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capítulo 4

Author: Florzinha Nº 6
No segundo seguinte, me virei e dei de cara com o rosto fechado e sombrio de Lourenço.

Assim que o viu, Jesiane rapidamente mudou de expressão. Fez-se de frágil, os olhos marejados, e se atirou nos braços dele, chorando copiosamente.

— Lourenço, sua namorada foi tão cruel comigo. Eu só queria conversar... e ela tentou me bater...

Diante daquela cena, vendo Jesiane chorar daquele jeito em seus braços, a expressão de Lourenço ficou ainda mais carregada.

— Ariadne, por que você bateu nela sem motivo? Foi o Gilberto que te ensinou isso? Ou fui eu?

Senti os olhos arderem, vermelhos de raiva. Minha voz tremia, não de medo, mas de indignação.

— Sem motivo? Que ótimo, Lourenço! Vai até parecer que você não sabe o que aconteceu aqui! Tem câmeras no restaurante. Vai lá, vê você mesmo o porquê. Vê o que ela fez comigo!

Será que ele não via meu rosto molhado, meu corpo todo sujo de chá, meu estado deplorável?

Eu ainda queria manter a razão. Mostrar provas. Falar com calma. Mas ele, cego por Jesiane, nem sequer cogitou verificar as câmeras.

— Não importa o que houve, levantar a mão pra alguém é inaceitável! A Jesiane me disse que só marcou um almoço com você. Ela não te fez nada. Ariadne, bater em alguém é errado, e você precisa pedir desculpas!

Ele queria que eu pedisse desculpas? A vítima se desculpar com quem a atacou?

Senti uma onda de revolta me tomar por inteiro. Olhei firme nos olhos dele, a voz firme e carregada de dor:

— Eu não errei. E por nada nesse mundo vou me desculpar!

Ele insistia num pedido de desculpas. Eu mantinha minha postura. Nenhum dos dois recuava.

Até que Jesiane, percebendo que a briga podia sair do controle e expor tudo, levantou os olhos cheios de lágrimas e sussurrou com voz quebrada:

— A culpa foi minha. Não briga com a Srta. Ariadne. Meu coração tá meio acelerado... acho que não tô bem.

Ao ouvir isso, a expressão de Lourenço mudou completamente. Ansiedade e preocupação tomaram conta de seu rosto. Sem dizer mais nada, lançou um último olhar confuso na minha direção, então segurou Jesiane nos braços e saiu às pressas ao hospital.

Fiquei parada, assistindo os dois desaparecerem do corredor. O calor da raiva gradualmente deu lugar ao frio da solidão.

Toda a indignação virou mágoa. As lágrimas que segurei por tanto tempo finalmente escorreram sem controle.

Limpei-as rápido com a manga da blusa, fui ao banheiro, lavei o rosto e, sem olhar para trás, deixei o restaurante.

Assim que cheguei à beira da rua, uma moto surgiu do nada em alta velocidade, vindo direto na minha direção.

No instante seguinte, Lourenço apareceu como um raio, me agarrando com força e me protegendo com o corpo.

PÁH!

O impacto ecoou como um trovão. O mundo girou. Tudo ficou de cabeça pra baixo.

E então veio o vazio.

Quando abri os olhos novamente, já estava em uma cama de hospital.

Lourenço estava ali, sentado ao lado da cama. O rosto abatido, olheiras profundas, mas os olhos brilhavam de alívio ao me ver acordar.

— Ariadne, você acordou! Finalmente! Graças a Deus você está bem! Você me deixou desesperado, sabia? — Exclamou, quase sem fôlego.

— Não se mexe. Fica deitada, eu vou chamar o médico e a enfermeira pra te examinarem.

Saiu às pressas do quarto.

Instantes depois, ouvi o celular dele, deixado sobre a mesa, emitir um som de notificação.

Olhei de relance. Na tela, uma nova mensagem: era de Jesiane.

Logo depois, ele voltou acompanhado do médico.

Assim que notou a tela acesa, os olhos dele se estreitaram. Foi direto até o aparelho, pegou-o rapidamente e o desbloqueou. Leu a mensagem em silêncio. Seus passos hesitaram por um segundo.

Lançou um olhar rápido para mim, que estava sendo examinada.

— Você chegou a olhar o meu celular? — Perguntou, tentando soar casual.

Levantei os olhos e respondi, serena:

— Não. Por quê?

Ele soltou um pequeno sorriso, como se tivesse se aliviado.

— Nada. Besteira minha. — Murmurou, voltando-se para a enfermeira com perguntas sobre cuidados e medicação.

Foi a primeira vez que senti não conseguir entender completamente Lourenço. Ele não estava apenas brincando comigo? Essa história toda não era só um jogo? Então por que o incômodo ao pensar que eu poderia ter visto a mensagem de Jesiane?

Estaria com medo de me perder?

Não. Não posso me enganar de novo.

Já não importa mais.

Naquele dia, tomei minha decisão: eu voltaria pra casa.

Lourenço, eu não o queria mais.

Eu nunca mais o amei.
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