Capítulo 1

Gravemente grávida, arrastei-me pelo chão, rastejando em direção à pesada porta de aço.

No instante em que a porta se fechou com um estrondo ensurdecedor, meus dedos ficaram presos na batente.

Ouvi o som nauseante de ossos se quebrando.

Uma nova onda de agonia atravessou meu corpo, sufocando o tormento causado pela droga. Um grito penetrante escapou da minha garganta.

Mas a mente de Vito estava inteiramente voltada para Scarlett. Ele era surdo aos meus gritos.

De repente, um líquido quente começou a escorrer. Eu sabia que minha bolsa havia estourado.

O medo absoluto e frio me consumiu.

Minha única luz vinha do tênue e fantasmagórico brilho verde de uma placa de saída de emergência acima da porta.

Forcei-me a manter a calma, batendo na porta e gritando por socorro.

Mas aquele era o quarto cirúrgico particular de Vito, isolado e à prova de som, mergulhado em quase completa escuridão, sem janelas para o mundo exterior.

Ninguém podia ouvir meus gritos enfraquecidos.

O bebê dentro de mim chutava violentamente, como se tentasse escapar daquela prisão gelada.

Eu estava encharcada, embora não conseguisse distinguir se era suor ou sangue.

As toxinas do supressor de parto drenavam minha força, sugando minha vida a cada segundo que passava.

Reuni minha última gota de energia para um último grito desesperado.

Finalmente, ouvi passos do lado de fora.

— Por favor, me ajudem! — Gritei, com a voz rouca. — Estou presa no quarto cirúrgico! Estou em trabalho de parto!

Repeti várias vezes, acreditando que minha salvação tinha chegado.

Mas então, uma voz respondeu, carregada de prazer sádico:

— Ora, ora, Alessia. Olha só o estado patético em que você se encontra. Vito devia ter te ensinado a obedecer há muito tempo.

Era Gianna, irmã de Vito.

Fechei os olhos com força, lutando para manter minha voz firme.

— Gianna, por favor, me deixe sair. O bebê está chegando. Eu não aguento mais.

Gianna abriu a porta e olhou para mim, o rosto uma máscara de puro desprezo.

Por um instante fugaz, pensei que ela pudesse me ajudar.

No instante seguinte, ela chutou minhas costelas com força. O golpe me roubou o fôlego, e pontos negros dançaram diante dos meus olhos.

Sua voz era afiada como lâmina de navalha.

— Deixar você sair? Para atrapalhar o parto da Scarlett? Fique quieta, Alessia. Vito me enviou para vigiar você.

— Você não é digna de ser esposa do Vito. Ele queria que eu garantisse que você ficasse no lugar e refletisse sobre o que fez. Vito já tem problemas demais sem você causar mais confusão.

— O filho de Scarlett será o herdeiro desta família. Seus truques insignificantes não vão mudar isso.

Outra contração violenta arrancou um grito dos meus lábios.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu ofegava:

— Meu filho não fará parte dos negócios da família. Eu desistirei de tudo! Mande uma mensagem para Vito. Me deixe ir. Eu sumirei desta família e nunca mais olharei para trás. Juro por isso.

Meus gritos pareciam apenas enfurecê-la ainda mais.

Ela franziu o cenho:

— Vadia. Quem você pensa que está seduzindo com todo esse barulho? Patética.

Então, apertou seu walkie-talkie, contactando Vito.

A agonia combinada da droga e do parto iminente estava dilacerando minha alma.

— Sem problema, Vito, não se preocupe. Vou ficar de olho nela. — Respondeu Gianna.

Quando ouvi a voz de Vito, uma fagulha de esperança se acendeu dentro de mim. Ele tinha que se importar comigo. Ele tinha que se importar com nosso filho.

Gritei com todas as minhas forças:

— Vito! O bebê está chegando! Agora! Por favor, peça para a Gianna me levar ao hospital! Agora!

Chorava, minha voz fraca, tremendo incontrolavelmente.

Gianna hesitou. Ouvi-a sussurrar no walkie:

— Vito, estou começando a acreditar que é verdade. Do jeito que ela está gritando… não parece fingimento.

— Talvez eu devesse levá-la ao hospital. Afinal, ele é seu único filho. Se algo acontecesse…

Vito pausou por alguns segundos, como se ponderasse.

Então, seu tom suavizou:

— Muito bem, então, você pode levá-la…

Nesse momento, uma voz delicada ronronou do outro lado:

— Vito, querido, estou com sede. Pode me trazer um pouco de champanhe? O médico disse que preciso relaxar se quiser ter forças para dar à luz ao nosso pequeno príncipe.

— Ah, a Alessia está em trabalho de parto? Não é nada, querida. Nem dói. Sinceramente, sinto que poderia treinar para uma maratona. Alessia é uma mulher forte. Ela ficará bem.

Claro que para ela não doía.

Toda a equipe médica e os recursos da família haviam sido direcionados para seu luxuoso e moderno quarto de parto privado.

Ela estava sendo tratada como uma rainha.

Poucas palavras de Scarlett bastaram para mudar tudo. Para mudar a mente de Vito.

Sua voz se tornou gelada como gelo:

— O que poderia dar errado? É uma encenação. Ela está tentando enganar você para deixá-la sair. Não acredite. Confiar nela só vai fazer você parecer um tolo.

O walkie-talkie caiu em silêncio.

Queimada pela repreensão de Vito, Gianna voltou sua fúria para mim.

Ela colocou a mão em uma bolsa de couro e puxou uma cobra, avançando na minha direção.