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Capítulo 2

Author: Cocada
Esperei por três horas à beira da estrada. Do dia claro ao entardecer, a brisa do mar passou da quente à fria. A luz no horizonte foi desbotando pouco a pouco, e a minha sombra se tornou cada vez mais sutil.

Rodrigo não me procurou em momento algum.

Quando meu celular ficou com apenas 1% de bateria, eu relutantemente chamei um táxi e voltei para casa. Assim que entrei, o perfil da Bruna atualizou de novo. No vídeo, eles estavam na praia, assistindo aos fogos. Rodrigo segurava a filha dela no colo e ajeitava devagar os fios de cabelo bagunçados pelo vento. O mar atrás deles cintilava com as camadas de luz dourada. As risadas deles eram nítidas, mesmo que distantes, como se viessem de outro mundo.

Bruna escreveu na legenda:

[Os fogos brilhavam. A beleza e o romantismo simbolizam a felicidade]

Naquele instante, meu peito parou por um momento. Aquele show de fogos de artifício era uma surpresa que eu tinha preparado para o meu aniversário. Eu lembrava perfeitamente até da música que tinha escolhido.

Os comentários subiam sem parar na tela:

[Que família linda]

[A menina é a cara do Sr. Rodrigo]

Bruna não respondeu nada, deixou apenas um emoji sorrindo.

No vídeo, alguém perguntou ao Rodrigo: "Você não ia buscar a Camila?"

E ele respondeu, com a voz profunda e gentil: "Não tem problema se eu me atrasar um pouco. A Camila tem bom temperamento, não vai se irritar."

Aquele tom gentil me fez entender de vez que ele não tinha me esquecido por maldade. Ele só estava acostumado com o fato de que eu sempre o perdoava.

Fiquei olhando para a tela, com os dedos roçando a borda do celular. Meu coração parecia congelar por dentro.

Então, nos olhos dele, eu nunca ficaria irritada. Eu sempre seria sentada e compreensiva. Eu jamais iria embora.

Recostei-me no sofá, enquanto memórias vieram à tona na minha mente.

Naquele inverno, a neve era intensa. Eu adoeci e tirei licença, ele dirigiu a noite inteira, vindo de outra cidade, só para deixar remédios na porta da minha casa.

— Lembre-se de que eu sempre vou estar aqui. — Ele disse.

— A gente é só amigo. — Eu respondi sorrindo.

Ele ficou em silêncio por um instante e disse suavemente:

— Então eu serei o amigo que vai esperar você pela vida inteira.

Meses depois, ele se declarou no dia do meu aniversário. Me recordo dos fogos daquela noite, tão lindos quanto os de hoje.

— Camila, quero ver todos os mares do mundo com você. — Ele segurou minha mão e disse com seriedade.

E eu acreditei. Achei que ele se lembraria, afinal foi ele quem disse que queria ver o mar comigo.

Os fogos explodiam no vídeo, e meu coração se esfarelava no mesmo ritmo.

Levantei do sofá e fui até a janela. O vento lá fora estava frio, trazendo umidade e sal. Olhei para o anel no meu dedo. O anel que ele colocou no meu dedo quando ficamos noivos.

— Quero proteger você pelo resto da minha vida. — Ele disse, naquele dia.

Eu acreditei.

Agora, eu não conseguia nem uma única mensagem.

Tirei o anel e o coloquei no fundo da gaveta. No meu coração, a resposta já estava clara: aquela cerimônia que eu tanto esperava nunca aconteceria.

Depois dos fogos, eles foram para um acampamento nas proximidades. Minha amiga também estava lá e quase brigou com a Bruna por ela ter ocupado a minha barraca.

— Essa barraca é da Camila! Quem você pensa que é para pegar?

— Desculpa, eu não pensei nisso. Já está tão tarde, eu e a Belinha ficamos sem onde dormir... — Bruna falou com aquela voz suave e frágil.

— Se não têm onde dormir, voltem para casa! Ninguém mandou vocês ficarem aqui. — Minha amiga riu, irônica.

Bruna ficou sem palavras, e minha amiga jogou as malas dela para fora. Só então Rodrigo finalmente se lembrou de mim.

— Ela está sozinha lá. Acho que devo ir buscá-la. — Ele suspirou e foi pegar as chaves.

— Rodrigo, eu vou com você. — Bruna se aproximou na hora, com voz doce. — Vou explicar tudo para a Camila. Quem sabe assim ela se acalma um pouco.

Enquanto dizia isso, ela ajeitou a gola da camisa dele com naturalidade. Ele hesitou, mas acabou concordando. E então ela começou a enrolar, guardando as coisas, acalmando a filha, procurando biscoitos e assim atrasou tudo por mais de uma hora. No meio disso, ela gravou um vídeo sorrindo: [Indo buscar minha melhor amiga! Espero que a Camila não esteja brava comigo]

Assim que ela postou o vídeo, eu vi. Ela sorria gentilmente, mas os olhos tinham um brilho de triunfo.

Abri a caixa de mensagem e digitei uma linha: [Não precisa vir me buscar. Eu já voltei para casa]

Enviei. A tela escureceu. A casa ficou completamente silenciosa. Recostei-me na cadeira, fechei os olhos. E aquele vazio no meu coração finalmente se dissipou por inteiro.
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