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Pais Pobres, Corações Bilionários
Pais Pobres, Corações Bilionários
Author: Pequeno Ouriço

Capítulo 1

Author: Pequeno Ouriço
Assim que cheguei em casa, joguei toda a comida da mesa no lixo. Se fosse antes, eu jamais teria coragem de fazer isso.

Desde que me lembro, sabia que minha família tinha dificuldades financeiras. Tudo o que eu comia ou vestia era fruto do sacrifício dos meus pais, que economizavam cada centavo. Roupas novas? Isso era um luxo que eu nunca tive.

Minha mãe sempre trazia, a cada trimestre, uma sacola cheia de roupas usadas. Ela costumava dizer:

— Essas roupas são das filhas dos meus colegas de trabalho. Já estão limpas e em ótimo estado. Não precisamos comprar novas.

Eu nunca soube de onde exatamente ela conseguia essas roupas, mas, na minha infância, quase nunca usei algo novo. As peças eram sempre grandes ou pequenas demais, e, na escola, meus colegas zombavam de mim, dizendo que eu parecia uma catadora de lixo.

Por isso, me agarrei aos estudos com toda a força que tinha. Pensava que, um dia, com meu esforço, eu mesma poderia comprar roupas novas e bonitas.

Nos feriados, quando recebia algum dinheiro dos parentes, entregava tudo para meus pais, achando que isso ajudaria a aliviar o peso financeiro deles. Porém, quem diria que eles, na verdade, não tinham nenhuma dificuldade?

Eu pesquisei sobre aquele carro de luxo e descobri que ele pertencia à poderosa família Pires, uma das famílias mais ricas da cidade. O herdeiro da família, inclusive, já havia sido flagrado dirigindo esse mesmo carro enquanto exibia uma atriz famosa ao seu lado, chamando a atenção de todos.

Eu me lembrava perfeitamente daquela notícia de fofoca. Na época, vi o rosto do herdeiro em várias fotos, e, para minha surpresa, era o mesmo rapaz que vi esta noite.

"Então, no final das contas, eu sou uma herdeira bilionária!", pensei, com uma mistura de ironia e incredulidade.

Soltei uma risada abafada e enxuguei o nariz. Ainda sem acreditar, fui até o quarto dos meus pais e comecei a procurar. Não sei se eles foram descuidados ou confiantes demais, mas eles realmente deixaram o contrato em casa.

Foi assim que encontrei um contrato milionário, assinado pelo meu pai. Entre os papéis, havia uma caneta Montblanc, reluzente, como se fosse um símbolo de status. Ao ver aquilo, algo dentro de mim morreu.

Devolvi tudo ao lugar, voltei para o meu quarto e me enfiei debaixo das cobertas.

"Tomara que, quando eu acordar, tudo isso não passe de um pesadelo."

Na manhã seguinte, acordei com o cheiro de comida vindo da cozinha. Meus pais já estavam ocupados preparando o café da manhã.

Olhei para a mesa e vi algo que me deixou intrigada. Quem, logo cedo, prepara paella de frutos do mar?

O aroma me lembrou o banquete que meu professor nos ofereceu uma vez, e o sabor era exatamente o mesmo. Olhei para o saco de lixo perto da porta e, como imaginei, lá estavam as embalagens caríssimas.

— Pai, mãe, ficamos ricos? — Perguntei, com um tom que misturava sarcasmo e curiosidade.

Sentei-me à mesa e encarei os dois. Minha mãe me olhou surpresa, com uma expressão de confusão.

— Caroline, o que você está dizendo?

— Então como vocês conseguiram pagar por uma paella tão cara?

Apontei para o saco de lixo. O rosto da minha mãe ficou imediatamente pálido. Meu pai, no entanto, soltou uma risada nervosa e respondeu:

— Ah, isso? Ontem à noite, fiquei até tarde ajudando meu chefe com o trabalho. Ele pediu essa comida, mas não quis levar para casa. Então trouxe para você e sua mãe. Você sabe que, com o nosso salário, nunca poderíamos pagar algo assim.

— Entendi. — Assenti e comecei a comer, mas por dentro, só conseguia rir amargamente.

"Paella de frutos do mar, quinhentos e oitenta reais. O jantar de ontem provavelmente custou dezenas de milhares."

Se eles fossem realmente pobres, eu teria achado a comida deliciosa. Mas, agora que sabia a verdade, tudo parecia ter gosto de areia.

Depois de duas garfadas, larguei os talheres e me levantei.

— Estou satisfeita.

Minha mãe me olhou, preocupada:

— Caroline, você comeu tão pouco. Não está se sentindo bem?

A preocupação no olhar dela parecia genuína, mas eu não podia mais confiar. Sacudi a cabeça e forcei um sorriso:

— Não é isso. Hoje vamos para a casa do vovô, certo? Quero guardar espaço para um bom almoço.

Ela respirou aliviada, enquanto meu pai, com uma expressão de culpa no rosto, parecia prestes a dizer algo. Porém, antes que ele pudesse abrir a boca, o celular dele tocou.

Olhei para a tela e vi o nome salvo como "Filho Querido Ronaldo".

"Ronaldo é o filho querido dele. E eu, o que sou?", pensei.

Meu pai saiu rapidamente para atender a ligação no terraço, e minha mãe o seguiu. De onde estava, consegui ouvir partes da conversa. Ele dizia algo como "seja discreto" e "não deixe ela descobrir".

Foi nesse momento que meu coração congelou. Eles sempre souberam. Sempre estiveram conspirando para esconder tudo de mim.

De repente, me senti como se vivesse no "Show de Truman", mas, ao mesmo tempo, tudo era tão real.

Depois de desligar o celular, meu pai se aproximou de mim e tirou um envelope cheio de dinheiro do bolso, estendendo-o na minha direção.

— Caroline, surgiu um imprevisto na empresa. Eu preciso ir agora!

Minha mãe, percebendo minha expressão, rapidamente tentou me confortar:

— Não tem problema, filha. Eu vou com você.

Eu assenti, peguei o envelope e o guardei no bolso. Em seguida, comecei a me arrumar junto com minha mãe para irmos à casa do meu avô.

Quando chegamos ao local, meu avô me viu e imediatamente veio ao meu encontro, segurando minha mão com entusiasmo:

— Caroline chegou! Entre logo, está frio lá fora!

As mãos dele eram macias e lisas, completamente diferentes das mãos calejadas que eu imaginava que um antigo operário teria.

A casa onde ele morava era um apartamento em um conjunto habitacional do setor metalúrgico. Segundo minha mãe, meu avô havia se aposentado como operário de uma siderúrgica. Mas, ao observar como ele vivia confortavelmente, era difícil acreditar nisso.

Minha avó, ao me ver, sorriu calorosamente e me entregou um envelope. Eu o aceitei com educação:

— Obrigada, vó.

Sem pensar muito, guardei o envelope no bolso. Minha mãe, que estava ao meu lado, ficou visivelmente surpresa. Normalmente, sempre que eu recebia dinheiro, entregava diretamente a ela. Nessas ocasiões, ela sempre dizia, com um sorriso satisfeito:

— Caroline é realmente sensata.

Mas, naquele dia, fiz diferente. Até minha avó pareceu surpresa, mas logo riu e comentou:

— Ah, então agora a Caroline já está aprendendo a guardar dinheiro pra si mesma!

Eu arqueei as sobrancelhas e sorri de leve, respondendo:

— Não é bem isso, vó. É que a mamãe disse que ano novo, vida nova. Decidi guardar um pouco pra comprar algo especial pra mim.

Minha mãe, tentando disfarçar o desconforto, se apressou em me elogiar:

— Caroline é realmente sensata. Ela paga os próprios estudos e até as despesas do dia a dia com o que ganha.

Eu sabia exatamente quanto dinheiro estava naquele envelope. Minha avó nunca dava mais do que quinhentos reais, um valor que não fazia nem cócegas perto do custo das minhas mensalidades escolares.

Era um absurdo. Eles tinham tanto dinheiro, mas sempre encontravam uma forma de economizar em tudo quando se tratava de mim. Não entendia por que essa "educação de dificuldades" parecia ser reservada apenas para mim.

Minha avó não disse mais nada e foi para a cozinha preparar o almoço. Quando ela trouxe a comida, dei apenas algumas garfadas antes de perder o apetite. Reconheci imediatamente os pratos: eram idênticos aos que vi na noite anterior no restaurante cinco estrelas.

Foi nesse momento que tive certeza. Minha família era rica. Meu pai e minha mãe eram milionários que fingiam ser pobres. Até mesmo meus avós estavam nessa farsa, colaborando com eles.

Depois do almoço, minha mãe recebeu uma ligação e usou o trabalho como desculpa para sair às pressas.

Meus avós, parecendo cansados, começaram a bocejar, claramente indicando que estavam prontos para descansar. Eu também não queria insistir em ficar mais tempo e me despedi. Mas, em vez de ir embora, me escondi na esquina, observando a casa à distância.

Como esperado, não se passaram vinte minutos até que uma limusine preta chegou e parou em frente ao prédio. Vi meus avós saírem, cercados por várias pessoas, e entrarem no carro sem nem olhar para trás.

Respirei fundo, puxei o capuz sobre a cabeça e me aproximei discretamente. Notei que algumas funcionárias da limpeza estavam conversando enquanto recolhiam o lixo.

Uma delas comentou, balançando a cabeça:

— Essa família é um mistério. Todo ano, é a mesma coisa. Eles vêm, passam um único dia aqui, cozinham e vão embora.

Outra mulher acrescentou:

— Pelo menos eles pagam bem pela limpeza depois.

A primeira riu e respondeu:

— Você sabia que eles fazem isso há mais de vinte anos? Ouvi dizer que eles têm uma mansão lá no sul da cidade. Esses ricos vêm aqui só pra brincar de viver uma vida simples.

Ao ouvir isso, senti como se meu coração tivesse congelado.

A tal mansão no sul da cidade só podia ser a famosa propriedade da família Pires, localizada no Jardim da Colina. Peguei minha bicicleta e fui até lá.

Quando cheguei, vi a enorme mansão dourada brilhando no meio da encosta. Havia seguranças por toda parte. Aquele lugar era tão luxuoso que parecia intocável, algo que eu jamais poderia imaginar estar relacionado a mim.

Enquanto me aproximava, um dos seguranças gritou:

— Ei, você aí! Saia daqui agora!

Respirei fundo e me virei para ir embora.

Nesse momento, ouvi o som de uma moto se aproximando. O ronco era alto e chamativo, e a moto passou por mim em alta velocidade.

Reconheci imediatamente o modelo. Já tinha visto online que aquela moto custava cerca de 2 milhões reais. O piloto era ninguém menos que Ronaldo.

Ronaldo também me viu. Ele parecia surpreso à primeira vista, mas logo soltou uma risada sarcástica enquanto me olhava de cima a baixo:

— Não é tão burra assim. Sabia que ia acabar vindo até aqui!

Eu fiquei paralisada por alguns segundos. Então, ele sabia da minha existência esse tempo todo?

— Por quê? Por que tudo isso? — Perguntei, engolindo em seco. — Ronaldo, eu sou filha adotiva deles? Ou vocês estão fazendo algum tipo de experimento e eu sou apenas uma cobaia?

Ronaldo arqueou as sobrancelhas e balançou o dedo na minha direção, com um sorriso de quem se divertia com a minha confusão.

— Não, Caroline, você também é filha biológica da família Pires. Mas, se quer saber por que te criaram como pobre, a resposta é simples: porque eu sou o único herdeiro da família Pires! — Ele deu um passo à frente, com o rosto cheio de desprezo. — Você só nasceu um minuto antes de mim. Por que acha que pode competir comigo? Aqui não é o seu lugar. Vai embora!

Ronaldo deu uma risada fria e continuou:

— E não me olhe assim, como se fosse uma coitada. Papai e mamãe gastaram muito esforço para te criar. Já é mais do que suficiente! Ah, e um aviso: pare de ir na casa dos nossos avós no Natal. Eles já estão velhos e não têm mais energia para brincar de teatro com você.

Depois de dizer isso, Ronaldo acelerou a moto e desapareceu nos portões da mansão.

Eu fiquei parada ali por um longo tempo, encarando aquele lugar grandioso. Finalmente entendi. O meu nascimento e o de Ronaldo estavam diretamente ligados à disputa pela herança da família. Mas o que eu havia feito de errado? Tudo o que eu queria era o amor sincero dos meus pais.

Eles me enganaram por tantos anos, mas, ao mesmo tempo, o cuidado que tiveram comigo parecia verdadeiro. No entanto, olhando para a mansão e para a moto de Ronaldo, comecei a me perguntar: quanto do que eles fizeram por mim foi realmente genuíno?

Virei-me e fui embora.

Antes de sair completamente, liguei para o celular do meu pai.

— Pai, você vai voltar para o jantar hoje à noite? — Perguntei, tentando manter a voz estável.

— Não vou voltar, Caroline. Hoje vou fazer hora extra. No Natal e nesses três dias, o salário é triplicado! Ah, sua mãe também vai trabalhar.

Enquanto ele falava, ouvi nitidamente o som do motor de uma moto ao fundo.

— Entendi. — Respondi apenas isso, mas, em meu coração, já havia tomado uma decisão.

Quando voltei para casa, comecei a arrumar minhas coisas. Ao mesmo tempo, preenchi a inscrição para um projeto especial de pesquisa científica anunciado pela universidade. O projeto seria realizado na região oeste do país, num local completamente isolado, onde eu poderia ficar longe de tudo e de todos por três anos.

Depois de arrumar minha mala, revelei uma foto que tirei discretamente de Ronaldo naquela manhã. Coloquei a foto em um porta-retratos e deixei sobre o criado-mudo ao lado da minha cama.

Naquela noite, meus pais não voltaram para casa. Eu estava sozinha, como sempre. Peguei o celular e tentei ligar novamente para o meu pai, mas ele não atendeu.

Enquanto isso, o Grupo Jalide, pertencente à família Pires, começou a distribuir bônus de fim de ano para os funcionários. Vi no Twitter um post de uma funcionária que agradecia ao chefe.

Ela era apenas uma funcionária comum, mas quando abriu o envelope, encontrou três mil reais! Além disso, vários outros funcionários começaram a postar nas redes sociais os benefícios incríveis que receberam da empresa.

Na foto de um evento da empresa, vi meus pais no palco. Meu pai usava um terno elegante, e minha mãe segurava uma taça de vinho, com a maquiagem impecavelmente feita e uma postura digna de uma dama da alta sociedade. Ao lado deles, Ronaldo estava cercado por pessoas, como o centro das atenções.

Havia até uma foto da família completa, uma “foto oficial”, com sorrisos perfeitos.

Meus pais pareciam completamente certos de que eu estava tão ocupada em ganhar dinheiro que não teria tempo para prestar atenção nas fofocas da internet.

Mas eles esqueceram que eu também era uma garota comum, criada em meio à pobreza. Como não ficaria curiosa sobre o que acontecia ao meu redor?

Vi um trecho de uma entrevista com meu pai, onde um repórter perguntou sobre os planos da família para o Natal.

Meu pai, sorrindo para a câmera, respondeu:

— Este ano, nosso filho Ronaldo completa 22 anos. Todo ano, fazemos uma viagem em família, e hoje mesmo partiremos para a nossa próxima aventura!

Meu coração afundou. Eu também tinha 22 anos. A viagem mais distante da qual participei foi uma excursão escolar ao zoológico da cidade, quando eu estava no ensino fundamental.

Soltei uma risada amarga e peguei meu registro de nascimento. Passei os dedos sobre ele. Era irônico. Depois que entrei na universidade, meus pais transferiram meu registro para o endereço do campus. Disseram que eu já era maior de idade e precisava aprender a me virar sozinha.

Agora, percebia que isso era apenas uma desculpa.

Peguei minha mala e saí sem hesitar.

— Papai, mamãe, adeus para sempre!
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