No coração de Guilherme, sua esposa sempre era apenas Sofia, por isso, todas as vezes em que Marina se agarrava nele e o chamava de marido, um enjoo lhe subia pelo estômago. Para ele, aquilo nunca foi sinal de carinho, mas sim um castigo silencioso, e aceitava sem reagir porque acreditava que essa era a penitência que merecia carregar. Agora, porém, decidido a se divorciar, Guilherme não tinha mais motivos para calar.Marina ficou imóvel no chão por alguns segundos, como se tivesse levado um choque, e quando finalmente assimilou as palavras dele, sua voz saiu trêmula, quase histérica, reverberando por todo o salão:— Guilherme, o que você está dizendo? Acordo de divórcio? Nós já temos essa idade, nossos filhos já estão grandes! Você vai me expulsar da família Almeida com eles? Você enlouqueceu? Você perdeu o juízo?— Não. — A voz dele ecoou firme, cortante, tão gelada que parecia congelar o ar ao redor. — Louco eu estive nos últimos vinte anos. Hoje, pela primeira vez, estou lúcido.
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