pressas e foi até a porta principal do estúdio. Lá, através do vidro, viu Lucas segurando Gabriel, que chorava desesperadamente.

Gabriel estava usando um casaco de plumas, mas por baixo vestia apenas um pijama. Seus pés, descalços, estavam completamente expostos, sem sequer um par de meias.

Naquela noite de inverno em Cidade B, a temperatura estava próxima de trinta graus negativos. Gabriel, com sua saúde frágil, não podia se dar ao luxo de pegar um resfriado ou algo pior.

Valentina abriu a porta com raiva e preocupação.

— Por que você trouxe ele para fora a essa hora da noite?

— Mamãe! — Gabriel não esperou que Lucas respondesse. Ele soltou-se dos braços do pai e correu para Valentina.

Instintivamente, Valentina se abaixou e o segurou.

Gabriel passou os bracinhos ao redor do pescoço dela e enterrou o rostinho em seu ombro, chorando de forma descontrolada.

— Mamãe, você não me quer mais? — Ele soluçava desesperado. — Por favor, mamãe, não me abandona!

Valentina franziu levemente as sobrancelhas. Seu rosto ficou pálido, e uma dor repentina e opressiva começou a surgir em seu abdômen, que até então estava tranquilo.
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