O que Nanda queria dizer era que, três anos atrás, quando decidiu desaparecer da vida de Lorenzo, tudo havia acontecido como num daqueles enredos dramáticos de novela de CEO. Ela partiu grávida, sem deixar uma palavra. Durante todo esse tempo, sustentou o peso sozinha, vivendo como aquelas protagonistas que enfrentavam o mundo em silêncio, evitando revelar a verdade para Lorenzo, mesmo quando o coração pedia o contrário.Agora, porém, por causa do filho, aquela mentira não podia mais continuar. No fundo, ela desejava que Lorenzo assumisse seu papel de pai, arcando com todas as responsabilidades que isso implicava.Sem hesitar, Nanda tirou o exame de DNA da bolsa e o colocou sobre a mesa, num lugar onde todos pudessem ver, especialmente Teresa.Os números estavam ali, frios e inquestionáveis: [Resultado: 99,999%. Parentesco confirmado: pai e filho.], impresso de forma clara no topo da página.O rosto de Teresa, que já estava pálido, perdeu ainda mais cor, quase transparente. Se não foss
— Se você não resolver isso aqui e agora, diante de todo mundo... Olha, a Teresa também já ficou sabendo do que aconteceu com a Nanda. Se a situação não ficar clara, ela vai acabar guardando isso no peito, e você sabe que aí não tem mais volta. — A voz de Caio carregava uma pressão que não deixava espaço para ignorar. Se Lorenzo continuasse impedindo a entrada da Nanda com a criança, depois seria impossível justificar qualquer coisa.Aquela atitude, naquele instante, soava como admitir na frente de Teresa que havia algo que ele tentava esconder.Lorenzo ficou imóvel, sentindo a garganta travar. Não sabia se respondia na mesma altura ou se engolia tudo em silêncio.A tensão rompeu de vez quando Vicente lançou um olhar rápido e significativo para Caio. Em seguida, encarou Laura e, sem hesitar, ordenou:— Chama a Nanda para entrar.— Vicente! — Lorenzo reagiu de imediato, nervoso, olhando diretamente para ele, como se buscasse entender se também acreditava nas provocações de Caio, se rea
— Claro que sim! — Respondeu Lorenzo sem sequer pensar duas vezes, como se já estivesse esperando justamente aquela deixa.A verdade é que ele vinha esperando a chance perfeita para colocar o assunto de um bebê na mesa, na tentativa clara de fazer Caio desistir de perseguir Teresa. Assim, no instante em que Caio mencionou criança, Lorenzo agarrou a oportunidade com entusiasmo, deixando as palavras saírem num fluxo contínuo.— Um bebê é a coisa mais fofa que existe neste mundo, um verdadeiro anjo! E, se for menina, então, nem se fala... Se a Teresa aceitar ter uma filha comigo, eu juro que vou tratar ela como a joia mais rara deste universo, cuidando dela como se fosse uma rainha. E no cuidado do dia a dia, pode ter certeza, vou seguir o exemplo do Vicente, dedicado até o último detalhe, sem medir esforços para dar todo o amor possível!Ele fez uma breve pausa, mas apenas para ganhar fôlego, pois o entusiasmo permanecia.— Agora, se for menino, também não tem problema nenhum. Pode ser m
— Caio? Você por aqui de novo hoje? — A voz de Lorenzo quebrou o murmúrio na sala.Caio entrou devagar, conduzindo a cadeira de rodas com tranquilidade. Ao ouvir a surpresa na voz de Lorenzo, deixou escapar um leve sorriso, mas o olhar sereno que carregava já estava pousado em Teresa.— Hoje vim especialmente porque soube que a Margarida está grávida. Quis trazer um presente para ela, embora não imaginasse encontrar tanta gente reunida... — Ele disse, dirigindo-se a Margarida com um aceno de cabeça. Fez um gesto discreto para o motorista, que apareceu logo em seguida carregando um embrulho. — É um carrinho de bebê que escolhi para você. Espero que, quando o bebê nascer, possa usá-lo bastante.— Obrigada, obrigada. — Margarida recebeu o presente com um sorriso tímido, lançando um rápido olhar a Vicente, que estava ao seu lado.O ambiente, à primeira vista, parecia calmo, mas havia algo escondido por trás das expressões controladas. Margarida conseguia sentir que, por baixo daquela aparê
— Margarida, Teresa, sobre o que vocês estão falando? — A voz curiosa de Lorenzo surgiu de repente, quebrando o momento das duas. Ele apareceu carregando um monte de pacotes e embrulhos, com uma expressão confusa, e completou. — Medo de quê? Perdeu o quê? Olha, juro que não entendi nada do que vocês estavam discutindo até agora!Naquele dia, havia sido o próprio Lorenzo quem acompanhava Teresa ao hospital e, depois, a levou diretamente para conhecer a nova casa da Margarida. Ele sabia que as duas iam se ver e, insistente como sempre, se arranjou para ficar por perto, aproveitando qualquer desculpa para passar mais tempo com Teresa.Mas conversa de menina, às vezes, parecia um código impossível de decifrar. Lorenzo ficou ali, tentando entender as entrelinhas, até acabar assumindo que não ia conseguir.Teresa, por sua vez, já estava ficando impaciente. Lançou um olhar de lado, visivelmente incomodada, antes de dizer com um tom carregado de desprezo:— Lorenzo, estou conversando com a Mar
Por isso, Margarida não teve qualquer intenção de recusar a gentileza de Vicente. Pelo contrário, respirou fundo, forçou um sorriso e, com um movimento suave, encostou-se no abraço dele, como se naquele momento encontrasse um pouco da segurança que precisava....Mesmo tendo prometido a Vicente que descansaria direito, naquela noite ela acabou deixando o hospital. No fundo, sabia que seus ferimentos não eram graves. A maioria não passava de machucados superficiais e, para ela, não fazia sentido ficar ali, confinada entre paredes brancas, com aquele cheiro de antisséptico que só a deixava mais tensa. Além disso, talvez fosse esse o verdadeiro motivo, ela não conseguia deixar de pensar que Eduarda também estava internada naquele mesmo hospital.Margarida não sabia em qual andar, muito menos em qual quarto, Eduarda estava. Ainda assim, a simples possibilidade de encontrá-la num corredor lhe causava uma inquietação difícil de ignorar. Ela não queria viver aquela tensão. Concluiu que se re