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Capítulo 4

Auteur: Sofia Dourado
Quando Maysa acordou de manhã, encontrou mais uma mensagem no seu celular.

[Seu marido dormiu com você ontem?]

Desde que havia terminado com Ryan há um ano, ela bloqueou o WhatsApp dele e nunca mais tentou reatar.

Agora, Ryan havia trocado de número para enviar mensagens novamente. Os cílios de Maysa tremeram levemente, enquanto seus dedos pairavam sobre a tela por alguns segundos. Então, ela decidiu simplesmente apagar a mensagem.

No entanto, assim que a mensagem foi deletada, outra chegou imediatamente.

[Heitor não é pobre, então por que você se veste de forma tão miserável? Achei que, ao casar com alguém rico, sua vida seria diferente. Mas, pelo visto, ele não gasta nada com você, né?]

[Você ficou comigo por cinco ou seis anos, e eu nunca deixei você usar uma roupa de marca barata. Até as coleiras que te dei eram personalizadas, sabia? Todas com diamantes, porra.]

Ryan, normalmente um homem frio e implacável, agora parecia mais um cachorro de rua, ferido e carente, tentando chamar atenção de forma desesperada.

[Ei? Responde, vai. Me manda uma mensagem.]

[Ontem te pedi para me tirar do bloqueio. Por que ainda não tirou?]

Com a enxurrada de mensagens, Maysa escolheu bloquear aquele número também.

Poucos minutos depois, outra mensagem chegou, agora de um novo número desconhecido.

[Maysa, você teve coragem de bloquear aquele número também?]

Sem paciência, ela bloqueou novamente.

Quando o terceiro número ligou diretamente, Maysa perdeu a calma. Ela atendeu e disparou:

— O que você quer, Ryan?

Do outro lado da linha, Ryan parecia tão obcecado quanto sempre fora. Com a voz fria e sem hesitação, ele perguntou:

— Quando você vai se divorciar daquele inútil do Heitor?

O ar pareceu escapar dos pulmões de Maysa.

— Por que eu me divorciaria dele?

— Um homem que não gasta dinheiro com a esposa e ainda é impotente? Como você consegue viver com isso? Você é masoquista? — Ryan riu, mas seus olhos estavam gelados e cruéis. — Só de ouvir a voz dele, eu já me sinto contaminado por essa mediocridade.

Maysa piscou, segurando as lágrimas que ameaçavam cair.

— Eu sou masoquista? Você não sabe? — Ela rebateu, com sarcasmo. — Fui sua namorada por anos, lembra? A maior prova de que eu sei aguentar.

Ryan franziu as sobrancelhas, e algo escuro brilhou em seus olhos. A ideia de Maysa estar casada com outro homem o corroía por dentro, inflamando uma mistura de ciúme e ódio.

— Ele é tudo, menos um homem de verdade. Por que você se casou com ele?

— Nós terminamos. O que você quer de mim, Ryan? — Maysa perguntou, segurando o celular com força. — Minha vida não tem mais nada a ver com você!

Ryan ignorou completamente o que ela dizia, como se as palavras dela fossem irrelevantes.

— Então por que você se casou?

O que ele queria perguntar, na verdade, era outra coisa: por que ela não havia se casado com ele?

— Se eu não tivesse me casado, você teria me pedido em casamento? — A pergunta saiu da boca de Maysa como uma bomba.

Ryan ficou em silêncio, incapaz de responder. Ele prendeu a respiração.

— Desde o ensino médio até a faculdade. — A voz de Maysa tremeu um pouco, e Ryan percebeu o tom embargado. — Eu nunca te traí, Ryan. Nunca fiz nada contra você. Foi você que me deixou. Foi você que pediu para terminarmos. Nunca me arrependi de termos terminado, porque eu sei que não fiz nada de errado.

Os dedos de Ryan apertaram com força o celular. Cada batida de seu coração parecia uma lâmina cortando por dentro. Ele engoliu seco e respondeu:

— É melhor que você não se arrependa. Casada com alguém como o Heitor, você só está esperando o dia em que ele vai te chutar para fora da família Loureiro.

Maysa não respondeu. Simplesmente desligou e bloqueou aquele terceiro número.

Quando Maysa chegou ao Grupo Loureiro, sua sogra, Bianca, que era uma das acionistas da empresa, já a esperava em sua sala particular.

— Você chegou. — Bianca era uma mulher de meia-idade, de postura firme e uma autoridade natural. Ela sorriu de leve, mas o sorriso não alcançou os olhos. — Como estão as coisas com o Heitor ultimamente?

Maysa colocou a bolsa sobre a mesa e respondeu com calma:

— Dona Bianca, o Heitor... Não tem passado muito tempo comigo nos últimos dias.

Bianca soltou uma risada fria.

— Você não consegue nem controlar o próprio marido?

Como toda sogra de uma família rica, Bianca não demonstrava o menor afeto pela nora. Apesar das constantes escapadas de Heitor e dos rumores de seus casos, a primeira pessoa que ela escolhia para questionar era Maysa.

Maysa, no entanto, não fazia questão de esconder a verdade. Ela apenas respondeu com um leve “uhum” e disse:

— Não consigo.

A resposta direta fez Bianca pigarrear, incomodada.

— Você, como esposa dele, deveria saber manter o coração do seu marido. Se isso chegar aos ouvidos de outras pessoas, não acha que será motivo de piada?

Maysa deu de ombros e respondeu:

— Dona Bianca, eu tentei, mas não consegui. Talvez a senhora possa me ajudar.

Bianca ficou em silêncio por um momento. Ela conhecia bem o filho que havia mimado desde pequeno. Sabia exatamente o quanto Heitor era egoísta e irresponsável.

Mas, ainda assim, como Maysa podia simplesmente aceitar as coisas de forma tão... Indiferente?

Bianca franziu a testa e disse, com um tom mais rígido:

— Não me importa o motivo pelo qual você se casou com o meu filho. Mas essa sua falta de interesse pelo Heitor não é algo que uma boa esposa faria.

— É verdade, não sou uma boa esposa. — Maysa respondeu, sem demonstrar o menor sinal de irritação. — Dona Bianca, eu preciso ir para uma reunião agora. Podemos conversar depois?

Desde que havia se casado com Heitor e entrado para a família Loureiro, Maysa dedicava mais tempo trabalhando e administrando a empresa do que o próprio marido. Ela praticamente assumira o papel de uma mulher de negócios, enquanto Heitor aproveitava a vida fora de casa.

Bianca ainda queria continuar a conversa, mas foi interrompida pelo assistente de Maysa, que entrou na sala.

— Chefe Maysa, os clientes da reunião de ontem já estão chegando.

Maysa assentiu com um sorriso. Antes de sair, deu um leve tapinha no ombro de Bianca e disse:

— Depois a gente conversa, Dona Bianca.

Deixou a sogra parada no meio da sala, com uma expressão de surpresa no rosto. Bianca havia ido até ali para repreendê-la, mas de alguma forma, era Maysa quem parecia estar no controle da situação.

Na sala de reuniões, Ryan já estava esperando. Ele estava sentado, com uma expressão fria e impassível. Ao tomar um gole do café que uma funcionária havia trazido, ele franziu o rosto e comentou, com desgosto:

— Horrível.

A jovem funcionária, visivelmente nervosa, corou e disse em voz baixa:

— Sr. Ryan, se o senhor preferir, posso trazer outro.

Ryan sequer olhou para ela.

— Faça outro.

A funcionária saiu apressada, dividida entre o medo e a excitação de estar atendendo alguém como Ryan. Ele, por sua vez, olhou ao redor da sala e soltou um leve som de desdém.

O ambiente do Grupo Loureiro não chegava nem perto do luxo e sofisticação do Grupo Dantas.

A segunda pessoa a entrar na sala foi Maysa. Ela carregava uma xícara de café e a colocou na frente de Ryan com um movimento firme.

— Aqui está, Sr. Ryan.

Ryan estreitou os olhos e encarou a xícara. Era o mesmo café de antes. Não tinha sido trocado, mas agora era Maysa quem o havia trazido.

Ele tomou um gole e colocou a xícara de volta na mesa.

— Parece que você tem uma posição importante aqui no Grupo Loureiro. — A voz dele era grave, baixa e carregada de uma ironia velada. — Esse é o benefício que você conseguiu ao se casar com ele?

— É. — Maysa respondeu com simplicidade, sentando-se na cadeira à frente dele. Seus saltos altos destacavam suas pernas finas e longas, algo que capturou o olhar de Ryan, que a observava com intensidade.

— Você não era assim antes.

— Antes? — Maysa sorriu e lançou a ele um olhar direto. — Antes, eu era fácil de enganar. Quem diria que pessoas sentimentais nunca têm um bom destino?

Ryan ficou imóvel, claramente surpreso com a resposta dela.
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