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Capítulo 4

Author: Raquel Tavares
— Não é que eu não acredite em você, é que conheço a Olívia há dezesseis anos e sete meses, ela nunca mentiu para ninguém.

Henrique franziu as sobrancelhas com força, decidido a encerrar o assunto:

— Bruna, você fez a Olívia chorar, então é sua responsabilidade acalmá-la.

Nesse momento, Olívia, que chorava baixinho, atirou o anel que segurava na mão para dentro da piscina e exclamou:

— Henrique, o anel que você me deu caiu na piscina sem querer.

Ao dizer isso, Olívia olhou para Bruna, os lábios vermelhos erguidos num sorriso provocativo:

— Que tal assim? Não precisa me consolar mais, se você pegar o anel, eu perdoo tudo o que você fez que me magoou.

Era início de inverno, e a água da piscina estava gelada como gelo.

O ferimento na cabeça de Bruna ainda não havia cicatrizado. Ela abaixou a cabeça e olhou para Henrique, que estava sentado.

O homem mantinha o olhar baixo, impossível ver seus olhos.

Seus dedos longos batiam levemente na mesa, a expressão fria e distante, sem lançar-lhe nenhum olhar.

Naquele momento, Bruna sentiu como se algo tivesse perfurado seu coração, uma dor aguda e persistente.

De repente, ela se lembrou de meio ano atrás, quando Henrique recebeu o diagnóstico de deficiência.

Ricardo foi visitá-lo no hospital e, ao saber que as chances de recuperação eram mínimas, começou a escolher outro herdeiro.

Naquela noite, Henrique desapareceu do quarto. Quando Bruna o encontrou, viu que ele empurrava a cadeira de rodas em direção ao mar revolto, permitindo que a água fria subisse até seu peito.

Apavorada, Bruna tentou impedi-lo, mas ele a empurrou com força:

— Pare de fingir que se importa comigo. Você é só minha namorada, não minha esposa. Se realmente quer cuidar de mim, com esse vento e essas ondas fortes, dê uma volta nadando, aí eu faço tudo o que você mandar.

Bruna ficou olhando para ele, atônita. Na verdade, queria dizer que não estava fingindo, queria mesmo ser sua esposa.

Então, mesmo sem saber nadar, ela não hesitou e se lançou no mar.

Com as ondas e o vento fortes, logo foi engolida pela água e perdeu a consciência. Quando abriu os olhos novamente, encontrou o olhar preocupado de Henrique.

O rosto dele estava pálido, o maxilar tenso:

— Por que você não me disse que não sabia nadar? Ficou louca? Como teve coragem de pular sem saber nadar?

Ela ergueu o rosto para ele, a voz rouca:

— Henrique, mesmo que suas pernas nunca melhorem, ainda quero me casar com você. Eu realmente... gosto de você mais do que imagina.

Depois daquele dia, Henrique nunca mais a levou à praia — até mesmo a piscina de casa ficou proibida de ser enchida.

Foi ela quem achou estranho a piscina estar sempre vazia, e só por isso Henrique cedeu, permitindo que os empregados enchessem e trocassem a água todos os dias.

Pensando nisso, Bruna forçou um sorriso, o rosto sem expressão:

— Quer que eu pegue o anel, não é? Tudo bem, eu vou pegar.

Sem tirar o casaco, Bruna virou-se e pulou na piscina.

A água fria penetrou sua pele, fazendo-a tremer dos pés à cabeça.

Bruna afundou devagar, o medo a dominando completamente, mas ela resistiu, cerrando os dentes sem pedir ajuda.

Logo, uma mancha vermelha de sangue se espalhou pela piscina.

O mordomo ao lado se assustou:

— Meu Deus, senhora, sua cabeça está sangrando!

Henrique tirou o casaco e pulou na piscina para resgatar Bruna, gritando de raiva:

— Chega! Por que você é tão teimosa? Não podia simplesmente virar as costas e ir embora?

Bruna ergueu o rosto, olhando para o anel de diamante no fundo da piscina, e respondeu friamente:

— Você não queria que eu a fizesse feliz? Agora, desse jeito, Olívia deve estar bem satisfeita, não?

Henrique franziu as sobrancelhas, seu belo rosto tomado por uma expressão sombria:

— Quantas vezes eu já te disse que só vejo a Olívia como irmã? A Família Batista também é poderosa aqui em Cidade Luz. E se essas coisas que você faz vierem a público? Hoje em dia é difícil controlar a opinião das pessoas. Eu pedi para você acalmá-la, para evitar problemas, tudo isso é para o seu bem.

A voz de Henrique soava carinhosa, como se tudo fosse por ela.

Mas, ouvindo aquilo, Bruna forçou um sorriso de pura revolta.

Ele dizia que era difícil controlar a opinião pública.

No passado, quando o herdeiro da Família Machado ficou deficiente por causa de uma corrida de carros com Olívia, não conseguiram abafar o caso?

Olívia sempre causava confusão, praticava bullying na escola, tinha fama ruim, mas nos últimos anos viveu tranquila graças ao apoio de Henrique.

Até mesmo o segredo da fertilização in vitro deles foi mantido por ele a todo custo.

Agora, mesmo que realmente tivesse sido ela a sequestrar alguém, ele vinha dizer que era impossível controlar a opinião pública.

No fim das contas, Bruna nunca foi tão importante para Henrique quanto Olívia.

Bruna já não queria dizer mais nada a Henrique. Tirou o casaco preto encharcado e caminhou em direção à sala de estar.

Mal deu alguns passos, talvez pela perda excessiva de sangue, desmaiou de repente.

Henrique ficou pálido de susto e correu até Bruna. Quando estava prestes a abraçá-la, Olívia se abaixou e, chorando, disse entre lágrimas:

— Henrique, minha barriga está doendo, me leva para o quarto, por favor.

Henrique hesitou, recuou a mão que ia segurar Bruna e virou-se, pegando Olívia nos braços.

Deixou que a cabeça de Bruna batesse forte no chão, olhou para o mordomo e disse apenas:

— Natan, leve a Bruna para o hospital.
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