All Chapters of Quando o Amor Bate à Porta: Chapter 31 - Chapter 40

Aureliano soltou a mão. Seus dedos estavam um pouco úmidos.A voz do homem saiu rouca:— Desculpe.Seguiu-se um silêncio curto e, ao mesmo tempo, interminável.Maristela já havia saído do banheiro, e Aureliano ainda estava ali, encostado, arrastado por emoções que ele próprio não conseguia controlar. Ele não sabia dizer se era por causa do olhar da mulher, úmido pelas lágrimas, com uma ponta de ironia e tristeza nos olhos, ou se era porque aquela mulher, por algum motivo inexplicável, lhe parecia familiar.Talvez o que ele estivesse tentando enxergar nela, o sentimento de déjà vu que ela despertava, fosse por um leve traço que lembrava Silvana.Aureliano sabia que ela não era Silvana. Mas era como se tivesse sido enfeitiçado.Ele queria, mesmo sabendo que era impossível, juntar duas pessoas completamente diferentes numa só imagem.Ele levantou a mão e apertou levemente a têmpora, como se quisesse aliviar um peso invisível. Aquilo era uma doença. Ele mesmo sabia.Talvez isso tenha sido

Aline costumava gostar de folhear revistas de moda e, como trabalhava no departamento de atendimento ao cliente, lidava com muita gente. Pegou o celular e deu uma olhada no modelo do relógio, sem ouvir a resposta de Maristela, comentando por conta própria:— É de uma marca pouco conhecida, mas o design é bem estiloso. Mais caro que o carro dele. Quem compra esse tipo de relógio de marca alternativa já é um colecionador experiente. Que tipo de pessoa será o namorado da diretora Beatriz, hein?Aline tinha uma personalidade fofoqueira. Maristela, mais reservada no dia a dia, normalmente deixava Aline falando sozinha sobre esses assuntos. As duas estavam esperando o carro na calçada quando uma brisa passou, e Maristela sentiu um arrepio de frio.Foi justo nesse momento que o carro chegou e as duas entraram no veículo.Mesmo falando sozinha, Aline não se sentia entediada. Ela conhecia o jeito quieto de Maristela, mas ficou surpresa ao ver que ela respondeu:— Devem ser compatíveis em status

Nesse momento, a Sra. Rafaela ligou para ele por chamada de voz, perguntando como ele estava se dando com Beatriz.Disse também que, no dia seguinte, a mãe de Beatriz, a Sra. Alícia, viria visitá-los, e pediu que ele voltasse para casa.— Mas, mãe, então ótimo, a senhora pode recusar por mim.— Ah, meu Deus, meu peito está doendo... Acho que eu vou ter que ligar para o pronto-socorro...— Não desperdice essa ligação. Se a senhora realmente estiver com dor no peito e ligar para o socorro, vai cair justo no plantão do meu colega. Capaz de me chamarem para ir junto. Aqui em casa tem todo tipo de remédio no armário.Três horas atrás, foi ela também quem ligou dizendo que a pressão dela estava alta, e foi só assim que Aureliano aceitou jantar com a Srta. Beatriz.— Você é um sem-vergonha mesmo. Agora a minha pressão subiu de novo...A Sra. Rafaela, que jogava cartas toda semana com a Sra. Alícia, gostava muito de Beatriz. Se ela e seu filho se acertassem, ficaria bem satisfeita.Compatíveis

Ele tirou uma folga na quinta-feira. À tarde, ele arranjou um tempo para marcar uma consulta no setor de psicologia e escolheu a Clínica Esperança.A Clínica Esperança ficava um pouco longe do Hospital Horizonte. Ela estava localizada em outro distrito, na zona norte da cidade.Afinal, Aureliano era médico do Hospital Horizonte, um dos talentos mais promissores da nova geração. Com toda a divulgação que o hospital fazia sobre ele, era natural que muitos colegas da área já o conhecessem.Embora procurar ajuda psicológica não fosse algo vergonhoso, considerando que quase todo mundo, hoje em dia, lidava com algum tipo de problema emocional, ao chegar à porta da clínica, Aureliano não conseguiu evitar um sorriso irônico.Naquele momento, ele entendeu como era fácil para um paciente esconder suas dores por medo ou orgulho. No fundo, ele não queria abrir o coração para um desconhecido.Mas também ele não conseguia mais carregar aquilo sozinho. Então, ele empurrou a porta e entrou.A psicólog

Depois da névoa, a clareza, direto ao coração.Aureliano permaneceu parado. Seu rosto seguia inexpressivo, como de costume, apenas apertava com força a maçaneta da porta.— Sr. Aureliano, como mulher, depois de ouvir a sua história, eu gostaria de lhe dizer algumas coisas. Talvez ela não quisesse esconder nada de você. Talvez fosse apenas insegura, sensível, frágil. Pela sua descrição, ela não lhe atraiu pela aparência. Era uma garota acima do peso, que usou certos meios e situações para te ameaçar. E, mesmo assim, ela sabia que entre vocês não haveria futuro. Ela era dedicada aos estudos, esforçada, gentil, como uma plantinha que, mesmo sob o sol escaldante, insistia em crescer com força. Em tempos de aperto, ela era capaz de passar fome por uma semana só para salvar um gato de rua. Você achava isso uma idiotice, mas, mesmo assim, se sentia atraído por ela. No fundo, você também queria salvar aquele gato. Vocês dois são bondosos e sensíveis, só que com formas diferentes de mostrar iss