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Capítulo 3

Author: Tomate Verde
Já fazia muito tempo que eu não via Rafael tão carinhoso assim.

— Não precisa, eu já comi lá fora.

— Como assim?

— Você sempre foi de economizar, não é?

As palavras dele me feriram.

Eu costumava ser pão-dura, sim, economizando cada centavo e gastando a maior parte do que ganhava trabalhando nele, comprando coisas para ele.

Agora que eu ia para a universidade, teria muitos gastos, e cada centavo precisava ser bem calculado.

Olhei para ele, minha voz calma:

— Lembro-me que há alguns dias, te dei 50 reais para comprar as coisas do casamento.

— Você parece que não comprou, então me devolva.

Ele parou, surpreso, e então explicou, sem jeito:

— Esse dinheiro... eu comprei sapatinhos para a Letícia.

Não pude evitar revirar os olhos. Que saco, de novo a mesma história.

— Então, se não tem mais nada, vou fechar a porta e ir dormir.

— Amanhã eu te dou o dinheiro. — Ele disse, com um tom de aborrecimento. — Somos marido e mulher, precisa ser tão mesquinha?

Eu não pude evitar bufar: — Então não posso reclamar por você usar o dinheiro que juntei com tanto esforço para comprar coisas para outra pessoa?

Ele sabia que estava errado, mas ainda resmungou teimosamente: — Irrazoável.

Eu não queria mais me envolver com ele. Bati a porta com um estrondo.

Nos dias seguintes, vendi alguns objetos de valor insignificante, relíquias cheias de memórias da vida anterior.

Agora, pareciam apenas lixo barato.

Empacotei tudo e vendi por um preço baixo para um sucateiro, recebendo um dinheiro irrisório.

À tarde, continuei organizando minha bagagem. Rafael parou na minha frente, com os 50 reais na mão, e disse asperamente: — Aqui está seu dinheiro.

Peguei o dinheiro e assenti.

— Obrigada.

Ele me olhou, com um olhar complexo, e depois fixou os olhos na bagagem que eu estava arrumando.

— Pretendo levar a Letícia comigo para São Paulo como acompanhante extraoficial no destacamento militar. Você nem precisa mais arrumar suas coisas.

Não parei de arrumar e assenti.

Ele parecia um pouco incomodado com a minha atitude, um tanto inquieto.

— O que houve com você ultimamente? Parece uma pessoa diferente.

Virei-me impacientemente. Eu não queria complicar as coisas.

Embora Rafael não me amasse, se ele descobrisse que o nome no pedido de casamento era o de Letícia, ele poderia facilmente se casar de novo comigo por causa dela.

Eu não queria mais ter nenhum tipo de ligação com aquele casal de cachorros.

— Nada demais, só estou arrumando minhas coisas. — Eu disse. — Assim, quando você for para São Paulo, poderei me mudar de volta para o interior.

Ele suspirou de alívio e explicou: — Não é que eu não queira te levar como acompanhante.

— É que a Letícia nunca viu São Paulo e quer conhecer. Daqui a alguns meses, eu vou te buscar.

Eu assenti distraidamente.

Na vida passada, durante oito anos inteiros, ele nunca veio me registrar como esposa acompanhante no destacamento militar.

Foi só quando Letícia se casou com o filho de um general de São Paulo que ele, desapontado, me levou para a cidade.

Ele me olhou, incomodado.

Normalmente, sempre que estávamos sozinhos, eu falava sem parar.

Agora, eu era parcimoniosa com as palavras, e isso o deixava inquieto.

— Você não sempre quis tirar fotos de casamento? Que tal irmos ao estúdio de fotografia amanhã?

Isso não ia dar certo. Eu planejava ir comprar alguns itens essenciais para a universidade amanhã.

Eu estava prestes a inventar uma desculpa quando Letícia entrou, abraçando o braço de Rafael intimamente:

— Rafa, que estúdio de fotografia? Eu também quero tirar fotos.

Rafael sorriu e afagou a cabeça de Letícia: — Ótimo, amanhã vamos todos juntos.
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