All Chapters of Quando o Amor Bate à Porta: Chapter 51 - Chapter 60

Mas ela conseguia sentir o olhar atento e reflexivo do outro. Ela não sabia se sua ligação anterior tinha sido grosseira, tampouco se aqueles 40 minutos de trajeto de carro seriam tranquilos. Ela só sabia que o pânico e a sensação de injustiça que carregava no peito a faziam ficar alerta a cada segundo, com os olhos fixos na estrada do lado de fora da janela.Bastava que o caminho começasse a destoar da rota que ela tinha memorizado para que seu corpo todo ficasse tenso como uma corda esticada. O motorista, por sua vez, não parava de procurar oportunidades para puxar conversa, com falas que carregavam um tom de invasão, típico de um certo tipo de homem.— Senhorita, sua pele é bem branquinha, parece tão macia... Seu marido deve ser um homem de sorte, viu? Aqui dentro nem está frio, você pode tirar o casaco. Seu marido é médico, né? Deve ganhar bem. Porque, olha, para sustentar uma mulher bonita assim, não pode ser qualquer um.Cerca de vinte minutos depois, o celular de Maristela tocou

Maristela voltou para o seu assento e percebeu que Aureliano não estava ali.Ela se sentou ao lado da janela, uma daquelas antigas de alumínio. A chuva tinha caído na Serra da Lua alguns dias antes, e o lado de fora do vidro ainda guardava marcas da água que escorreu e tinha secado ao sol, deixando rastros opacos de sujeira.Maristela olhou para fora. Aureliano estava lá fora, fumando.Ele era um homem alto, usava um leve suéter cinza-escuro. Tinha os ombros largos e a cintura estreita. O vento do fim do outono soprava a fumaça e logo a dispersava, também agitava seus cabelos curtos sobre a testa. Ele semicerrava os olhos e terminou rapidamente dois cigarros.Maristela sentiu que, nesses sete anos, ambos tinham mudado muito.Antes, Aureliano não fumava com tanta frequência. Não era alguém que, depois de cada refeição, saía para fumar. Pensando agora, já se haviam passado sete anos. O tempo passou rápido demais e parecia não ter deixado marcas nesse homem. Estava ainda mais bonito, mais

Maristela não disse nada. O mundo dos adultos era assim mesmo: não se podia esperar que um homem, com quem não se tinha tanta intimidade, se solidarizasse com a dor que outra pessoa sentiu na noite anterior.Ela apenas sorriu e comentou rapidamente sobre tecidos e materiais, depois desligou o telefone.— Mamãe, a professora disse que, na semana que vem, vamos ter uma atividade ao ar livre. Você pode ir, mamãe?Depois do café da manhã, Maristela se preparava para levar a filha à escola.A menina lhe entregou um termo de autorização voluntária. No sábado, o tempo estaria excepcionalmente bom e a escola havia organizado uma atividade ao ar livre: visita a um parque cultural e ao jardim de espécimes botânicos. A escola cuidaria da compra dos ingressos.A primeira reação de Maristela foi não querer que a filha participasse; ela temia que a menina ficasse exausta. Mas, no fundo, também queria que a filha se entrosasse com os colegas da turma. Ela não decidiu por Eulália. Em vez disso, se aba

Rafaela lançou um olhar penetrante para ele. Aquele tom de voz era idêntico ao de Marcelo. Realmente, eram pai e filho.— Torci o pé. Você está muito ocupado hoje? Normalmente você já trabalha tanto... Seria uma boa oportunidade para sair com o Arthur e se distrair um pouco.— Eu estou bem ocupado, marquei com o Diego e o Pedro hoje.— O Diego vai se casar, não vai? Recebi o convite esses dias. Olha só para ele, ainda é um ano mais novo que você. E o Pedro, aquele garoto, parece que anda bem próximo da filha da família Cardoso. Pelo jeito, os dois também já estão quase noivos.— Vovó. — Arthur segurou o braço da Rafaela e o balançou levemente, querendo que ela parasse com aquele assunto. O importante era convencer o tio a acompanhá-lo na atividade da escola.Rafaela tossiu discretamente, lançou um olhar tranquilizador para Arthur e, em seguida, um olhar severo para Aureliano.Com o semblante sério, ela disse:— Leva o Arthur, vai. Será que nem para isso você serve mais?— Está bem, com

— Não tem problema, Sra. Maristela, claro que não quis dizer que a senhora está sendo irracional.Maristela levantou os olhos e lançou um olhar rápido para ele. A palma seca do homem pousou sobre o dorso da mão dela e, ao apertá-la levemente, parecia que uma corrente elétrica quente havia atravessado suas peles num instante.Ela ficou atônita e, ao ser puxada levemente, deu um passo em falso e quase caiu nos braços dele.— Com licença, com licença, desculpe interromper. — Um dos pais, acompanhado da criança, passou conversando com outro responsável que estava à frente de Maristela na fila.Esse pai também conhecia Maristela. Eles tinham se encontrado na reunião de boas-vindas no início do ano, e Eulália até já havia conversado com o filho dele.O pai sorriu:— Maristela, esse é o pai do Arthur, né? Vocês se conhecem? — Ele então olhou diretamente para as mãos entrelaçadas de Maristela e Aureliano."Esses dois... Tem algo aí. Estão até de mãos dadas."Maristela logo se deu conta da situ