Capítulo 1

— Carla, ligue para a Sófia, rápido!

Ao ouvir novamente aquela frase familiar, despertei de repente. Eu havia renascido.

Sem hesitar, peguei meu celular e disquei o número de Sófia Lima.

O rosto de Wilson estava corado, e seu olhar, ao se fixar em mim, era febril e perdido.

Na vida passada, foi por causa daquele olhar que tomei uma decisão errada, que me levou a uma morte trágica.

Desta vez, desviei de seu olhar e saí rapidamente do quarto.

— Tio, aguente mais um pouco, o seu grande amor chega em dez minutos!

No instante em que fechei a porta, ouvi Wilson forçar algumas palavras entre os dentes, parecendo chamar meu nome.

Mas fingi não ouvir, bati a porta com força e fiquei de guarda do lado de fora.

Dez minutos depois, Sófia chegou apressada.

Ela me lançou um olhar complexo e só pareceu relaxar quando viu que minhas roupas estavam intactas.

Antes de abrir a porta do quarto, ela me olhou de soslaio.

— Você já pode ir, não é mais necessária aqui.

Virei-me e subi para o meu quarto.

Somente na madrugada o quarto no andar de baixo finalmente ficou em silêncio.

Soltei um longo suspiro de alívio.

Na vida anterior, por amar demais Wilson, eu me dispus a ser seu antídoto e acabei grávida de seu filho.

Mais tarde, pressionado, ele se casou comigo, mas no dia do nosso casamento, Sófia morreu inesperadamente, e ele perdeu seu grande amor.

Então, ele suportou tudo em silêncio até a data prevista para o meu parto, quando me trancou no porão.

Eu, com dores insuportáveis no ventre, chorei e implorei a ele, disposta a trocar minha vida pela do meu filho.

Era o filho dele também, mas ele ignorou minhas súplicas e viu, com seus próprios olhos, que eu e o bebê morríamos, apenas para vingar seu grande amor.

Nesta vida, eu segui suas instruções e chamei Sófia para ser seu antídoto. E em breve, eu também iria embora daquele lugar, para longe dele, para sempre.

Na manhã seguinte, Sófia apareceu à mesa do café da manhã da Família Serpa.

Wilson serviu-se de um pouco de ovos mexidos, tomou um gole de café e só então anunciou a todos, de forma displicente:

— De agora em diante, Sófia é minha namorada. Eu vou me casar com ela, então tratem-na bem.

Depois, ele olhou para mim e apontou em minha direção com o garfo:

— Especialmente você. Trate bem sua futura tia e não me arranje problemas.

Assenti, impassível.

Sófia sorriu com um canto da boca, um sorriso triunfante dirigido a mim.

Fingi não ver e, antes mesmo de terminar o café da manhã, anunciei que voltaria para o meu quarto.

Mas, assim que me levantei, ouvi Sófia chorando de maneira triste:

— Wilson, será que a Carla não me quer nesta família? Eu sei que ela é muito importante para você. Se ela não gostar de mim, é melhor eu não ficar aqui.

Enquanto falava, algumas lágrimas rolaram pelo seu rosto, com uma expressão da mais profunda mágoa.

Wilson franziu a testa e me chamou, irritado:

— Carla, sente-se e termine seu café.

Eu não obedeci e respondi com indiferença:

— Já terminei.

A irritação de Wilson aumentou, e seu tom ficou impaciente:

— Carla, eu mandei você se sentar! Por acaso não entende o que eu digo?

— Onde foram parar seus bons modos? Você cresceu ao meu lado, foi assim que eu te eduquei?

Nesta vida, eu não tinha a intenção de me envolver com eles, mas um após o outro, pareciam não querer me deixar em paz.

Virei-me e sorri educadamente para ele e para Sófia:

— Tio, tia, eu realmente já terminei. Comam com calma, não vou mais acompanhá-los.

Meia hora depois, bateram na porta do meu quarto.

Ao abrir, dei de cara com os olhos sombrios de Wilson.