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​Desta Vez, Só Quero Viver em Paz
​Desta Vez, Só Quero Viver em Paz
Author: Mateus Alves

Capítulo 1

Author: Mateus Alves
— Clarice, hoje à noite o Marcelo vai fazer uma festa de despedida de solteira para a Susana. Você não vai?

Ao ouvir alguém chamar meu nome, despertei de repente.

Olhei, confusa, para a amiga que falava comigo.

Minha amiga me encarou com uma expressão preocupada:

— Você brigou com o Marcelo ultimamente? Você anda tão distraída esses dias...

Balancei a cabeça, negando.

Nesse momento, o celular tocou. Era uma ligação do Marcelo.

Ao ver aquele número familiar, senti uma pontada amarga no peito.

Demorei um bom tempo antes de atender.

Do outro lado da linha, a voz do Marcelo soou distante e estranha. Ele falou com indiferença:

— A Susana acabou de terminar com o namorado. Hoje, ninguém vai levar acompanhante para a festa. Não quero que a sua presença deixe a Susana desconfortável.

Mordi os lábios com força, o gosto de sangue na boca me lembrando constantemente da dor.

Marcelo parecia estar dizendo alguma coisa, mas eu não conseguia escutar uma palavra sequer.

— Eu entendi. — Interrompi Marcelo, tentando sufocar a dor dentro de mim. Fingindo estar calma, disse: — Não vou atrapalhar vocês, até porque preciso viajar a trabalho para o País F.

Ao ouvir isso, Marcelo hesitou por um instante.

Talvez porque, desta vez, ao contrário de antes, eu não discuti com ele perguntando por que não podia aparecer na frente da Susana. Isso pareceu surpreendê-lo.

Depois de alguns segundos, o tom de Marcelo suavizou um pouco:

— Você está mais compreensiva.

Por dentro, eu estava arrasada, lutando ao máximo para não deixar as lágrimas escaparem dos meus olhos.

Minha amiga, ao lado, também me olhou surpresa.

Eu sabia o motivo da surpresa dela. Afinal, eu amava Marcelo a ponto de ter me perdido de mim mesma.

Mas desta vez, não me agarrei a ele em um ataque histérico, nem fiquei desnorteada por causa dele e da Susana, cheia de dúvidas e inseguranças.

Minha amiga percebeu meu semblante pálido, mas não disse mais nada. Apenas suspirou, serviu-me um copo d’água.

Ao beber, senti meu corpo, antes gelado, aquecer um pouco.

Sorri para minha amiga, arrumei as coisas na mesa e comecei a procurar passagens aéreas.

Minha amiga perguntou:

— Você vai mesmo para o País F?

Minha voz soou abafada:

— Faz tempo que quero conhecer o País F. Agora surgiu a oportunidade, então vou aproveitar.

Vendo a expressão preocupada da amiga, tentei tranquilizá-la com um sorriso, e a abracei com força.

O calor do abraço fez com que eu não conseguisse conter as lágrimas.

Ela não sabia por que eu estava tão abatida de repente, mas ainda assim, com carinho, deu leves tapinhas em minhas costas, murmurando palavras de consolo.

Baixei a voz e disse:

— Não quero mais amar o Marcelo. Estou cansada.

Minha amiga não sabia o que estava acontecendo, mas mesmo assim, seguiu meu pensamento:

— Então, parabéns pelo seu renascimento.

As lágrimas escorreram pelo meu rosto.

Minha amiga não sabia, mas eu já tinha morrido uma vez. Foi por compaixão do destino que tive a chance de recomeçar.

Desta vez, só quero viver bem.

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