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Quebrando o Noivado! Isabela Derruba o Império do CEO
Quebrando o Noivado! Isabela Derruba o Império do CEO
Author: Mariana Tavares

Capítulo 1

Author: Mariana Tavares
Todo mundo em Granvista sabia que Isabela Gomes era uma mulher de sorte. Ela tinha beleza, corpo, família de respeito — tudo de primeira linha.

Mesmo depois que a família dela perdeu tudo e o irmão foi parar atrás das grades, o amigo de infância, Cláudio Dantas, o filho do magnata, ficou ao lado dela. Três anos de noivado, sendo mimada, protegida, vivendo sem conhecer um dia sequer de sofrimento.

Naquele inverno, eles estavam prestes a completar três anos de noivado. Não se falava em outra coisa: todo mundo queria saber quando seria o casamento do casal mais comentado da cidade.

...

Era tarde da noite quando Isabela saiu da garagem subterrânea, desviou dos jornalistas na porta sul e subiu para o prédio.

Só a sala do presidente, no último andar, estava acesa. Era por isso que os repórteres insistiam em esperar ali.

Se não fosse porque viu que Cláudio esqueceu uns documentos importantes no escritório, ela jamais se arriscaria a encarar os repórteres só para vir até aqui.

Na recepção, a funcionária do plantão cochilava. Assim que viu Isabela, despertou num pulo, ficou em pé e baixou a cabeça, cheia de respeito.

— Chefe Isabela, boa noite.

Isabela sorriu de leve para ela e seguiu direto para o topo do prédio.

Quando chegou na sala do presidente, levantou a mão para bater, mas parou ao ouvir uma voz feminina bem conhecida.

— Cláudio, quando é que você vai contar tudo pra Isabela de uma vez?

A mão de Isabela ficou suspensa no ar, paralisada.

A voz era da melhor amiga dela, Tatiane Nogueira.

Tão tarde, o que Tatiane estava fazendo ali?

Pela fresta da persiana, Isabela conseguiu ver Tatiane sentada de frente para o noivo, os dois tomando café e conversando.

Tatiane riu baixinho:

— Você não tem igual... Naquela época, você armou pra família Gomes quebrar, roubou o negócio que sustentava eles, ainda fez pose de herói, salvou Isabela e levou ela embora. Fez a garota te idolatrar, te agradecer de joelhos. Só você pra bolar um plano desses e ainda sair por cima.

Tatiane falava animada, sem a menor ideia de que alguém podia estar ouvindo do lado de fora.

Isabela ficou ali, imóvel, do lado de fora da sala. O cérebro dela virou um vazio, as bochechas que o frio tinha deixado coradas ficaram pálidas de repente. As palavras de Tatiane explodiam na cabeça dela como trovão.

Então foi o Cláudio que tramou a falência dos Gomes...

Até o dia em que os cobradores ameaçaram desfigurar Isabela, e Cláudio “salvou” ela, era tudo encenação?

E Tatiane, a amiga de dez anos, sabia de tudo esse tempo todo!

O corpo inteiro de Isabela começou a tremer, sem controle.

Lá dentro, Tatiane continuava, tapando a boca pra segurar o riso:

— Agora que a sua paixão antiga tá pra voltar pro país, e Isabela já te ajudou a levantar o setor de joias, ela não serve mais pra nada. Pode dispensar sem dó!

Cláudio estava de costas pra janela, Isabela não conseguia ver o rosto dele.

O mesmo homem que, duas horas atrás, tinha dado boa noite com tanta delicadeza, agora estava jogado no sofá, com um copo nas mãos, como se segurasse o destino dela pelo pescoço.

O tom de Cláudio era gelado, desinteressado:

— Calma. Isabela ainda tem utilidade. Bruna saiu do país sem avisar, me deixou na pior por três anos. Eu vou usar Isabela pra deixar Bruna com ciúmes.

Três anos... O mesmo tempo do noivado. Então, o coração de Cláudio sempre foi da ex, Bruna Mendes.

Isabela tremia cada vez mais forte, mal conseguia se manter em pé.

Cláudio se inclinou pra deixar o copo na mesa, falou baixo:

— Fora isso, o advogado do irmão dela ainda tá tentando reduzir a pena. Preciso ficar de olho nisso.

— Ah, aquele Daniel é tão estúpido! — Tatiane caiu na risada, batendo no sofá. — Você mandou os caras provocar Isabela na frente dele, ele partiu pra cima, pegou oito anos de cadeia. Bem feito!

Depois Tatiane hesitou:

— Mas... Será que a gente devia contar pra ela que seu pai tá doente?

Isabela prendeu a respiração. O pai estava doente?

— Nem pensa nisso agora! Daqui a dois meses, eu conto tudo, resolvo do meu jeito.

O tom de Cláudio ficou mais duro:

— Não esquece que o setor de joias vai lançar uma edição limitada. Todo mundo tá esperando por ela, inclusive suas peças. Isabela precisa estar concentrada. O velho não vai morrer tão cedo...

As vozes foram ficando cada vez mais baixas.

Isabela sentiu um frio cortante, como se o vento gelado atravessasse o corpo dela.

O noivo e a melhor amiga, tão próximos, eram monstros disfarçados, subindo na vida pisando na desgraça da família Gomes.

Ela quase arrombou a porta, mordeu a língua e sentiu o gosto de sangue pra não perder o controle.

Com os olhos marejados, Isabela desceu as escadas apressada e entregou os papéis pra recepcionista.

— Não comenta com ninguém que eu passei aqui hoje!

Ela saiu correndo da empresa, sentindo o vento frio invadir o casaco leve.

Isabela caminhava atordoada pelo estacionamento, com as palavras de Cláudio e Tatiane ecoando sem parar em sua mente.

Ela entrou no carro, o corpo quase automático, e tudo o que conseguia era reviver os acontecimentos de três anos atrás.

A família Gomes era poderosa, respeitada, até que, três anos atrás, veio à tona um suposto envolvimento deles em um projeto ilegal, e os aliados do pai dela acabaram presos.

Os pais de Isabela venderam tudo o que tinham para indenizar as vítimas do escândalo.

Os concorrentes aproveitaram a queda para pisar ainda mais fundo.

Isabela tentou de tudo, implorou ajuda em nome dos pais, e numa dessas, o vice-diretor de uma empresa rival tentou assediá-la. O irmão dela apareceu a tempo, mas no confronto acabou ferindo o homem e foi condenado a oito anos de prisão.

Agora ela entendia: nada daquilo tinha sido acaso. Tudo era parte do plano de Cláudio!

Antes do caos na família Gomes, o que Cláudio andava fazendo?

Ela se lembrou daquele ano em que Cláudio derrotou vários primos fortes da família Dantas e conquistou a confiança do avô, tornando-se o sucessor do Grupo Dantas.

Naquele momento, ele precisava provar competência, mostrar serviço aos acionistas.

E escolheu atacar justamente o Grupo Gomes. Depois, fingiu ser o príncipe apaixonado, disposto a tudo para ajudá-la.

Quando ele “mobilizou” pessoas para ajudá-la a resolver os problemas, na verdade, ele estava apagando as pistas que pudessem incriminá-lo.

Quando acolheu os engenheiros e técnicos que ficaram desempregados após o colapso do Grupo Gomes, incorporou o que restava da empresa à própria holding. Era só um jeito de engordar o império Dantas, usando o fracasso da família dela.

Cláudio contratou um advogado para o irmão de Isabela, conseguiu reduzir a pena de doze para oito anos, tudo para mantê-lo preso e impedir qualquer investigação sobre a ruína do Grupo Gomes.

Depois, ele mandou os pais dela — exaustos e de cabelos brancos da noite para o dia — para o interior, para um “descanso”, e levou Isabela para perto de si, anunciando um noivado de conto de fadas. Era só para tê-la sob controle, para que ela só pensasse em trabalhar na joalheria.

Os olhos de Isabela ardiam de ódio. Ela fechou os punhos e socou o volante com tanta força que os nós dos dedos sangraram. Nem sentiu dor.

Depois de tudo o que aconteceu, ela só sabia agradecer a Cláudio, achando que devia a vida a ele.

Isabela abriu mão do próprio nome, do reconhecimento como designer, só porque Cláudio pediu que ela ficasse nos bastidores, comandando a área de joias.

Durante três anos, ela entregou suas criações de bandeja para Tatiane, ajudou a amiga a se tornar uma estrela do design, dedicou corpo e alma para fazer o Grupo Dantas lucrar milhões.

No fim, o destino zombou dela.

O namorado em quem confiava, a amiga que ela apoiava desde sempre — os dois eram inimigos disfarçados, esperando só o momento certo para sugar até a última gota de valor dela e depois jogá-la fora.

Ela odiava a frieza e crueldade dos dois. Mas odiava ainda mais a própria cegueira, por ter tratado inimigos como benfeitores, por ter quase se casado e planejado uma família com o homem responsável pela desgraça dos Gomes!

Repassando tudo na mente, o coração de Isabela doía tanto que ela mal conseguia respirar. Ela chorou em silêncio dentro do carro, até secar todas as lágrimas, até a cabeça latejar e cada órgão do corpo parecer queimar em óleo fervente...

O sol já começava a nascer, iluminando a fachada do Grupo Dantas.

Cláudio surgiu diante dos jornalistas, de terno impecável, sorriso confiante, como se nada tivesse acontecido.

Os repórteres se aproximaram, microfones erguidos:

— Sr. Cláudio, a aguardada coleção nova foi desenhada pela sua noiva Isabela, certo?

— Os desenhos da Tatiane estão vendendo como água. Ela agradeceu publicamente o apoio de Isabela. Dessa vez, as duas vão assinar juntas de novo? O público está super ansioso!

Cláudio arqueou levemente a sobrancelha, e o assistente dele, João, sinalizou para todos fazerem silêncio.

— Nosso presidente vai responder.

Cláudio sorriu, seguro:

— O Grupo Dantas investiu vinte milhões a mais do que no ano passado para promover a coleção de inverno. Esta é uma obra da Isabela, e eu apoio totalmente. Naturalmente, Tatiane também estará, como sempre, envolvida na criação.

Alguém gritou no meio da multidão:

— E o casamento, Sr. Cláudio? Quando você e Isabela vão oficializar? Estamos só esperando pra dar os parabéns!

O sorriso de Cláudio vacilou, mas ele retomou o charme, falando com doçura:

— Bom, isso depende principalmente de quando a Isabela quiser se casar comigo.

— Eu não vou casar.

A voz veio firme, rouca, carregada de ressentimento.

Cláudio virou-se, surpreso:

— Isabela.

Isabela, com uma maquiagem refeita às pressas, cabelos presos de qualquer jeito e óculos escuros enormes, parecia ainda mais distante e fria.

Ela pegou o microfone das mãos de um dos repórteres:

— Obrigada pela preocupação, mas eu não tenho planos de me casar com o Cláudio.
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