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CAPÍTULO 6

Author: Ribeiro Peixoto
— Você é muito competente. — Disse Henrique.

Bianca percebeu o brilho de admiração nos olhos dele.

Exatamente o que ela esperava.

O Grupo Ribeiro estava colaborando com o laboratório do Daniel Quintana, e se o projeto desse certo, o grupo sairia ganhando.

Bianca voltou ao país justamente para ser peça-chave na solução do problema central do projeto. Ela tinha confiança de que conseguiria.

Hoje em dia, ninguém se apaixona mais por uma donzela ingênua; fazer comida ou ser fofa não conquista ninguém.

Se quer ser vista de verdade, a mulher precisa de competência.

E Bianca queria ser essa mulher de verdade.

...

Luana passou a manhã inteira ocupada. No meio disso, foi até a copa fazer café, aproveitou e trouxe uma xícara para a colega.

De repente, o celular tocou. Era a Secretária Fontes.

A secretária do Henrique.

Elas só tinham conversado uma vez, quando Luana quis saber onde estava Henrique.

Luana preferia evitar qualquer contato com pessoas ligadas ao Henrique, mas Secretária Fontes era tão gentil que ela, depois de hesitar um pouco, resolveu atender.

— Luana, você tá bem? — A voz da Secretária Fontes saiu baixinha.

— Estou sim. — Luana estranhou a pergunta.

A secretária, com preocupação:

— O Chefe acabou de trazer uma mulher para conhecer a empresa, foi um choque geral, os executivos já tratam ela como futura esposa dele... Não sei se você já sabe, só quis te avisar. O nome dela é Bian...

A voz foi interrompida.

Depois, veio um suspiro assustado:

— Lu...Luís... eu...

Ela tinha se escondido numa esquina, mas deu de cara com Luís passando atrás dela!

Luís pegou o celular da Secretária Fontes, olhou e franziu a testa.

— Tá perguntando do Sr. Henrique de novo?

Secretária Fontes ficou muda ao ver, atrás do Luís, Henrique e Bianca. Ficou paralisada, sem reação.

Luís nem esperou resposta, já foi comunicando:

— Sr. Henrique, é a Luana, tá querendo saber onde você está de novo.

Ele nem desligou. Nem ligava que Luana estivesse ouvindo tudo.

Luana ficou com a testa franzida.

Não dava a mínima pro que Luís insinuava, ia desligar, mas a voz fria do Henrique chegou:

— Não precisa se preocupar com ela.

Era sempre assim que ele tratava Luana.

Ela já esperava. O que doía era ele não tentar nem entender a verdade.

Antes, Luana sempre fazia questão de se explicar, com medo de mal-entendidos e de deixar Henrique bravo.

Mas agora era diferente. Estavam divorciados. Não precisava mais se importar com o que ele achava, muito menos correr atrás de informações sobre ele e Bianca.

Só que, logo em seguida, veio a voz ainda mais fria do Henrique:

— Amanhã, nem precisa aparecer no trabalho!

Luana ficou surpresa. Ele ia demitir a Secretária Fontes?

Ah, é. Da primeira vez que ela ligou pra secretária, Henrique já quis demitir a moça.

Só continuou lá porque Luana insistiu muito. Mas ele já tinha avisado: “Só dessa vez.”

E cumpriu a promessa.

Com ela, Henrique nunca fazia concessões.

— Henrique, não precisa perder a cabeça por causa de uma secretária. — Dessa vez, era Bianca falando.

A voz era suave. Assim como ela mesma.

Ela tentou acalmar:

— Que tal isso, depois vamos almoçar juntos, por minha conta. Assim você fica de bom humor, vai? Faz isso por mim.

Dois segundos de silêncio, então:

— Tá bom.

O tom de Henrique já não era tão frio quanto antes. Comparado à frase anterior, tinha até um pouco de gentileza.

Bianca sorriu de leve:

— Então vamos?

Depois disso, não se ouviu mais a voz deles.

Luana mordeu um sorriso, amarga por dentro.

Sempre achou que Henrique era difícil de agradar. Toda vez que brigavam, ela precisava de dias insistindo, tentando acalmá-lo, pra finalmente ele voltar a falar com ela numa boa.

Esse processo era um tormento psicológico, perdia o apetite, passava noites sem dormir. Se Henrique não a perdoasse, ela não conseguia fazer mais nada direito.

Mas, com Bianca, bastava uma frase. Tão fácil.

Luís olhou pro celular, sabendo que Luana tinha ouvido tudo.

Luana odiava dar trabalho aos outros. Agora, por causa dela, Secretária Fontes estava sendo demitida, isso ia pesar ainda mais em sua consciência.

A punição foi pra secretária, mas pra Luana era um castigo emocional.

Só assim, ela aprenderia a não repetir as mesmas atitudes, nunca mais deveria tentar “investigar” Henrique pelas costas.

No fim, a culpa era toda de Luana, que não parava de querer saber dos passos do Henrique.

Se alguém ficasse te vigiando o tempo todo, não teria como não se sentir sufocado. Luís se colocava no lugar do chefe e entendia perfeitamente.

Fez sinal e chamou a chefe das secretárias.

— O desligamento vai ser resolvido hoje. — Informou a chefe das secretárias.

Luís só confirmou e saiu.

Na quarta-feira, seria o aniversário de Bianca. A pedido de Henrique, ele teria que ir ao Residencial Enseada, no Restaurante Estrela, fechar o evento e acertar uma surpresa pra Bianca.

Tinha coisas mais importantes pra cuidar do que ficar em cima do desligamento de uma secretária.

A chefe das secretárias pegou o celular que Luís entregou para devolver à Secretária Fontes. Sem querer, viu quem estava na ligação, era Luana.

Franziu a testa, levou alguns segundos para lembrar de quem se tratava, e comentou, aborrecida:

— Você é muito burra, viu? Vale a pena perder o emprego por causa daquela empregada que só traz comida pro chefe?

Secretária Fontes, ainda atordoada por ter sido flagrada pelo próprio presidente, só agora conseguiu abrir a boca, mas toda trêmula:

— Ela... ela não é empregada, é a esposa do chefe...

— Você tá cega? Não viu que agora até de aliança de casal estão usando? Bianca é a verdadeira futura esposa do chefe, disso ninguém duvida.

— Não é bem assim...

— Chega, vai logo preparar os papéis da sua saída!

A secretária engoliu tudo calada e pegou de volta o próprio celular.

Quando a chefe saiu, ela olhou pra tela, e viu que a chamada ainda estava ativa.

Ela levantou a voz, nervosa:

— Lu... Luana, tá tudo bem? Você ouviu alguma coisa do que aconteceu agora há pouco?

No fundo, só torcia pra que não tivesse ouvido, mas era impossível.

— Não liga pra o que elas falam, você não é empregada nenhuma... desculpa, me desculpa mesmo...

Henrique nunca assumiu o casamento publicamente, e nunca deixou Luana entrar no escritório.

Quando Luana levava comida, era sempre passada por secretária, então ser confundida com a “empregada” da casa nunca pareceu injusto.

Luana não se incomodava com isso. Só não esperava que, um dia, Henrique usaria aliança de casal com Bianca.

A mão de Henrique sempre foi bonita, dedos longos, brancos, bem desenhados, delicados mas cheios de força. O anelar, com uma aliança, tinha um charme especial.

Sempre que podia, Luana admirava em silêncio.

Mas ele quase nunca usou aliança.

Luana sempre achou que era só porque ele não gostava da sensação de acessório. Mas não, era porque ele não queria mesmo.

— Desculpa, mas dessa vez não posso te ajudar. — Disse Luana.

Secretária Fontes, mesmo tendo conversado pouco com Luana, sabia que ela era uma boa pessoa.

Com o chefe de olho em outra, ela só queria avisar Luana pra tomar cuidado.

Acabou se complicando.

Mesmo assim, tentou confortar:

— Fica tranquila, eu já tava pensando em sair pra ajudar meus pais. Ser mandada embora não tem problema, a carta de demissão já tava quase pronta!

O tom dela era sincero, sem nenhum drama, e Luana finalmente se aliviou.

A secretária ainda murmurou, mais baixo:

— Mas por quê? Você era a esposa dele... Por que o chefe faz isso com você?

Henrique não deixava Luana ir ao escritório.

Mas com Bianca, era tudo diferente, ela entrava e saía como quisesse. Por quê?

Mesmo que Henrique quisesse esconder o casamento, podia pelo menos dizer que Luana era parente. Ninguém ia desconfiar.

E a comida que Luana fazia, levava com tanto carinho... no fim, era ignorada. Era cruel demais.
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