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Capítulo 4

Autor: Linda primavera
Ibsen olhou para ela sorrindo, os olhos cheios de admiração.

— Está muito bonita, e combina muito com você.

Os dois se encararam à distância, os olhares repletos de um amor que não faziam questão de esconder.

Era para ser ela quem experimentava o vestido de noiva com Ibsen, mas, diante de Mayra, agora parecia uma terceira pessoa.

Inês apertou com força a barra do vestido, na sua mente, a corda chamada razão se rompeu de repente.

Ela ergueu o vestido e caminhou lentamente em direção a Mayra.

Quando Mayra viu Inês se aproximar, o sorriso em seus lábios se aprofundou ainda mais:

— Srta. Inês, seu vestido de noiva está realmente lindo. Ao vê-lo, também fiquei com vontade de experimentar. Você não se incomoda, não é?

Inês, sem hesitar, levantou a mão e deu-lhe um tapa no rosto, dizendo palavra por palavra:

— Agora você sabe se eu me importo ou não.

O rosto de Ibsen mudou de expressão:

— Inês, você ficou louca?!

Ele avançou rapidamente, empurrou Inês para o lado e levantou o queixo de Mayra para verificar se ela estava machucada.

A saia do vestido de noiva era grande, e Inês usava salto alto de quase nove centímetros, com o empurrão de Ibsen, torceu o pé e caiu no chão.

A dor lancinante no tornozelo, porém, não se comparava a um centésimo da dor em seu peito.

Houve um tempo em que Ibsen sofria ao vê-la derramar uma única lágrima, mas agora era capaz de levantar a mão contra ela por causa de outra mulher.

Ibsen nem sequer olhou para Inês, apenas franziu a testa diante do inchaço vermelho no rosto de Mayra e disse em tom grave:

— Vou levá-la ao hospital.

Mayra balançou a cabeça e, suportando a ardência no rosto, falou:

— Sr. Serpa, estou bem. Depois coloco gelo, às onze tenho reunião com um parceiro de negócios, não posso me atrasar.

Olhando para a resignação e teimosia nos olhos dela, Ibsen sentiu uma onda de raiva, mas não contra Mayra, e sim contra Inês.

Ele se virou e, de cima, olhou friamente para Inês, sentada no chão de forma desajeitada:

— Peça desculpas!

Inês levantou os olhos para ele e falou com expressão serena:

— Por que eu deveria pedir desculpas?

— Você bateu nela sem motivo algum. Não deveria pedir desculpas? Inês, quando foi que você se tornou assim? Sem consideração pelo ambiente, parecendo uma mulher histérica.

Ele estava visivelmente agitado, fixando os olhos nela, quase soltando faíscas, e ainda havia um traço de decepção em seu olhar.

Inês suportou a dor no tornozelo, cerrou os dentes e se levantou, encarando-o diretamente.

— Ibsen, você diz que eu mudei? E você, não mudou?

Ibsen ficou surpreso, mas antes que pudesse responder, Mayra agarrou-lhe o braço, o rosto cheio de culpa.

— Sr. Serpa, não brigue com a Srta. Inês, a culpa foi minha... Eu não deveria ter experimentado o vestido de noiva... Me desculpe...

Ibsen estendeu a mão para enxugar as lágrimas no canto dos olhos dela e respondeu suavemente:

— Não tem nada a ver com você, não precisa pedir desculpas. Quem deve pedir desculpas é outra pessoa.

Inês quis rir, mas seus olhos se avermelharam.

Oito anos juntos...

Faltava apenas um mês para o casamento, mas, para ele, ela já era apenas "outra pessoa".

Olhando para seu rosto indiferente, Inês começou até a duvidar se ele realmente a amou um dia.

Se a amou, como pôde ser tão cruel?

Se nunca a amou, todo aquele cuidado e carinho do passado significaram o quê?

Depois de acalmar Mayra, Ibsen voltou-se para Inês, o olhar gelado e de desprezo.

— Se você não pedir desculpas à Mayra, hoje não experimenta o vestido de noiva, e o casamento será adiado.

A cor sumiu rapidamente do rosto de Inês, olhando para os olhos dele, o desespero tomou conta de seu olhar, meio sorrindo, meio chorando.

Como ele protege Mayra... Só porque ela deu um tapa em Mayra, agora a ameaça com o adiamento do casamento.

A sensação de ser atingida por mil flechas não poderia ser pior do que isso.

Ela já podia imaginar, se hoje cedesse, quantas humilhações ainda teria que suportar no futuro.

Mas ela... não queria mais se humilhar.

— Muito bem, se você quer adiar, que adie.

A voz dela não era alta, mas Ibsen e Mayra puderam ouvir claramente.

Dizendo isso, ela ergueu o vestido, virou-se e, mancando, seguiu com as costas eretas em direção ao provador.

Ao vê-la de costas, Ibsen franziu as sobrancelhas com força, os olhos sombrios.

A voz cautelosa de Mayra soou ao seu lado:

— ...Sr. Serpa, será que causei algum problema?

Talvez não tenha ouvido, ou por outro motivo, Ibsen não respondeu.

Ao trocar de roupa, ao ver o tornozelo inchado de Inês, a atendente exclamou:

— Srta. Inês, seu tornozelo está inchado! Já trago um pouco de gelo para você colocar.

Inês abaixou o olhar, os olhos repentinamente arderam.

Não esperava que uma atendente da loja de noivas, com quem teve pouco contato, se preocupasse mais com ela do que seu próprio noivo.

Valia mesmo a pena se colocar numa situação tão humilhante por causa de um homem?

Ela mordeu os lábios e forçou um sorriso para a atendente:

— Obrigada.

— Não precisa agradecer, é o mínimo que posso fazer.

A atendente se preparava para guardar o vestido de noiva e buscar o gelo, quando algo brilhou no chão.

Ela se abaixou e pegou: era a pulseira de estrela de seis pontas que Inês usava, e rapidamente avisou:

— Srta. Inês, sua pulseira caiu no chão.

Inês estava trocando de roupa e, ao ouvir, virou-se.

Ao ver a pulseira, seu olhar vacilou.

— Quebrou, não tem conserto. Pode jogar fora pra mim, por favor.

Foi no terceiro aniversário de namoro que Ibsen lhe deu aquela pulseira de presente, nela estavam gravadas as iniciais dos dois nomes, seguidas da palavra "forever" em inglês.

Inês sempre cuidou dela com todo carinho, nunca imaginava que fosse quebrar de repente hoje.

Antes, ela ficaria muito triste, pensando que era um mau presságio.

Mas agora...

Se quebrou, quebrou.

A atendente ainda quis dizer que a pulseira era cara e talvez pudesse ser consertada, mas vendo o rosto pálido de Inês, hesitou por um instante e não disse nada. Guardou o vestido e saiu com a pulseira.

Chegando ao lado da lixeira, a atendente se preparava para jogá-la fora, quando uma voz gelada soou ao lado dela.

— O que está segurando?

Assustada, a atendente se virou e viu o rosto frio de Ibsen:

— Sr. Serpa, é a pulseira da Srta. Inês. Quebrou enquanto ela experimentava o vestido, ela disse que não tem mais como usar e pediu que eu jogasse fora.

Um brilho gélido passou pelos olhos de Ibsen. Ele reconhecia muito bem aquele presente de aniversário que dera a Inês.

Ele deu a Mayra uma pulseira idêntica, então, ela agora jogava fora a pulseira que ele lhe dera, apenas para forçá-lo a se desculpar?

Ele semicerrou os olhos, a atmosfera ao redor se tornou ainda mais pesada:

— Me...

Antes que pudesse terminar a frase, a voz doce de Mayra soou atrás dele:

— Sr. Serpa, já troquei de roupa.

A mão de Ibsen, estendida no ar, parou por um instante e ele a recolheu disfarçadamente. Voltou-se para ela e seu olhar se suavizou.

— Já que você terminou, vamos embora.

— Não seria bom nos despedirmos da Srta. Inês? Ah, sobre o que estava falando com a atendente agora há pouco?

— Nada, não precisa esperar por ela.

Mayra olhou a atendente com desconfiança, mas não perguntou mais nada. Conhecia bem o temperamento de Ibsen: insistir em algo que ele não queria dizer só o aborreceria.

Durante esses anos, ela usou esse traço para criar muitos conflitos entre Ibsen e Inês.

Quando Inês saiu do provador, Ibsen e Mayra estavam prestes a ir embora.

Com o canto dos olhos, Inês viu os dois deixando o local lado a lado, sua mão se fechou devagar, sem expressão no rosto.

Já tinha lido em algum lugar: quando se acumula decepção suficiente por alguém, simplesmente se vai embora.

Ela pensou que sua decepção com Ibsen também estava quase no limite.
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