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Capítulo 8

Auteur: Sofia Dourado
Ryan, pela primeira vez, sentiu-se perdido, sem saber o que fazer. Ele franziu as sobrancelhas e insistiu, querendo respostas:

— Terminamos porque você me ignorou.

— Eu te ignorei? Como eu poderia ignorar você?

Maysa sorriu levemente, mas seus olhos estavam frios como gelo.

— Eu só não queria te deixar em uma situação difícil.

A garganta de Ryan se contraiu, e ele perguntou com hesitação:

— Difícil?

— Você não ia se casar? — Maysa respondeu com uma tranquilidade que escondia a dor que sentia. Ela sentiu o coração se apertar, mas respirou fundo e continuou. — Você estava procurando uma forma de se livrar de mim. Eu fui gentil o suficiente para facilitar as coisas para você, te dei uma desculpa para terminar.

Casar?

Ryan sentiu os músculos do rosto se contraírem, e seus olhos se estreitaram.

— Você sabia de tudo.

— Sim.

Maysa, como se zombasse da situação, perguntou de maneira ácida:

— Eu fui boa para você, não fui? Ryan, quantas amantes têm essa consideração?

Você não era uma amante, você era minha namorada...

A mente de Ryan estava um caos. Ele tentou argumentar:

— Não fale assim.

— Não há necessidade de falar mais nada. — Maysa bateu com os dedos na mesa de centro, como se quisesse encerrar o assunto.

Dizem que o passado é como o vento, algo que deveria desaparecer. Mas o passado de Maysa era uma tempestade, uma que a perseguia dia e noite, tornando impossível encontrar paz.

A única saída dela era fugir.

— Vamos falar de negócios. O passado já não importa, Sr. Ryan.

Ryan não conseguia se concentrar. Ele ignorou a tentativa dela de mudar de assunto e perguntou diretamente:

— Então você se casou com Heitor para se vingar de mim?

Maysa franziu levemente a testa, surpresa com a pergunta.

— Não diga bobagens, Ryan. Eu não me casei para te atingir.

— Não é possível, Maysa. Depois de tudo o que eu fiz, como você não pensaria em vingança? — Ryan sabia, no fundo, que estava tentando justificar sua própria culpa.

Ele agarrou o pulso de Maysa com força, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o som de passos no corredor chamou sua atenção. Alguém bateu na porta. Era o assistente de Heitor.

— Chefe Maysa, você está aí?

Maysa puxou o braço como se tivesse levado um choque, libertando-se do aperto de Ryan. Ela abaixou a voz e sibilou:

— Não me toque. Eu sou casada. Você enlouqueceu?

Enlouqueceu? Ele já estava louco há muito tempo. Ryan apertou os dentes, a mandíbula tensa.

— Quem está lá fora?

Maysa não respondeu. Ela caminhou até a porta, ignorando a pergunta de Ryan, e abriu.

— Estou aqui...

Antes que pudesse terminar a frase, a porta foi empurrada com força. Heitor entrou na sala com passos firmes e o semblante sério, seguido de seu assistente.

— Que atitude foi aquela com a minha mãe hoje de manhã? — Heitor disparou, com uma expressão de desagrado evidente.

Maysa recuou alguns passos, mas Heitor parecia disposto a continuar com a bronca. Contudo, ao olhar ao redor e perceber Ryan sentado no sofá, seu tom mudou, e ele perguntou, visivelmente irritado:

— O que o Sr. Ryan está fazendo aqui?

— Tratando de negócios. Por quê? Estou atrapalhando a conversa íntima de vocês? — Ryan respondeu, com um tom carregado de sarcasmo.

A resposta de Ryan era uma provocação clara. Ele sabia que Heitor não tinha o menor interesse ou conhecimento sobre os assuntos da empresa. O Grupo Loureiro era praticamente sustentado pelo trabalho incansável de Maysa.

Heitor franziu a testa, seus dedos inconscientemente se fecharam em punhos.

— Sr. Ryan, com sua agenda tão cheia, o que o traz à minha empresa?

Ryan riu sem humor, inclinando-se um pouco para trás no sofá. Seus olhos estavam afiados, como lâminas.

— A Maysa trabalha duro na sua empresa, né? Depois de ser repreendida pela sua mãe, agora tem que ouvir você também? O que vai fazer se ela largar tudo e sair daqui?

Heitor ficou momentaneamente sem palavras. Ele apertou os punhos com força, tentando conter a raiva, e retrucou:

— O Grupo Loureiro não depende dela.

— Que discurso corajoso. — Ryan levantou o dedo, apontando para si mesmo. — E você ainda faz isso na frente de um potencial parceiro de negócios? Entra na sala e começa a gritar com sua funcionária na frente de um cliente. Como você acha que isso reflete na sua imagem como CEO? Ou na reputação da sua empresa? Eu adoraria que todos os meus concorrentes fossem idiotas como você. Me pouparia muito trabalho, e eu poderia contar dinheiro em casa.

Heitor ficou pálido com as palavras de Ryan, mas, em seguida, seu rosto ficou vermelho de raiva. Ele abriu a boca para responder, mas Ryan já havia se levantado.

Ryan, com um movimento calculado, limpou a manga de sua camisa como se estivesse tirando pó inexistente. Em seguida, ele tirou um cartão de visita e, sem dizer nada, colocou-o no bolso do blazer de Maysa, logo abaixo de sua presilha. Sua voz saiu fria, carregada de ciúme e algo mais difícil de definir:

— Desbloqueie meu WhatsApp. Estou dizendo pela última vez.

Ele não queria presenciar o momento em que Maysa chamasse outro homem de “amor”.

Sem esperar resposta, Ryan se virou e saiu, batendo a porta com tanta força que o som ecoou pela sala, como se fosse a porta de sua própria empresa.
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