Uma Noiva Enlouquecida e Suas Cúmplices

A semana de provas finais estava chegando. Para me concentrar nos estudos, resolvi aproveitar o apartamento novo do meu irmão. Precisava de um lugar silencioso para me preparar sem distrações, então levei uma pilha de livros para lá. Assim que abri a primeira página, escutei batidas fortes na porta.

Achei que fosse o entregador das plantas que eu havia encomendado. Abri a porta sem imaginar o que vinha pela frente. Logo vi um celular preso a um bastão de selfie quase encostando no meu rosto. A dona daquele celular era uma garota baixinha, cheia de maquiagem, e atrás dela vinha um grupo grande de pessoas.

— Olhem só, pessoal! — Exclamou ela, falando alto para a câmera. — Finalmente vamos ver a cara verdadeira da amante do César.

— Quem são vocês? Acho que bateram na porta errada. — Falei, tentando entender a situação.

Antes que eu pudesse reagir, elas me empurraram para dentro do apartamento. Um grupo das mulheres, com gestos de desprezo, me mediu dos pés à cabeça.

— Então essa é a amante do namorado da Catarina? — Comentou uma mulher, em tom venenoso. — Nem é tão bonita assim.

Meu estômago se revirava, e eu tentava manter a calma.

— Saiam daqui! Vocês não podem simplesmente invadir meu lar! — Protestei, já procurando meu celular.

Mas foi inútil. Uma mulher alta, cabelo em ondas, tomou o aparelho das minhas mãos.

— Está querendo ajuda, né? Não vai conseguir. — Ela rosnou, me encarando com ódio. — Meninas assim, que se metem no noivado alheio, merecem uma lição.

— Que história de noivado é essa? — Perguntei, assustada.

Em resposta, recebi um tapa ardido no rosto. Senti meus olhos marejarem e dei um passo para trás, abalada.

— Vejam como essa amante finge inocência! — Gritou a mulher que me bateu, esfregando a própria mão como se doesse. — Quer dizer que você não conhece o César? Vai negar que é a amante mantida por ele?

Meu coração disparou.

— Claro que conheço o César, ele é meu irmão! — Rebati, indignada. — E exijo que saiam do meu apartamento agora!

A mulher me lançou um olhar de deboche.

— Irmão, é? Quanta cara de pau. Vocês, garotas mais novas, inventam qualquer coisa para encobrir seus esquemas. — Ela retrucou, apertando meu queixo.

Senti as unhas dela afundarem na pele machucada e soltei um gemido de dor.

Outra voz soou no meio do grupo:

— Catarina, olha bem. Esse lugar é enorme, deve ter custado uma fortuna. Parece que seu noivo foi bem generoso com a tal amante dele.

O nome Catarina acendeu um alerta na minha cabeça. Então essa só podia ser a famosa Catarina, a mulher que o meu irmão estava namorando.

Empurrei a mão que me segurava e segurei a lateral do meu rosto.

— Você é a Catarina? A namorada do César?

Mal acabei a frase e um murmúrio de indignação se espalhou por todas.

— Ela se faz de louca! Gente, tirem fotos disso. Vamos mostrar para todo mundo quem é essa biscoiteira sem vergonha! — Berrou a garota do celular, balançando a câmera.

Num impulso, tentei derrubar o celular dela.

— Tire seu celular! Não sou amante de ninguém! Catarina...

Ela reagiu rápido, me acertando um chute na barriga. Cambaleei para trás, curvada de dor.

— Eu sou a irmã do César. — Repeti com o pouco fôlego que me restava.

Um silêncio se instaurou entre elas, todas olharam para Catarina, surpresas.

— O César tem irmã? — Indagou uma das mulheres, sem esconder a dúvida.

Catarina esfregou as têmporas, parecendo fora de si.

— Sim, ele tem uma irmã. — Ela admitiu, com a voz meio hesitante.

— Então a gente não entrou em fria, né? — Cochichou alguém, lançando olhares preocupados.

De repente, um grito cortou o ar.

— Ela mente! Não é irmã do César coisa nenhuma! — Bradou alguém, fazendo a tensão voltar.