Bab 1 - Penyusup

Havia lobos correndo em sua direção, apenas uma criança pequena, aterrorizada por animais três vezes maiores que ele. Uma bandeira vermelha com a imagem de um lobo cinzento estava fincada bem na sua frente.

"Sera!" - gritou uma voz feminina.

A criança sentiu seu corpo sendo abraçado com força. Foi a última demonstração de afeto que ele receberia. Olhos castanhos e um sorriso gentil se voltaram para ele. Sua mãe acariciou seu rosto delicadamente, desamarrando o lenço vermelho do próprio pescoço e enrolando-o no do filho.

"Está frio, Sera. Use isso sempre que quiser se sentir segura. Estarei com você então."

E com aquele sorriso final, tudo o que restou foi sangue. A garotinha tentou dizer algo, mas tudo o que saiu foram lágrimas.

Sera acordou com um grito preso na garganta. Fazia muito tempo que não ouvia a própria voz. Não conseguia se lembrar de como soava. Seria fraca? Melancólica? Rouca? Nada permanecia em sua mente. Mesmo em seus sonhos, ela não conseguia ouvir algo que não estava ali há 10 anos.

A casa dela não era um lar de conto de fadas, nem típico de garotas da sua idade. Era simplesmente uma cabana na floresta, nada de especial. O lugar perfeito para se esconder de qualquer um.

Sera prendeu o cabelo preto em um coque, imaginando que nunca se acostumaria ao silêncio. Não ouvia um som sequer havia dois dias. Nenhum passo pesado ou gritos. Nenhum objeto quebrando ou o som de seu corpo sendo empurrado contra a parede.

Apesar disso, ela ainda não conseguia acreditar que seu tormento havia acabado. Enquanto preparava o almoço, a faca caiu. Sera ficou chocada e, por alguns segundos, seu corpo congelou. A jovem aguardava o castigo. No entanto, nada aconteceu. Seu corpo tremia, ainda aguardando uma reação ao seu erro. Mas, mais uma vez, nada aconteceu.

Sera encostou-se à mesa e suspirou aliviada. Não havia mais perigo para ela. Não mais.

Ele tomou sua sopa de legumes em silêncio, sem saber o que fazer. De repente, algo chamou sua atenção. Algo tão comum para os outros, mas tão precioso para ele...

Chuva. Simples chuva.

A jovem saiu correndo descalça da cabana, com o xale encharcado, mas não se importou. Sara dançava nas gotas de chuva, sorrindo. Era algo que ela jamais teria permissão para fazer, a não ser observar de dentro.

Agora, ele se sentia livre. Mas a liberdade também podia ser assustadora. Logo, seus pensamentos o levaram a se sentir inseguro, como se tivesse feito algo errado, porque isso era algo que ele não tinha permissão para fazer antes.

O que ela se tornará agora? Quem é Sera senão alguém que obedece ordens e é usada como objeto? Como ela pode pensar que será livre se sua mente não é livre?

Sera começou a entrar em pânico. Ajoelhou-se no chão, sentindo o coração disparar e a respiração cada vez mais rápida e difícil. O ar parecia rarefeito, e memórias dolorosas inundaram sua mente.

O medo a dominou. O que fazer? Não havia ninguém para ajudá-la. Bem, nunca houve; sempre foi Sera quem a sustentou. Até que, finalmente, seu xale caiu levemente sobre seus ombros e a lembrança de sua mãe lhe veio à mente. E, num piscar de olhos, Sera se acalmou, respirou fundo e recuperou o controle.

De repente, ela pareceu ouvir algo nas árvores. Sera olhou ao redor, mas não havia nada. Devia ser só imaginação. Talvez estar perto daquele lugar não fosse bom para ela. Ela estava alucinando e entrando em pânico por algo que deveria ser sua segurança.

Pegando o manto vermelho da mãe, Sera caminhou pela floresta, sua única companhia desde que se mudara para lá. Mas, desta vez, algo era diferente. Uma voz soou novamente, e desta vez, Sera teve certeza de que era real.

Ele se escondeu entre as árvores e fechou a boca automaticamente. Havia vários homens, mulheres e jovens vestidos de cinza com o símbolo de um lobo cinzento em suas jaquetas.

Sera tentou conter o choque. O que aquelas pessoas estavam fazendo em um lugar tão remoto? Estariam procurando por ela? Pelo último membro do seu clã?

Sua mente acelerou, tentando escapar da melhor maneira possível. Deveria se esgueirar? Correr? Cumprimentar? O que fariam com alguém como ela? Sem fazer barulho?

Num pensamento rápido, ele ouviu uma voz masculina dizer: "Vamos, voltamos amanhã." - Ele ouviu um homem alto e musculoso dizer, provavelmente o alfa da matilha.

Sera não seria capaz de reconhecê-lo; ela havia perdido sua forma de lobo há muito tempo, quando a forçaram a sair dela. Isso a tornava uma mera humana, muito inferior a todos os lobos.

Quando os estranhos começaram a se mover, ela aproveitou a oportunidade para escapar, sem perceber que um fio de seu lenço havia ficado preso em um galho de árvore.

Ele correu como nunca antes, para dentro da cabana, o único lugar onde poderia haver segurança, mesmo sabendo que qualquer lobo poderia atacar o local facilmente.

Sera sentou-se no chão, tremendo de medo. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. Por quanto tempo ela ficaria tão fraca? Ela odiava a pessoa que a fizera se sentir assim. Suas mãos tremiam, ela não conseguia fazer nada. Não conseguia acreditar que aqueles que mataram sua mãe pudessem fazer o mesmo com ela.

O sorriso da mãe surgiu em sua mente, e Sera agarrou seu cachecol, reunindo um pouco de coragem. Devia haver algo ali que pudesse ajudá-la. Pela primeira vez, ela precisava fazer algo por si mesma.

Correndo para um quarto que a fez tossir e espirrar por alguns segundos, pois não havia sido tocado há muito tempo, a jovem procurou o arquivo que sua mãe havia deixado para ela. O homem nunca havia permitido que Sera o tocasse.

Seus olhos castanhos percorreram os papéis até avistar um folheto que dizia: Internato WolfPaws, o melhor para o seu jovem lobisomem em desenvolvimento. Era a escola que sua mãe frequentara. No entanto, Sera não era uma loba como a mãe. Não uma loba que sabia lutar. No entanto, era sua única chance de mudar de vida.

E quando um pedaço de papel com letras douradas caiu no chão, Sera soube que havia uma chance para ela. Depois de tanto sofrimento, talvez houvesse esperança.