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Capítulo 4

Author: Peixe Dourado
Afonso ouviu o que Tábata disse, mas nem sequer franziu a testa:

— Já entendi.

Ele parecia completamente indiferente ao humor e aos acessos de raiva de Sabrina.

Tábata não insistiu. Sabrina já tinha feito esse tipo de cena antes, mas, no final, sempre voltava para tentar agradar Afonso.

Diego, por sua vez, terminou a noite insatisfeito com o banho de leite que não estava do jeito que ele queria. Só se acalmou quando Margarida apareceu e prometeu que no fim de semana o levaria para ver a exposição de tecnologia aeroespacial e de defesa.

Diego estava radiante. Ele sempre achou que sua mãe era uma mulher sem graça, que nunca o deixava ir a lugares divertidos. Nem mesmo o levava ao parque de diversões. Ele estava convencido de que ela era pobre, porque só lhe dava presentes baratos, como uma caneta simples no aniversário, e fazia bolos caseiros feios.

Já Margarida era completamente diferente. Ela não só prometeu levá-lo para ver aviões reais e caças de combate, como também sempre o mimava com presentes caros.

Na manhã seguinte, Diego acordou saltitando de alegria enquanto descia para tomar café da manhã.

O café da manhã, dessa vez, era sopa de camarão, algo que ele havia pedido especificamente para Tábata preparar na noite anterior. Sua mãe nunca deixava que ele comesse frutos do mar, sempre controlando sua alimentação. Agora, sem ela, ele podia comer o que quisesse!

Enquanto isso, Sabrina havia acordado cedo para preparar uma refeição nutritiva para Cecília e levá-la à escola.

Assim que viu Cecília, Diego saltou do Maybach e começou a se vangloriar:

— A tia Margarida vai me levar para ver caças de verdade no fim de semana! Ela também comprou um monte de massinha de modelar para mim, e eu vou dar para todos os meus amigos da escola.

Diego ergueu o queixo, cheio de orgulho.

— Isso é muito melhor do que aqueles blocos de montar horríveis que você me deu! Se quiser brincar, peça para mim. Ou então implore para a tia Margarida te levar junto também!

Ele riu e continuou:

— Mas sabe de uma coisa? Sem a tia Margarida e o papai, você e a mamãe nunca vão ver um caça de verdade na vida!

Cecília sentiu os olhos arderem e seu nariz ficou vermelho. Ela segurava as lágrimas enquanto ouvia Diego. Aqueles blocos de montar que ele desprezava tinham sido feitos por ela mesma, com todo o cuidado. Cecília sabia que Afonso preferia Diego, mas acreditava que, se conseguisse conquistar o irmão, Afonso talvez finalmente permitisse que ela o chamasse de pai.

Cecília olhou para Diego e, com dificuldade, disse:

— Se você não gosta dos meus brinquedos, tudo bem. Mas como você pode falar assim da mamãe?

Diego zombou:

— Porque ela é uma caipira! Só você gosta dela! Você e a mamãe podem ficar longe de casa para sempre. Ninguém sente falta de vocês aqui! Além disso, eu vou ter uma nova mamãe! Ontem foi a tia Margarida quem me colocou para dormir!

Depois de deixar Cecília na escola, Sabrina percebeu que o céu estava ficando cada vez mais escuro. Em poucos minutos, a chuva começou a cair forte. Antes de entrar no carro, ela olhou para o ponto de ônibus do outro lado da rua e viu um grande cartaz com as palavras: "Bem-vindo ao Show Aéreo do País H."

Sabrina parou de repente, surpresa. Naquele instante, ela se deu conta de que, em sua vida passada, era exatamente nesta época que a Exposição de Tecnologia Aeroespacial e de Defesa acontecia.

Esse show aéreo era reconhecido como um dos cinco maiores do mundo, realizado a cada dois anos. O próximo fim de semana marcava a 15ª edição do evento.

A exposição era extraordinariamente rica e abrangente, cobrindo tecnologias de terra, mar, ar, espaço, eletrônica e redes. Entre os destaques estavam aviões de diversos tipos, mísseis, drones, satélites e inúmeras inovações aeroespaciais. Para fechar com chave de ouro, o evento ainda incluía apresentações espetaculares de grandes caças de combate.

Sabrina olhou fixamente para o cartaz. Seus pensamentos a levaram para um passado alternativo.

Se ela não tivesse desistido da carreira para se dedicar à vida de esposa e mãe, talvez, naquele momento, ela estivesse no evento como uma das engenheiras responsáveis por apresentar o design de aeronaves que ela mesma havia criado. Talvez ela estivesse explicando os processos de design e as conquistas tecnológicas que ajudariam a impulsionar o país.

Sentindo um aperto no coração, Sabrina desviou o olhar e pegou o celular para verificar as informações de ingressos para o evento. Todas as entradas já estavam esgotadas.

Enquanto guardava o celular, um vento forte trouxe uma chuva torrencial. Era impossível pegar um táxi naquele trânsito caótico da manhã, perto das escolas. Sabrina correu para um café próximo para se abrigar.

Ao abrir a porta de vidro do café, ela colidiu com um homem que estava saindo. A bebida que ele segurava derramou completamente em sua camisa branca, deixando uma mancha enorme.

— Desculpe! Eu pago pelos danos. — Sabrina ergueu os olhos para se desculpar, mas ficou surpresa quando reconheceu quem estava à sua frente.

Alexandre Ferraz, seu antigo colega, olhou para ela por um momento, claramente surpreso, antes de sorrir:

— Sabrina, parece que você não mudou nada. Na época dos testes no simulador, você jogava reagentes em mim. Agora é café.

Sabrina piscou, sem acreditar que havia encontrado Alexandre ali.

Alexandre havia sido seu veterano. Ambos estudaram sob o mesmo orientador, Felipe Andrade, que agora era diretor do Instituto Nacional de Engenharia de Aviação (INEA) e uma das maiores autoridades em aviação e aeroespacial do País H.

Ela olhou para ele e respondeu:

— Você também não mudou. Continua com essa lábia de sempre.

Sabrina suspirou e olhou para a camisa dele:

— Essa mancha não vai sair. Eu vou pagar por isso.

Alexandre deu de ombros e sorriu:

— Não tem problema. Faz anos que não vejo você desde que se casou. Agora que nos encontramos por acaso, que tal colocarmos a conversa em dia?

— Na verdade, eu estava pensando em te ligar. — Disse Sabrina.

Alexandre arqueou as sobrancelhas e sorriu:

— Vamos ao instituto. Posso trocar de roupa lá.

Sabrina estava sentada na recepção para visitantes do instituto.

Fazia muito tempo desde a última vez que ela estivera ali. Enquanto olhava ao redor, observando cada detalhe do lugar, sua mente foi tomada por memórias do passado. Cada canto parecia carregar uma lembrança viva, como se o tempo não tivesse passado.

Mas era a primeira vez que Sabrina se sentava naquela recepção como uma visitante. A sensação era estranha, e seu coração estava cheio de sentimentos mistos.

Alexandre, que havia ido trocar de roupa, retornou e se sentou diretamente à sua frente. Ele a encarou com um sorriso no rosto:

— E aí? O que você achou? Muita coisa mudou por aqui?

— O avanço tecnológico é impressionante. O instituto realmente mudou bastante.

Alexandre riu, mas logo mudou o tom:

— Então, o que você queria conversar? A mulher que dizia que seria uma "heroína da aviação" abandonou tudo para casar e cuidar de filhos. E nem manteve contato com a gente...

Sabrina abaixou os olhos. A culpa pesava em seu coração. Ela sabia que devia desculpas a todos, mas nunca teve coragem de encará-los.

— Ouvi dizer que o Fênix-X7 Restaurador Ecológico foi concluído com sucesso e será apresentado no final de semana, no show aéreo. — Sabrina mordeu o lábio com leveza antes de continuar. — Eu devo desculpas a vocês. Na época, eu saí de repente, sem nenhuma explicação.

— Vejo que continua bem informada. — Alexandre sorriu, mas seu tom era levemente irônico. — Quando você saiu, o projeto ficou parado por um bom tempo.

— Eu... — Sabrina sentiu o peso da culpa novamente. — Sinto muito.

Ela não sabia o que mais poderia dizer. Sua decisão intempestiva de abandonar o projeto havia atrasado o trabalho de todos.

Por mais que o arrependimento a consumisse, Sabrina sabia que ainda tinha algo a oferecer. Mesmo enquanto cuidava da casa e dos filhos, ela nunca deixou de se atualizar e estudar. Ela acreditava que, se voltasse para o setor, conseguiria acompanhar o ritmo novamente.

Alexandre, no entanto, parecia despreocupado:

— Na verdade, ninguém aqui quer ouvir suas desculpas. Queremos ver ações concretas.

Era evidente que Alexandre esperava que Sabrina retornasse ao instituto. Ele acreditava que aquele era o lugar onde ela realmente brilharia.

— Posso assistir ao show aéreo pessoalmente? — Sabrina perguntou, hesitante.

— Você já tinha concluído boa parte do design do Fênix-X7. Nós, com equipes enormes e anos de trabalho, só conseguimos finalizar o projeto agora. Sabrina, você pertence à indústria aeroespacial, não a uma vida doméstica. Por que quer assistir? Está pensando em voltar?

Alexandre a encarou com expectativa, aguardando uma resposta. Ele colocou o copo de café sobre a mesa e acrescentou:

— Os ingressos para o show aéreo são difíceis de conseguir. Mas, se você realmente quiser ir, me liga. Eu te levo lá.

Sabrina apertou os lábios e assentiu.

— Sim, também acho que meu lugar é na indústria aeroespacial.

Desde pequena, Sabrina tinha uma paixão pelo céu e pelo universo. Seu sonho nunca foi apenas projetar aviões, mas explorar as estrelas e os oceanos do espaço. Contudo, em algum momento, ela perdeu o foco, perdeu a si mesma.

Na vida passada, durante o show aéreo, ela estava em casa ajudando Cecília a terminar o dever de casa de Diego. Sabrina achava que Afonso havia levado Diego ao hospital, mas depois, ao assistir uma transmissão do evento, viu Afonso, Diego e Margarida juntos na plateia.

A imagem de Cecília olhando para a televisão, com os olhos brilhando de admiração ao ver Diego assistindo à apresentação dos caças, ainda estava fresca na memória de Sabrina. Cecília não reclamou, nem fez birra, mas Sabrina sabia que a filha estava profundamente magoada.

Como mãe, Sabrina sentia que havia falhado.

Agora, ela não permitiria que Cecília continuasse admirando Diego de longe. Sabrina estava determinada a recuperar sua identidade e se tornar o maior exemplo para a filha.

Desta vez, ela seria o apoio e o orgulho de Cecília.

Mesmo que Felipe, seu antigo mentor, não a aceitasse de volta no instituto, ela ainda queria assistir ao show aéreo, encontrar antigos colegas e as grandes mentes da indústria. Pelo menos, queria que as pessoas soubessem que ela ainda existia e que não havia desaparecido completamente.

Alexandre sorriu com satisfação.

— O instituto está com novos projetos em andamento. Precisamos de um engenheiro-chefe e de mais pessoas qualificadas. Mas ainda não encontramos ninguém adequado.

Sabrina entendeu que ele estava a convidando para retornar.

— Não sei se sou qualificada para ser engenheira-chefe, mas posso começar de baixo novamente, se for necessário. — Sabrina respondeu com sinceridade. — Vou enviar meu currículo.

Alexandre a observou com atenção e, com um tom sério, acrescentou:

— Temos um requisito: os candidatos precisam ter um casamento estável.

Sabrina congelou por um instante. Esse requisito não existia antes. Será que adicionaram isso por causa do que aconteceu com ela no passado?

— Estou me divorciando. — Sabrina finalmente disse, com firmeza.

Alexandre ficou surpreso. Ele nunca esperou que Sabrina, que havia abandonado tudo em nome de uma família, agora tomasse uma decisão tão drástica.

Antes que ele pudesse responder, o celular de Sabrina tocou, interrompendo o momento.

— Alô?

— Sra. Sabrina, o Diego está com manchas vermelhas pelo corpo e reclamando de dores abdominais. Vamos levá-lo ao hospital. Pode vir até aqui?
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