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Capítulo 4

Autor: Belarmino Verde
— Eu fui rude agora há pouco, me desculpe. — Disse Lívia.

— Querida, você vai mesmo me deixar dormir no quarto de hóspedes? Me deixa entrar, vai, eu quero te abraçar.

Só de pensar que esse homem tinha acabado de ficar com Viviane e ainda queria que ela engravidasse, Lívia sentiu náuseas.

— Estou cansada. Falamos amanhã.

— Querida, faz uma semana que não te dou um abraço de verdade. Você não quer ficar comigo?

O enjoo quase a fez vomitar.

— Você não é fiel aos seus pais? Então, vai dormir com eles! — Disse ela, seca.

Ficou um momento em silêncio do lado de fora, até que os passos se afastaram.

Ian tinha um temperamento difícil, nos desentendimentos, Lívia sempre costumava ceder primeiro. Se brigassem, ela geralmente abaixava a cabeça. Ela realmente amava o Ian.

Mas agora... Haha, tudo aquilo era ridículo.

Lívia disse que iria descansar, então deitou-se e fechou os olhos, fingindo dormir. Viviane, porém, permaneceu cautelosa e só saiu do closet bem tarde da noite, na ponta dos pés. Depois de tanto tempo lá dentro, suas pernas estavam dormentes e quase a fizeram cair. Ela tapou a boca para não fazer barulho, curvou-se e abriu a porta cuidadosamente.

Assim que a porta se fechou, Lívia abriu os olhos.

Na sala de estar do segundo andar, Teresa ajudou Viviane a se sentar, massageando suas pernas com cuidado.

— Coitadinha, você sofreu. Quem poderia imaginar que ela voltaria assim tão de repente? — Disse Teresa, resmungando.

— Sogra, eu estou bem. Não se preocupe. — Respondeu Viviane, embora apertasse o ventre, como se estivesse desconfortável.

Ao notar isso, Teresa ficou preocupada.

— Mas e o meu neto querido? Quer que eu te leve ao hospital?

— Não, não precisa, está tudo bem. Vai passar. — Viviane disse docilmente.

— Essa Lívia tem o poder de irritar qualquer um. Se algo acontecer com o meu neto, eu juro que esfolo ela viva!

— Já chega, não mexe com ela por agora. — Disse Valter, sentando-se no sofá de frente.

— Mas Viviane é a verdadeira nora dessa família, especialmente agora que está grávida. Não podemos deixá-la fora de casa, enquanto a nora falsa ocupa seu lugar!

— Isso é temporário. Assim que o contrato com o Grupo Ouro & Valor for assinado, vamos mandá-la embora.

Teresa resmungou de novo.

— Que fique mais uns dias, então.

Viviane sorriu discretamente, mas, ao olhar para Ian, percebeu que ele franziu a testa, parecendo discordar do que os pais diziam.

— Eu e Lili somos boas amigas. Não me importo de passar por mais algumas dificuldades. Deixe que ela fique em casa. — Viviane disse baixinho.

— Você a considera amiga, é sincera com ela, mas ela não te leva a sério. Caso contrário, não estaria competindo com você por esse projeto. — Disse a Teresa.

Após dizer isso, ela olhou para Viviane e percebeu que ela ainda estava com a cabeça baixa. Então se voltou para o filho e reparou que ele permanecia em silêncio.

— Ian, o que você acha?

— Eu amo a Lívia. Não quero machucá-la. — Ian massageou a testa.

— Mas Viviane é sua esposa!

— Já me sinto culpado com Viviane. Não quero prejudicar Lívia também.

— Não, não é sua culpa. — Disse Viviane, se levantou rapidamente.

— Me dê mais tempo. Vou conversar e explicar tudo para Lívia. Ela me ama tanto que com certeza aceitará você e nosso filho. — Ian se aproximou e a abraçou.

— Não quero atrapalhar seu relacionamento com ela. — Viviane assentiu. — Você pode amá-la, eu só quero um pouco do seu amor para mim e para o bebê.

— Obrigado por me compreender.

Os pais de Ian olharam para Viviane com aprovação e admiração, totalmente diferentes do rigor e da dureza com que tratavam Lívia.

Lívia, encostada no corredor, mal podia acreditar no que estava ouvindo.

Estamos no século XXI, as pessoas modernas realmente acreditam na ideia de duas mulheres servindo o mesmo homem. Não, eles não só acreditam na ideia, como a executam. Céus, que tipo de família ela entrou? Um, dois, três... todos devem ser loucos!

— Mas a barriga da Viviane cresce a cada dia. Logo não conseguiremos mais esconder da Lívia. — Disse a Teresa, preocupada.

— Vou transferi-la para trabalhar em outra cidade. — Disse o Valter, após pensar numa solução.

Naquela noite, Lívia estava tão furiosa que não conseguiu dormir.

Na manhã seguinte, ao descer as escadas, ela viu Ian entrando com um enorme buquê de rosas.

— Querida, acordando assim de manhã, você está linda.

Ele entregou as rosas a Lívia e a abraçou pelo ombro, tentando beijá-la, mas ela desviou.

— Você não trocou de roupa ontem à noite? Está com cheiro de suor.

Na noite anterior, ele acompanhou Viviane até casa e, provavelmente, só voltou de manhã cedo, aproveitando para comprar as rosas no meio do caminho, para compensar um pouco da culpa.

— Está mesmo? — Ian cheirou a própria roupa. — Ah, sim, fui até a floricultura nos arredores da cidade ontem à noite e esperei eles abrirem. Comprei rosas recém-colhidas para você.

Lívia revirou os olhos.

As flores claramente vinham da floricultura da esquina. No papel de embrulho mostrava o nome da loja.

— Obrigada, querido. — Ela não comentou nada e sorriu docemente.

— Espere um pouco, vou tomar banho e te levar a um lugar. — Disse Ian.

— Mas eu preciso ir para o trabalho hoje.

— O trabalho pode esperar. Faz tempo que não temos um encontro.

— Mas hoje...

— Espera por mim.

Sem dar tempo para Lívia responder, Ian subiu. Ela olhou para as costas dele e sorriu de canto. Ele estava tentando impedi-la de ir trabalhar, de propósito.

Bom, então ia ser divertido, vamos ver quais os novos truques que ele vai inventar.

Uma hora depois, Ian dirigiu com ela até um beco antigo da cidade. Pelo lado positivo, o lugar parecia cheio de vida. Mas, na realidade, era uma zona com construções improvisadas, caos no trânsito e pouca higiene.

Foi nesse bairro que eles moraram três anos atrás. Na época, Lívia não sabia da identidade de Ian. Ambos trabalhavam no departamento de projetos do Grupo Céu Azul, ganhando salários comuns. Para economizar, alugaram um apartamento simples e barato na zona velha da cidade, longe da empresa.

Nesse beco desordenado, eles correram inúmeras manhãs, de mãos dadas, apressados, como se não estivessem indo para um trabalho pesado, mas sim para um futuro bonito. Ela realmente acreditava nisso. Queria construir uma vida com Ian, comprar um lar próprio e batalhava todos os dias com essa motivação.

O carro parou. Ian a conduziu até um prédio antigo de frente para a rua. Sem elevador, tiveram que subir as escadas. Os corrimões engordurados pelo tempo, paredes manchadas e descascadas.

No quinto andar, Ian pegou a chave do bolso, sorriu misteriosamente para Lívia e abriu a porta.

Os móveis do lugar permaneciam os mesmos. Entrar ali fez Lívia sentir como se tivesse sido transportada de volta a três anos atrás.

Na época, ela gostava de decorar o pequeno apartamento. Mas, sendo velho, não importava o que ela fizesse, ainda parecia precário. Na verdade, ela nunca havia considerado aquele lugar como um lar. Ela acreditava fielmente nas suas próprias habilidades para comprar, um dia, um apartamento enorme e luxuoso na melhor parte da cidade.

— Comprei este lugar. — Disse Ian, olhando para ela.

— Hã?!

Ele comprou aquele lugar?

— É um presente para você.

Lívia ficou sem palavras.

Ele entrou e se sentou no pequeno sofá que costumava usar.

— Lembra de quando você cozinhava enquanto eu lia aqui? Estávamos ocupados com as nossas próprias coisas, mas olhávamos um para o outro e sorríamos. — Ele relembrou, com o rosto radiante de felicidade. — Quero que nosso futuro seja assim também.

Lívia riu friamente. Ela acordava cedo para cozinhar, enquanto ele dormia. Ela preparava tudo, e, quando terminava, ele sentava-se à mesa, esperando ela servi-lo. Depois das refeições, ele ia se trocar, enquanto ela lavava a louça.

Durante o dia, ela estava sobrecarregada com o trabalho, enquanto ele, o príncipe herdeiro, tomava café no escritório.

À noite, ela ainda cozinhava exausta, enquanto ele lia tranquilamente. Quando ela finalmente podia deitar na cama e descansar, ele a assediava, ainda reclamando de sua falta de afeto.

Pensando nisso, Lívia quase se deu um tapa. Ela só podia estar louca na época, permitindo que Ian a tratasse assim.

Agora, ele poderia ter comprado um apartamento amplo ou uma mansão, mas escolheu este lugar velho e ainda se orgulhava disso.

— Não gosto deste lugar. Se gosta, more aqui você mesmo. — Dito isso, Lívia saiu.

Assim que chegou no térreo, sua colega, Rafaela Rodrigues, ligou.

— Chefe, o que houve? Disseram que Viviane foi transferida para nosso grupo para assumir seu trabalho.
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