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Capítulo 5

Author: Heloísa Rodrigues
— Desculpa, não era minha intenção escutar a conversa de vocês dois. — Sérgio passou os dedos pelo nariz num gesto casual. — Com licença.

Sérgio levantou a mão e tocou a ponta do nariz, tentando passar entre os dois para sair, quando foi de repente puxado por Isabela.

Ela segurou o braço de Sérgio e se virou para olhar Gustavo:

— Você não queria saber com quem eu passei a noite passada? Pois bem, foi com ele!

Ao ouvir aquilo, a expressão de Gustavo, que antes estava pálida de dor, mudou ligeiramente.

Em seguida, ele pareceu se lembrar de algo e soltou uma risada. Se virando para Sérgio, disse:

— Sr. Sérgio, desculpe, a Isabela está apenas fazendo drama. Pode entrar para curtir a festa.

Sérgio era a maior autoridade no círculo deles, não só pela força da empresa familiar, mas também por ser um dos mais destacados entre os herdeiros ricos. Com a idade ainda jovem, ele já detinha grande poder na empresa da família Medeiros. Por isso, todos sempre o tratavam com muito respeito, e ninguém ousava brincar com ele.

Sérgio levantou uma sobrancelha e seguiu em frente.

Isabela ficou parada por um momento, olhando para as costas de Sérgio, e sentiu um breve arrependimento.

Depois de tudo o que aconteceu na noite passada, ele simplesmente estava indo embora daquele jeito? Não queria nem ajudar com uma coisinha pequena?

No momento seguinte, ela ouviu Gustavo falar:

— Isabela, eu sei que você quer me provocar, mas não envolva o Sérgio nisso. Arrumar encrenca com ele é uma dor de cabeça, sabe?

Ao ouvir as palavras deles, Sérgio parou e olhou para Gustavo com um olhar gélido.

— O que foi? O Sr. Gustavo está querendo dizer que eu sou assustador?

Gustavo engoliu seco:

— Não, não era isso o que eu queria dizer.

Quando ele estava prestes a tentar explicar novamente, viu Sérgio se aproximando e dizendo para Isabela:

— Resolva suas coisas. Te levo para casa depois.

Isabela ficou sem palavras.

— Tá bom. — Ela respondeu. — Podemos ir agora.

Gustavo arregalou os olhos, olhando para os dois. Sérgio nunca foi de se envolver nas coisas dos outros, e naquele momento ele estava dizendo que iria levar Isabela para casa?

Será que havia algo entre os dois?

O rosto de Gustavo ficou ainda mais sombrio, especialmente quando viu os dois saindo juntos. Ele ficou com a cara ainda mais fechada.

Mas ele não ousava desafiar Sérgio, então socou a parede ao lado, frustrado.

Isabela seguiu Sérgio até a saída, onde um Maybach preto se aproximou lentamente. O motorista saiu e abriu a porta do carro para Sérgio, mas Sérgio então se virou para Isabela:

— O que você está fazendo aí parada? Entre logo.

Isabela, surpresa, respondeu:

— Hã?

Ela achou que Sérgio tivesse apenas feito uma cortesia. Mas Sérgio levantou uma sobrancelha e disse com ar de desafio:

— Eu, Sérgio, não sou de dizer mentiras.

Isabela se deu conta de que não tinha outro jeito. Para não parecer mal-educada, acabou entrando no carro. Caso contrário, pareceria que estava com medo daquele homem.

Após o carro começar a andar, Isabela informou o endereço de casa.

A seguir, o ambiente no carro ficou estranhamente silencioso.

Após um bom tempo, Sérgio soltou um riso sarcástico:

— Seu nome combina mesmo com você, pelo visto.

Isabela olhou para ele, sem entender:

— Hã?

Logo ela percebeu que Sérgio estava zombando de seu nome.

"Isabela" soava como "Isso bela" ou... "Isso cega"?

Ela queria rebater, mas a verdade é que o que Sérgio dizia estava correto.

Sérgio tocou o colarinho da camisa, dando uma risada seca:

— Então, ontem você me usou como ferramenta?

Isabela apertou os lábios, achando a pergunta de Sérgio um pouco ridícula.

— Então, o Sr. Sérgio acha que saiu perdendo? — Ela estava bem confiante com sua aparência e corpo.

No entanto, assim que ela disse aquilo, a expressão de Sérgio escureceu na hora. Ele fechou os lábios em silêncio por um momento e, então, falou para o motorista:

— Pare o carro.

O motorista parou prontamente, e Isabela, completamente sem entender, perguntou:

— O que aconteceu?

Sérgio, no entanto, se virou para ela e disse com a voz gelada:

— Desça do carro!

Isabela olhou pela janela, confusa. Eles estavam se dando bem até então, e naquele momento ele estava pedindo para ela descer?

Além disso, ali era uma ponte elevada, onde seria difícil pegar um táxi!

— Desça! — Sérgio repetiu.

Ela hesitou, mas acabou saindo do carro.

A voz de Sérgio surgiu do veículo:

— Eu detesto ser usado. Isabela, estamos quites agora!

Depois daquilo, ele mandou o motorista seguir viagem, deixando Isabela sozinha na beira da estrada, tremendo.

— Babaca! — Ela bufou, revirando os olhos. Pensou por um momento e ligou para Suzana, informando onde estava para que ela fosse buscar ela.

Suzana chegou meia hora depois. Assim que entrou no carro, não pôde deixar de reclamar:

— Parece que estou com a sorte virada, até água engasga!

Suzana olhou para ela, curiosa:

— O que aconteceu?

Isabela suspirou, deu uma olhada em Suzana e disse:

— Acho que acabei de estragar aquele contrato importante com o grande cliente... Adeus, suas férias na Europa.

Ela estava mesmo com a sorte toda contra ela ultimamente, nada estava dando certo.
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