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Capítulo 4

Author: Sofia Braga
Lucas vestia um terno preto, exalando uma frieza austera e uma autoridade inabalável.

O olhar dele passou rapidamente pelo rosto de Valentina, sem qualquer emoção, antes de pousar no pequeno Gabriel, que ainda chorava desconsolado.

— Gabriel, venha aqui. — Ele chamou o menino com um gesto firme.

Ao ouvir a voz de Lucas, as empregadas, assustadas, soltaram imediatamente o menino.

Gabriel correu para o pai sem hesitar.

— Papai! — Gabriel chorava, abraçando Lucas com força. — Papai, você finalmente chegou!

Lucas passou a mão pelos cabelos do filho, tentando acalmá-lo. Sua voz saiu baixa e firme:

— Diga ao papai o que aconteceu.

Antes que Gabriel pudesse responder, Cecília se aproximou. Ela secou as lágrimas do rosto e, com um tom de voz gentil e um pouco de culpa, explicou:

— A culpa é minha. Não pensei direito e apareci de repente. Gabriel ainda não conseguiu aceitar que sou a mãe dele, e isso o deixou muito abalado.

— Você não é minha mãe! — Gabriel gritou, empurrando Cecília com força. — Você é uma mulher má! Você nunca será minha mãe!

Cecília soltou um grito de surpresa, desequilibrando-se quando o salto de seu sapato torceu. Ela estava prestes a cair, mas Lucas avançou e a segurou firmemente, envolvendo-a em seus braços.

— Você está bem? — Ele perguntou, olhando para ela.

Cecília tentou apoiar o pé no chão, mas fez uma careta ao sentir dor.

— Acho que torci o tornozelo... Mas não importa. O mais importante agora é o Gabriel.

Lucas franziu a testa e, sem hesitar, inclinou-se para pegá-la no colo.

— Vou te levar ao hospital para verificar isso.

Ao se virar, os olhos dele encontraram os de Valentina.

Os olhos de Valentina estavam avermelhados, repletos de uma dor contida. Ela o encarou fixamente e perguntou:

— Ela é mesmo a mãe biológica do Gabriel?

— Cecília é, sim, a mãe biológica do Gabriel. — Lucas respondeu com firmeza, sua expressão séria e inabalável.

Valentina procurou algum traço de arrependimento ou culpa no rosto dele, mas não encontrou nada. A frieza dele apenas intensificou a dor que ela sentia, como se seu coração estivesse sendo esmagado.

— Gabriel escuta você melhor. Leve-o para casa e converse com ele. — Lucas disse de forma prática, antes de virar as costas e entrar no carro com Cecília em seus braços.

O Maybach preto saiu da mansão, deixando Valentina para trás.

Ela baixou a cabeça, respirando fundo para conter as lágrimas que ameaçavam cair. Seus lábios pálidos tremiam ligeiramente enquanto ela lutava para se recompor.

— Mamãe. — A voz de Gabriel a trouxe de volta à realidade. Ele segurou a mão dela com força. — Mamãe, seus olhos estão vermelhos. Você estava chorando?

Valentina se ajoelhou para ficar à altura do menino e acariciou seu rostinho, forçando um sorriso fraco.

— Mamãe não estava chorando. Vamos para casa, está bem?

Ela se levantou e olhou para Joana, com uma expressão séria.

— Você ouviu o que Lucas disse.

Joana franziu o rosto, claramente contrariada, mas não teve escolha a não ser permitir que Gabriel fosse embora com Valentina.

“Não importa. Cecília está de volta, e Lucas logo vai se divorciar de Valentina. Quando isso acontecer, ela não terá mais como usar Gabriel para se manter ligada à família Montenegro.”

Com isso em mente, o humor de Joana melhorou consideravelmente.

No caminho de volta para casa, Valentina tentou explicar para Gabriel quem era Cecília.

Mas o menino resistiu à conversa, começando a chorar novamente após poucas palavras.

Valentina, impotente e com o coração apertado, decidiu apenas acalmá-lo por enquanto.

Gabriel chorou até ficar exausto e adormeceu antes mesmo de chegarem em casa.

Quando chegaram, Valentina o carregou para o quarto infantil e o colocou cuidadosamente na cama. Ela ajeitou o cobertor sobre ele, certificando-se de que estava confortável.

Enquanto descia as escadas, ouviu o som de um carro chegando.

Ao abrir a porta, viu Lucas entrando na casa.

Seus olhares se cruzaram, e o ar pareceu ficar mais pesado.

— Onde está o Gabriel? — Lucas perguntou, com a voz baixa.

— Ele está dormindo no quarto. — Valentina respondeu.

Lucas assentiu brevemente e passou por ela sem dizer mais nada, subindo as escadas em direção ao quarto infantil.

Valentina se virou, observando a figura dele desaparecer no corredor. Sua mão, caída ao lado do corpo, se fechou em um punho.

Ela hesitou por um momento, mas decidiu segui-lo.

Depois de cinco anos de casamento, de incontáveis noites de intimidade, ela achava que tinha o direito de exigir uma explicação.

No segundo andar, ela o viu abrir a porta do quarto infantil e pegar Gabriel, ainda adormecido, em seus braços. Sem olhar para trás, ele começou a sair do quarto.

— Para onde você vai levar o Gabriel? — Valentina perguntou, parada na porta.

— Cecília está com depressão. Agora, mais do que nunca, ela precisa do Gabriel. — Lucas respondeu de forma seca, antes de sair com o menino nos braços.

Valentina ficou parada, imóvel, enquanto o som do carro se afastava.

Ele vinha e ia como bem entendia, sem se importar, sem dar espaço para que ela o questionasse.

Valentina olhou ao redor da casa vazia e sorriu amargamente.

Mas, enquanto ria, lágrimas começaram a cair de seus olhos, escorrendo pelo rosto como um rio que ela não conseguia conter.

Na área mais valorizada de Cidade B, conhecida pelo alto custo e pela excelência em segurança e serviços, ficava o luxuoso condomínio Mansão das Palmeiras.

O Maybach preto subiu a estrada sinuosa da colina até parar no interior da Villa Aurora, a mais imponente das propriedades do condomínio.

Dentro do carro, Gabriel já havia despertado.

Lucas o segurava nos braços e explicava, com o tom controlado e direto de sempre: Cecília era sua mãe biológica, enquanto Valentina havia sido apenas a pessoa que cuidou dele durante cinco anos.

Gabriel, após ouvir tudo, não fez birra nem chorou. Ele apenas levantou a cabeça e perguntou inocentemente:

— Então, agora eu vou ter duas mamães?

Lucas respondeu com um breve e seco “hum”, mas logo acrescentou com firmeza:

— A mamãe Cecília sofreu muito para ter você. Ela te ama muito. Por isso, você deve pedir desculpas a ela e chamá-la de mamãe. Entendeu?

Gabriel assentiu obedientemente, balançando a cabeça de forma comportada.

Quando entraram na casa, Cecília estava sentada no sofá da sala de estar. Sob suas pernas repousava um cobertor macio, enquanto o pé machucado estava cuidadosamente envolto em uma densa camada de ataduras.

Assim que viu Lucas e Gabriel se aproximarem, o rosto de Cecília, delicado e impecavelmente bonito, iluminou-se com um sorriso doce.

— Lucas, Gabriel, vocês chegaram!

Gabriel segurava a mão de Lucas com força e olhava para cima, como se buscasse uma confirmação silenciosa.

— Vá lá. — Lucas disse, passando a mão pelos cabelos do menino, incentivando-o com um gesto carinhoso.

Encorajado, Gabriel soltou a mão de Lucas e começou a caminhar em direção a Cecília.

Cecília estendeu os braços, com os olhos brilhando de expectativa.

— Gabriel, vem cá. Deixa a mamãe te abraçar, pode ser?

Gabriel hesitou por um breve momento, mas, após uma pausa, continuou andando até Cecília.

Ela o envolveu em um abraço apertado, e as lágrimas começaram a cair de seus olhos.

— Meu amor, me perdoa. A mamãe nunca quis ficar longe de você. Esses cinco anos, todos os dias, eu pensava em você…

O pequeno corpo de Gabriel ficou rígido no abraço dela. Ele não sabia como reagir.

Enquanto estava nos braços de Cecília, o menino sentiu o perfume floral dela, um aroma doce e marcante, bem diferente do cheiro leve e fresco que vinha de Valentina.
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