Capítulo 3

— Tiago, você está me prendendo?! — Elevei o meu tom de voz.

— Mari, a culpa não é minha. Você me obrigou a fazer isso. — O olhar do homem estava carregado e sombrio.

O porão era úmido e frio, a única luz vinha de uma lâmpada amarelada e fraca.

Tiago ficou na porta, sua expressão oculta pela luz contra ele.

— Fique aqui até o julgamento. — Disse, com voz fria.

Assim que ele terminou de falar, fui empurrada para dentro por seus homens.

Meus passos vacilaram, e acabei batendo contra a parede, sentindo uma dor forte no ombro.

— Ai... — Soltei um gemido abafado e ergui o olhar, cheia de ódio e ressentimento, encarando-o.

Os olhos dele piscaram, e ele ordenou que desamarrassem minhas cordas. Tirou do bolso um colar cravejado de diamantes.

— Mari... — Disse com um tom carregado de culpa. — Esse colar foi feito especialmente para você, considere como uma compensação.

Ele colocou o colar à minha frente, os diamantes brilhavam intensamente sob a luz fraca.

— O que é isso? — Olhei para ele com frieza, sem estender a mão. — Tem medo que eu fuja e acha que pode me acalmar com isso?

A expressão de Tiago ficou rígida, mas logo suspirou.

— Só quero que você saiba que ainda tenho sentimentos por você. — Respondeu.

Eu ri sarcasticamente:

— Tiago, esses seus "sentimentos" são para me fazer assumir a culpa pela sua amante e me trancar no porão? — Debochei.

Ele congelou e, antes que pudesse responder, a voz de Barbara soou pelas escadas.

Ela desceu rapidamente e tomou o colar das mãos dele.

— Que colar lindo! Ti, isso é para mim? — Ela perguntou.

Tiago ficou visivelmente surpreso.

— Barbara, esse colar é para...

— Não me interessa, eu quero ele! — Barbara colocou o colar no pescoço, fazendo bico, insatisfeita. — Minha irmã logo logo vai para a cadeia, e é um desperdício dar um colar tão bonito para ela.

Tiago olhou para mim e depois para Barbara, e acabou cedendo com um olhar de indulgência:

— Tudo bem, se você quer assim tanto, pode ficar com ele.

Barbara saiu ganhando, mas continuou reclamando com a testa franzida.

— Mas e agora que você deu o presente da minha irmã para mim? Que tal... — Ela parou, sorriu maliciosamente e puxou o colar velho do pescoço, entregando-o para mim. — Que tal considerar esse colar como um presente meu?

— Mari, veja como Barbara se importa com você. — Tiago fingiu não perceber a má atitude dela e falou para mim. — Acredito que vocês duas podem se entender bem no futuro.

Eu encarei a corrente prateada que brilhava fracamente sob a luz, e sorri com ironia.

— A propósito, Mari. — Tiago continuou. — Considerando que Barbara já está grávida e você... — Ele fez uma pausa. — Como o médico disse que você tem dificuldades para engravidar, então decidi cancelar nosso noivado e me casar com Barbara.

Mesmo já esperando por isso, a frase cortou meu coração como uma faca.

— Mas não se preocupe, não sou um homem insensível e cruel. Assim que você sair da prisão, vou providenciar um lugar para você morar e um emprego, afinal, nós já...

— Tiago... — Eu o interrompi com um sorriso sarcástico. — Você realmente acha que vou acreditar nas suas mentiras?

Barbara entrelaçou o braço no de Tiago, olhando para mim com desprezo.

— Irmã, não seja ingrata. O Ti está preocupado com você. Quem iria querer uma mulher que não pode ter filhos como você?

Apertei os punhos com força, com minhas unhas cravando na palma da mão. A dor me manteve consciente, me lembrando de não agir por impulso. Ainda não era hora de reagir.

Já passava da meia-noite quando a porta do porão foi aberta de repente. Franzi a testa e levantei a cabeça, só para ver Barbara entrando.

Ela entrou de salto alto, olhando para mim de cima para baixo, com um sorriso de satisfação nos lábios.