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Capítulo 3

Author: Isabela Monteiro
Ao ver Augusto e Letícia, Sabrina franziu a testa involuntariamente, com uma expressão de profunda repulsa nos olhos.

Ela disse friamente:

— Este violino não está à venda.

As sobrancelhas de Letícia se contraíram levemente, e o olhar recaiu instantaneamente sobre Paloma, que permanecia ao lado de Sabrina.

Em comparação com a beleza delicada e fofa de Letícia, Paloma era mais elegante e imponente.

Paloma tinha o rosto oval perfeito, traços delicados, olhos como águas ondulantes, uma verdadeira beleza de aura artística, como se tivesse saído de uma pintura, com uma elegância natural.

No instante em que viu Paloma, um brilho sutil atravessou o olhar de Letícia.

Ela se aproximou rapidamente de Paloma, olhando para ela com uma expressão de súplica.

— Srta. Paloma, este "Estrelas no Céu da Noite" pertence a uma amiga sua? Você pode pedir para sua amiga me emprestar este violino por algum tempo? Eu e o Augusto nos conhecemos justamente por causa do violino. Naquela época, eu praticava violino no jardim dos fundos, o Augusto se sentia atraído pelas minhas músicas e acabou me encontrando, e foi assim que ficamos juntos... Ele adora me ouvir tocar violino. Srta. Paloma, eu não sei por quanto tempo ainda vou aguentar, nem se vou poder realizar o concerto com sucesso. Mas, de qualquer forma, quero tentar mais uma vez.

Paloma não sabia se Letícia fazia aquilo de propósito ou não, mas Letícia abaixou suavemente a cabeça, revelando o colar familiar no pescoço.

A luz do teto refletiu no colar, fazendo-o brilhar intensamente.

O brilho atingiu os olhos de Paloma, incomodando-a de imediato.

Ela disse friamente:

— Neste mundo, pessoas morrem todos os dias. Será que eu sempre vou precisar ser condescendente e tolerante se todas as pessoas gravemente doentes aparecerem diante de mim?

Talvez nunca tivesse ouvido palavras tão duras antes, pois os olhos de Letícia se encheram de lágrimas.

As lágrimas brilharam nos olhos dela, prestes a rolar pelo rosto.

O semblante de Augusto se fechou:

— Paloma, é apenas um violino, por que agir de maneira tão incisiva? Se você quiser, eu posso te dar outro.

Paloma o encarou e disse:

— Pois é, é só um violino. Se ela quiser, você pode dar outro para ela, então por que tem que ser justamente o meu?

Letícia suplicou ao lado:

— Srta. Paloma, afinal, o que é preciso para que me emprestem o violino? Se houver alguma condição, pode dizer.

Qualquer condição que ela impusesse, no final seria Augusto quem teria de arcar.

Paloma esboçou um sorriso silencioso:

— Aparentemente, a Srta. Letícia aprecia muito as coisas deixadas pela minha mãe. Não basta gostar do colar dela, agora também está de olho no violino.

Letícia respondeu, confusa:

— Não entendo o que a Srta. Paloma quer dizer.

Paloma, ao ver a expressão de Letícia fingindo não saber, riu friamente em seu íntimo.

— Este "Estrelas no Céu da Noite" foi um presente da minha mãe para mim. O colar que a Srta. Letícia usa no pescoço também era dela, e tinha sido deixado para mim.

O rosto de Letícia empalideceu de repente:

— Desculpe, eu realmente não sabia que era algo da sua mãe... Ontem à noite, o Vagner me entregou uma caixinha de presente com o colar dentro. Eu pensei que fosse um presente do Augusto e acabei usando. Não imaginei que pertencia à mãe da Srta. Paloma...

Paloma sorriu levemente:

— Então, agora que já sabe, pode me devolver o que é meu?

Letícia tocou no colar no pescoço, mordeu levemente o lábio inferior e, prestes a chorar, olhou para Augusto.

— Augusto, já que a Srta. Paloma pediu... Por que não deixar o colar para ela? Não vale a pena irritá-la por tão pouco.

"Por que não deixar o colar para a Srta. Paloma?"

Ela disse "deixar", não "devolver".

No fundo, mesmo sendo da mãe de Paloma, o colar não lhe pertenceria.

Ela só iria ceder para Paloma porque ela pediu.

Augusto, por sua vez, já acreditava que o pedido de divórcio de Paloma era apenas uma ameaça deliberada, o que, no fundo, lhe causava certo desagrado.

Agora, ao ouvir o que Letícia disse, o semblante dela se tornou ainda mais frio.

— Não precisa. — A voz do homem soou límpida como a água. — Já que te dei, agora pertence a você.

— Mas... — Letícia ainda quis dizer algo, mas foi interrompida por Augusto.

O semblante de Augusto se tornou indecifrável:

— Uma vez que algo foi dado de presente, não faz sentido devolver.

No espaço entre as sobrancelhas de Letícia surgiu uma emoção difícil de conter.

Paloma, instintivamente, apertou os punhos.

Logo em seguida, ela deixou surgir nos lábios um leve sorriso.

— A Srta. Letícia não queria que eu emprestasse o violino? Sem problemas, basta que o Sr. Augusto venha me pedir, e eu vou considerar a possibilidade.

As pupilas de Letícia se dilataram levemente, e uma expressão de incredulidade surgiu em seu olhar.

O rosto de Augusto assumiu uma expressão sombria e assustadora.

Ele falou friamente:

— Paloma, não exagere.

Paloma retrucou com ironia:

— Eu pensei que, pelo bem da Srta. Letícia, o Sr. Augusto seria capaz de concordar com qualquer coisa. Mas, pelo visto... Não é bem assim.

Antes, Paloma acreditava que, por Letícia, Augusto seria capaz de qualquer sacrifício.

Agora, ela via que tudo o que ele podia sacrificar eram coisas sem importância.

Como, por exemplo... Paloma.

Depois que Paloma enxergou tudo isso, o coração dela permaneceu sereno, sem qualquer agitação.

Ela se virou para o gerente ao lado e disse:

— Se não me engano, a autorização para este violino expira justamente hoje. Por favor, retire o violino da exposição, pois pretendo levá-lo comigo hoje.

O gerente, cauteloso, lançou um olhar de esguelha para Augusto.

Paloma arqueou as sobrancelhas:

— O quê? Eu, como proprietária do violino, não tenho o direito de levá-lo comigo?

— Claro que tem, claro que tem. — O gerente sorriu prontamente. — Vou providenciar imediatamente a documentação de transferência para a Srta. Paloma.

Após concluir os trâmites de transferência, Paloma pegou o violino e saiu sem nem sequer lançar um olhar para Augusto e Letícia, partindo sem se virar.

Augusto, ao observar as costas da mulher que se afastava, franziu as sobrancelhas com força.

Letícia baixou levemente a cabeça, demonstrando certa culpa em sua expressão.

— Deve ter sido porque ontem Augusto se esqueceu de comemorar o aniversário da Srta. Paloma. Por isso, a Srta. Paloma ficou zangada. A culpa é toda minha, por causa da minha saúde debilitada, vivia te dando trabalho.

— Isso não tem nada a ver com você. — Augusto desviou o olhar e disse, com voz fria. — Se prepare para o concerto. Aquele "Estrelas no Céu da Noite", em breve vou mandar alguém entregar para você.

Letícia então exibiu um sorriso de alegria:

— Está bem.

...

Naquela noite, como raramente, Augusto voltou para casa no horário habitual.

No entanto, Paloma não arrumou a mesa nem ficou esperando por ele como costumava fazer.

Quando chegou a hora do jantar, Vagner também desceu pontualmente para comer.

Ao ver a sala de jantar completamente vazia, sem nada preparado, Vagner demonstrou um semblante de dúvida.

— Papai, a mamãe não preparou o jantar hoje?

Paloma era uma dona de casa extremamente competente, que ao longo dos anos nunca reclamou nem discutiu, cumprindo seu papel de esposa de maneira exemplar.

Embora Augusto não tivesse sentimentos profundos por ela, no geral, ele ficava satisfeito com sua postura.

Vagner tinha um estômago sensível, além de ser bastante exigente com a comida.

Os jantares e as refeições noturnas eram quase sempre preparados por Paloma, que raramente recorria às empregadas, preferindo cozinhar pessoalmente.

Augusto se lembrou dos acontecimentos daquele dia, os lábios finos se comprimiram e uma leve insatisfação surgiu em seu rosto.

"Se ela está tentando me ameaçar agindo dessa forma, está sendo presunçosa demais."

— Não se preocupe com ela. — Augusto disse friamente. — Vou levar você para jantar fora.

Vagner bateu palmas de alegria:

— Oba! Podemos chamar a tia Letícia para ir junto! Assim, vou poder comer aquelas balas de goma deliciosas de novo!

— Balas de goma? — Augusto ficou um pouco surpreso. — Sua mãe não disse que você é alérgico, que não pode comer balas de goma?
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