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Capítulo 4

Auteur: Paulo Santos
Ao ouvir a voz, Norah ficou paralisada.

Respirou fundo para se acalmar.

Espiou o corredor.

Viu seus pais ao lado de Clarice.

Álvaro Araújo amparava Clarice com carinho, um olhar de ternura que ela nunca conheceu.

Uiara, ao telefone, era firme, exigindo que Carlos se divorciasse de Norah e casasse com Clarice.

Clarice, usufruindo da preferência dos pais, acariciava a barriga com felicidade evidente.

Em contraste.

Norah estava sozinha, sem família ou carinho, encostada no corredor, com um ar solitário.

— O quê?

Uiara elevou a voz, quase roxa de raiva.

— Carlos, Clarice carrega o futuro herdeiro da Família Serpa!

— E mesmo assim, você não quer se divorciar de Norah? O que ela tem de especial? Clarice é melhor em tudo! Se sente culpa, dê uma casa para ela!

— Não me importa, se não casar com Clarice, levo ela para abortar! Quero ver o que Norah, essa galinha estéril, tem de bom!

Uiara quase explodia, veias saltando.

Álvaro, sério, ainda tentava acalmar Clarice:

— Filha, não se preocupe, estamos sempre ao seu lado, somos seu maior apoio!

Clarice sorriu, mas olhava para Uiara.

Queria saber como Carlos responderia.

Se pudesse ser Sra. Serpa, andaria de cabeça erguida para sempre!

Ao telefone, Carlos respondeu algo que deixou Uiara boquiaberta.

— Carlos, você... você é cruel! Clarice está com você há três meses e não sente nada por ela? Carlos!

Talvez ele já tivesse desligado.

Uiara gritou para o nada, olhou para Clarice.

— Filha, aguente só mais um pouco, mamãe vai...

Antes que terminasse, Clarice chorou.

Ela não aceitava!

Carlos já sussurrara em seu ouvido:

— Clarice, você é mais apaixonada e ousada que Norah. Se tivesse te conhecido antes, talvez me casasse com você.

Aquilo a fez esperar por reconhecimento.

Fez de tudo para se destacar para Carlos.

Achava que ele ao menos sentia algo por ela.

Mas agora, Carlos ainda preferia Norah!

Hoje mesmo, Clarice disse estar com dor, Carlos quis vê-la, mas foi interrompido.

O que seria mais importante que o filho?

Se Norah estivesse grávida, Carlos a desprezaria assim?

Clarice ficou furiosa.

Apertou os punhos, rosnou:

— Maldita! Norah nasceu para ser desprezível! Por que não morre? Ela só atrapalha minha vida!

Vendo a raiva de Clarice, Álvaro e Uiara a mimaram ainda mais.

Faziam de tudo para animá-la.

Uiara disse:

— Filha, aguente só mais um pouco. Quando o herdeiro nascer, Carlos te dará o nome de Sra. Serpa.

— Isso mesmo. — Álvaro sorriu para Clarice. — Carlos é só boca dura, mas é sensível. Não fique nervosa, faz mal ao bebê.

A predileção dos pais por Clarice fez o coração de Norah esfriar ainda mais.

Embora já estivesse em pedaços.

Mas perceber que nunca foi amada pelos pais ainda doía... Como não doía?

Norah fechou os olhos para se recompor.

Pensava em ir embora.

Mas Clarice, de repente, olhou em sua direção.

— Irmã?

Álvaro e Uiara se viraram para ela.

Uiara foi a mais rápida.

Com as mãos na cintura, aproximou-se, dizendo com ironia:

— Olha só, não é a Sra. Serpa?

— Venha aqui!

Puxou Norah pelo braço.

Norah instintivamente protegeu a barriga.

Ao ficar diante dos três.

Álvaro retomou a compostura e disse:

— Justo, temos algo para discutir com você.

— Norah, você está casada com a Família Serpa há três anos e não deu um filho sequer. Se Carlos não fosse leal, já teria sido expulsa!

Norah se desvencilhou de Uiara, encarando Álvaro com sarcasmo.

— Pai, se não me engano, eu sou a Sra. Serpa.

— Você!

Álvaro ficou furioso e ergueu a mão para bater nela.

Norah se preparava para desviar.

Mas Clarice o impediu:

— Pai, não faça isso! Deixe que eu falo com minha irmã.

Depois, sorrindo, Clarice cobriu a barriga com a mão.

— Irmã, não culpe papai, ele só quer o melhor para você.

— Não ter filhos é um problema para Carlos, pode causar distância entre vocês. Não pode sempre exigir o amor dele.

Clarice dizia "Carlos" de propósito, desafiando.

— Isso mesmo. — Uiara apoiou: — Sei como é, ao invés de manter o título de Sra. Serpa, deixe sua irmã assumir.

Ela completou:

— Clarice carrega o neto de ouro da Família Serpa, com um filho, ela garantirá a posição.

— Somos uma família, melhor deixar Clarice assumir logo, não vamos te prejudicar.

Uiara, de rara gentileza, só fazia isso por Clarice.

Nunca perguntou por que Norah estava no hospital.

Norah sempre teve uma dúvida.

Ela não era filha de Uiara? Não corria o sangue da mãe em si?

Só por ser a irmã mais velha? Por não chorar?

Tinha que ceder sempre a Clarice?

Antes, Norah teria discutido, contando com a proteção de Carlos.

Mas agora, estava cansada.

E resignada.

Não iria atrás do que não era seu.

O amor dos pais, ela desprezava.

O de Carlos, não queria mais.

Não queria mais nada.

Norah sorriu, sentindo-se relaxada.

— Por que está sorrindo?

Álvaro franziu a testa:

— Não se apegue tanto ao título. Já tentamos de tudo, não seja ingrata!

— Você é mesmo sem vergonha...

Antes que terminasse, Norah o interrompeu:

— Não ligo para o título de Sra. Serpa. Se Clarice quiser, que pegue.

As palavras ecoaram!

No fim do corredor, um objeto caiu.

Norah olhou para cima.

Deparou-se com Carlos!
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