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Capítulo 5

Author: Peixe Dourado
— A partir de agora, qualquer coisa sobre o Diego, por favor, entre em contato com o pai dele. — Sabrina falou com um tom calmo e controlado. — Eu não sou a mãe dele.

A professora franziu as sobrancelhas. Para ela, era óbvio que se tratava de uma briga de casal. Achava que Sabrina estava apenas irritada e descontando no filho.

— Sra. Sabrina, o Diego está em uma situação crítica agora. Este não é o momento para brigas ou mágoas. Por favor, venha até aqui o quanto antes.

— Vou enviar o número do pai dele para você. — Sabrina respondeu sem hesitar e encerrou a ligação.

Logo em seguida, ela rapidamente encaminhou o número de Afonso para a professora e deixou o celular de lado.

Alexandre, que havia percebido que Sabrina estava atendendo uma ligação delicada, levantou-se discretamente e foi até a janela, dando-lhe espaço.

Quando Sabrina terminou, ergueu os olhos e viu Alexandre parado próximo à janela, olhando para a paisagem lá fora.

Ela caminhou até ele, com passos firmes.

— Obrigada por hoje. — Sabrina disse com sinceridade.

— Terminou a ligação? — Alexandre perguntou, sem desviar o olhar da janela.

Sabrina assentiu.

Alexandre a encarou por um momento, com um sorriso no rosto, mas em tom sério:

— Sabrina, seja bem-vinda de volta.

Ela sorriu de leve, mas havia um toque de ironia em sua resposta:

— Então reze para que meu currículo passe pela seleção.

No fundo, ela sabia que o INEA tinha critérios extremamente rigorosos. Estava fora do setor havia muito tempo, e suas chances não eram garantidas.

Alexandre, no entanto, sorriu de forma descontraída e brincou:

— Se o seu currículo não passar, eu te contrato como minha assistente.

Enquanto isso, Afonso chegou à escola infantil debaixo de uma chuva torrencial.

Dentro da escola, Diego estava na enfermaria, chorando descontroladamente. Seu corpo estava coberto de manchas vermelhas, e ele se sentia miserável.

Ele já tinha sentido coceira pela manhã, mas, ao meio-dia, as manchas haviam se espalhado por todo o corpo e até pelo rosto.

Cecília, ao ouvir que o irmão estava com urticária, ficou preocupada. Sua mãe sempre dizia que Diego tinha um corpo mais sensível e que, se ele não fizesse o banho terapêutico todas as noites, poderia acabar com erupções pelo corpo.

Ela pegou sua pequena sombrinha e saiu de sua sala de aula, caminhando em direção à enfermaria. O vento e a chuva eram tão fortes que a sombrinha balançava de um lado para o outro, e a maior parte de seu corpo acabou ficando molhada.

Quando Cecília chegou à enfermaria, Diego virou o rosto para ela, com os olhos cheios de raiva.

— Você veio aqui rir de mim, não foi? — Diego gritou, cheio de rancor.

— Mamãe disse que você precisa tomar banho terapêutico todas as noites para evitar as manchas. Você devia contar isso para o médico...

— Cala a boca! — Diego a interrompeu bruscamente. Ele pegou o copo que estava ao seu lado e o jogou na direção dela. — Para de se meter na minha vida! Eu não quero te ver aqui!

A professora interveio imediatamente, segurando Diego antes que ele fizesse algo pior.

— Diego, não pode tratar sua irmã assim!

— Ela não é minha irmã! — Diego gritou, com os olhos brilhando de raiva. — Todo mundo sabe que ela não é da família Barreto. Ela é só uma bastarda!

Cecília ficou paralisada ao ouvir aquelas palavras. Ela ficou imóvel, com os olhos marejados, enquanto tentava entender o que Diego havia dito.

— Se você continuar assim, a mamãe vai deixar de gostar de você! — Cecília gritou de volta, tentando segurar o choro.

— Eu não quero que ela goste de mim! É ela que eu não quero! E, aliás, nem eu nem o papai queremos vocês! — Diego respondeu com desdém.

Cecília começou a tremer de raiva e tristeza, mas não disse mais nada. A professora tentou acalmá-los, mas o clima ficou pesado na sala.

Cecília havia ido até lá preocupada com o irmão, mas acabou sendo humilhada e rejeitada. Ela mordeu os lábios com força, segurando as lágrimas.

Pouco tempo depois, Afonso entrou na enfermaria.

Cecília estava lá há algum tempo. Sua roupa ainda estava molhada por causa da chuva, e ela sentia frio. Quando viu Afonso entrar, seus olhos brilharam de alegria.

— Pai... — Cecília começou a chamá-lo, mas parou no meio da palavra. Ela lembrou-se de que ele não gostava de ser chamado assim por ela. Então, ela tentou corrigir, mas não teve tempo.

Antes que Cecília pudesse dizer qualquer outra coisa, Diego soltou um berro alto, chorando ainda mais ao ver o pai. Ele desceu da cama de um salto e correu até Afonso, com o rosto cheio de lágrimas.

— Papai, eu estou horrível! Meu corpo dói, coça, e eu estou feio!

O rosto e o corpo de Diego estavam cobertos de manchas vermelhas, e ele parecia desesperado. No fundo, ele estava com medo de que Margarida o visse assim e começasse a desprezá-lo.

A professora explicou que Diego já havia tido episódios de diarreia várias vezes ao longo do dia. Afonso olhou para o filho, cheio de preocupação, e não conseguiu esconder a dor no olhar ao ver o estado do menino.

Sem hesitar, ele se abaixou, pegou Diego nos braços e disse com uma voz suave e reconfortante:

— Está tudo bem, não precisa ter medo. Eu vou te levar para o hospital agora.

Cecília ficou parada no canto da enfermaria, observando a cena. Ela viu o pai pegando Diego no colo, consolando-o com carinho e palavras gentis. Era impossível não sentir o aperto no coração.

Ela abriu a boca para chamá-lo novamente, mas, antes que conseguisse, Afonso já havia saído da enfermaria com Diego nos braços, sem sequer olhar para ela.

Cecília ficou ali, sozinha, olhando para as costas do pai enquanto ele carregava o irmão. Ela respirou fundo, tentando segurar as lágrimas, mas não conseguiu evitar que sua voz saísse trêmula:

— Professora, eu estou com muito frio...

Afonso segurava Diego nos braços enquanto caminhava em direção ao carro.

A secretária, que o acompanhava apressada, perguntou com cuidado:

— Sr. Afonso, o senhor não quer aproveitar e dar uma olhada em Cecília?

Diego abraçava o pescoço de Afonso com força, choramingando:

— Papai, tá doendo...

Afonso manteve a expressão indiferente, e sua voz saiu calma, sem qualquer emoção:

— A escola tem professores para cuidar dela. Não tem motivo para eu vê-la sem necessidade.

A secretária imediatamente silenciou, entendendo que, no momento, a prioridade era Diego.

Enquanto isso, Sabrina, que acabara de se despedir de Alexandre, recebeu outra ligação.

— Sra. Sabrina, a Cecília tomou chuva e parece que está com febre alta.

Ao ouvir isso, todo o corpo de Sabrina ficou rígido. Seu coração acelerou como se estivesse prestes a sair do peito.

Na vida passada, Cecília havia falecido por causa de uma pneumonia provocada por uma febre alta que não foi tratada a tempo.

Agora, mesmo após ter pedido o divórcio e levado Cecília para longe da família Barreto, Sabrina começou a se perguntar, aterrorizada, se estava condenada a não conseguir mudar o destino da filha.

Quando a palavra "febre" ecoou em seus ouvidos, ela perdeu o controle. Suas mãos tremiam e, sem pensar, ela saiu correndo na chuva em direção à escola.

Ao chegar à enfermaria, viu Cecília deitada em uma pequena cama, seu corpo encolhido e frágil.

— Mamãe... — Cecília chamou, sua voz fraca e quase inaudível. Seu rosto estava vermelho devido à febre. — Desculpa. Eu ouvi que meu irmão estava doente e, no caminho para a enfermaria, acabei pegando um pouco de chuva.

Sabrina sentiu os olhos marejarem. Ela se aproximou rapidamente e segurou a mão da filha, que estava quente como uma brasa.

— Minha querida, por que você está pedindo desculpas? — Sabrina respondeu, sua voz embargada pela emoção. — Prometa que, da próxima vez, não vai mais se preocupar com o Diego, tá bom?

Ela sabia que Cecília sempre fazia de tudo para agradar Diego e Afonso, na esperança de conquistar o amor e a atenção deles.

Sabrina era capaz de seguir em frente, deixar Afonso para trás sem olhar para trás. Mas ela não conseguia impedir que sua filha continuasse esperando pelo amor do pai.

— O papai veio para levar o Diego ao hospital. — Cecília disse com um leve tom de tristeza na voz.

Sabrina entendeu que, no fundo, o que Cecília realmente queria era que Afonso olhasse para ela, dissesse qualquer palavra, mesmo que fosse algo simples.

Cecília ficava radiante o dia inteiro se Afonso dissesse uma única frase para ela.

O coração de Sabrina se apertou. Ela abraçou a filha com cuidado e disse:

— Minha querida, vou te levar ao hospital agora.

No Hospital Infantil da Cidade B, Sabrina explicou ao médico que Cecília sempre teve problemas de saúde.

Na vida passada, Cecília costumava esperar por Afonso e Diego para jantar, mas eles raramente apareciam. A falta de uma alimentação regular havia levado à desnutrição.

Após seu retorno, Sabrina havia se esforçado para melhorar a alimentação de Cecília, mas sabia que a recuperação do corpo frágil da filha levaria tempo.

Depois de examinar Cecília, o médico concluiu que era apenas uma febre causada pelo resfriado. Ele receitou remédios antitérmicos e recomendou que Sabrina observasse a filha em casa.

Mas Sabrina, traumatizada pelo que aconteceu na vida passada, não quis correr riscos.

— Doutor, por favor, quero que a Cecília fique internada para observação. Não me sinto segura em levá-la para casa.

O médico aceitou o pedido, e Sabrina foi cuidar de toda a papelada para a internação. Mesmo molhada dos pés à cabeça por causa da chuva, ela mal notava o desconforto. Tudo o que importava era garantir que sua filha estivesse segura.

Depois de acomodar Cecília no quarto, Sabrina foi até a farmácia do hospital para buscar os remédios prescritos.

No caminho de volta, ela passou por uma ala de quartos VIP.

Foi então que ouviu a voz familiar de Diego vindo de um dos quartos:

— Foi tudo culpa da mamãe. Ela não quis preparar meu banho de leite e, por causa disso, fiquei doente de novo!

A voz do menino estava carregada de insatisfação e reclamação.

— Tia Margarida, você quer ser minha nova mamãe? — Diego perguntou, com um tom inocente, mas cheio de expectativa.
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