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Segunda Chance: Desta Vez, Não por Ele
Segunda Chance: Desta Vez, Não por Ele
Author: Tomate Verde

Capítulo 1

Author: Tomate Verde
— Preencha seu nome e me entregue.

Rafael bateu impacientemente na mesa.

Eu encarei o pedido de casamento, meus dedos roçando suavemente as bordas ásperas do papel, meus pensamentos divagando.

Na vida passada, eu havia preenchido meu nome com a mesma solenidade com que se segura um decreto imperial, e então, exultante, arrastei Rafael para comprar doces de casamento.

O resultado foi uma bronca daquelas, só porque ele estava com pressa para voltar e cozinhar água com açúcar mascavo para Letícia Nunes, que estava menstruada.

Eu respondi de forma superficial: — Tá, tá, já sei.

Levantei os olhos e lancei um olhar para sua expressão ansiosa e para a mão que frequentemente verificava o relógio.

Ele vestia uma camisa branca hoje, as mangas arregaçadas até os cotovelos, revelando seus antebraços bem definidos.

Lembrei-me que Letícia adorava essa aparência dele, dizendo que ele parecia limpo e fresco assim.

— Se você tiver algo importante para fazer, vá em frente. — Eu reprimi a amargura que borbulhava em meu coração, fingindo leveza. — Eu mesma entregarei quando terminar de preencher.

Ele, de fato, pareceu aliviado, e seu tom de voz suavizou um pouco.

— Não se preocupe, já que vamos nos casar, serei responsável por você. — Ele disse. — Mas, de agora em diante, não fique mais com ciúmes da Letícia. Se os outros souberem, não será bom para a reputação dela.

Eu permaneci em silêncio. Na vida passada, expliquei inúmeras vezes, mas aos olhos dele, eu era apenas uma irmã ciumenta e mesquinha, incapaz de tolerar minha irmã frágil e bondosa.

Ele não disse mais nada, virou-se e partiu apressadamente.

Respirei fundo, tentando acalmar meu coração descompassado, mas minha mente não parava de reproduzir as cenas da vida passada.

Na noite de núpcias, ele usou a desculpa de cuidar da irmã doente e não voltou a noite toda. Quando se mudou com o exército, levou apenas Letícia, dizendo que ela nunca havia visitado São Paulo.

Até mesmo no dia do nascimento do nosso filho, Rafael não teve tempo de vir, preocupado em consolar Letícia, que estava se divorciando.

E pouco antes de eu morrer, meu filho ainda me aconselhava amargamente:

— Mãe, por favor, se divorcie do pai. Você não é páreo para a tia.

— O pai ficou com você por tantos anos, sofrendo. Deixe-o ir.

Na cama do hospital, eu olhei para meu marido indiferente ao lado, que não disse uma palavra.

Foi esse silêncio mortal que confirmou seus pensamentos.

Mordi o lábio inferior com força, até sentir um leve gosto de sangue, antes de soltá-lo lentamente.

Não, nesta vida, não repetirei os mesmos erros.

Peguei a caneta e, no campo do solicitante, escrevi lentamente duas palavras:

Letícia Nunes.

Rafael Loureiro, já que você a ama tanto, que seja como você deseja.

Entreguei o formulário preenchido ao funcionário, peguei a certidão de casamento e saí do cartório.

Não senti tristeza, mas sim uma indescritível sensação de libertação.

Na vida passada, eu e Letícia fomos adotadas pela família Loureiro depois que nossos pais faleceram em serviço.

Letícia era doce e sabia como agradar, fazendo com que os pais de Rafael a tratassem melhor do que a uma filha biológica.

A Sra. Loureiro, mãe de Rafael, em particular, já havia planejado que Letícia se casasse com Rafael.

Mas uma frase de Letícia, "Não quero competir com minha irmã", fez com que Rafael se casasse de bom grado comigo.
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