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Capítulo 3

Author: Sofia Dourado
Quando Maysa chegou em casa, seu marido, Heitor Loureiro, estava sentado no sofá.

— Alguém disse que você encontrou o Ryan hoje na empresa.

— Você colocou espiões para me vigiar? — Maysa perguntou, com um sorriso irônico. — Está me controlando tão de perto assim.

Não era de se estranhar que ele a tivesse chamado de volta às pressas.

— Sim. — Heitor respondeu, com um tom seco. — Maysa, se você tiver coragem de me trair, vai acabar muito mal.

Maysa cruzou os braços e, com um olhar desafiador, rebateu:

— Nós dois sabemos que tipo de relação temos. Você acha mesmo que pode me ameaçar? Já esqueceu quem eu sou?

Os traços perfeitos do rosto de Heitor ficaram sombrios. Ele parecia irritado, como se ela tivesse tocado em algo que ele queria esconder.

— Nem perco meu tempo tentando te tocar.

— Ótimo. — Maysa respondeu com sarcasmo. — Melhor assim. Eu também tenho nojo de você.

Heitor deu um passo à frente, com o olhar cheio de raiva.

— O Ryan era bom de cama, não era? — Ele pegou Maysa pelo queixo, apertando com força. — Ele conseguia te fazer sentir prazer, né?

Os olhos de Maysa piscaram por um instante, mas ela não hesitou.

— Solta.

Heitor ignorou, inclinando-se mais perto, com a voz carregada de desprezo:

— Antes, o que ele fazia contigo? Brincavam de filmar cenas de filme pornô? Ele devia ter gravado algo naquela época.

Maysa soltou uma risada fria e respondeu com desprezo:

— Você não tem capacidade nem para assistir, e mesmo que tivesse, não adiantaria nada. Poupe suas forças.

Heitor, tomado pelo ódio, empurrou Maysa contra o sofá. Ela o encarou de volta, sem medo. Pelo contrário, havia algo selvagem em seu olhar, um misto de ousadia e provocação que fazia sua beleza parecer ainda mais arrebatadora.

O que mais irritava Heitor era que, apesar de sua altura, beleza e riqueza, ele não conseguia sentir nada...

Os rumores no círculo social diziam que ele havia exagerado tanto no passado, sempre rodeado de mulheres, que agora o corpo dele não respondia mais.

O casamento com Maysa era apenas um negócio.

Desesperado para provar algo, Heitor começou a desabotoar o cinto, como se quisesse se convencer de que ainda era capaz.

— Isso é tudo culpa sua! — Ele gritou, com os dentes cerrados.

Maysa, deitada no sofá, respondeu com indiferença:

— Culpa minha? Eu te obriguei a ser impotente?

A vontade de Heitor era de esbofeteá-la. Ele segurou o pescoço dela com força, enquanto Maysa, sem perder o tom provocador, murmurou:

— Amor, você não é nem metade do que o Ryan era na cama.

Heitor ficou ainda mais furioso, mas, quanto mais raiva sentia, menos conseguia se controlar — e menos seu corpo respondia.

— Sua... Interesseira safada!

— É só isso que você consegue dizer? — Maysa respondeu com um sorriso de deboche. — Se acha que eu sou uma safada, por que me casou comigo? Gosta de bancar o otário? Agora, vá cuidar das suas amantes. Mesmo desse jeito, ainda quer sustentar mulheres por aí? Diga a elas para pararem de me mandar mensagens. Eu trabalho demais para perder tempo com isso.

Ela sabia que ser amante de Heitor devia exigir um nível de atuação digno de um Oscar.

O rosto de Heitor ficou vermelho de raiva. O suor começou a brotar na testa dele, escorrendo pela ponte do nariz. Ele soltou Maysa de repente, ajeitou as roupas com mãos trêmulas e saiu em direção à porta. Ao bater a porta com força, deixou a casa em silêncio absoluto.

Maysa ficou sozinha na sala, o vazio do ambiente parecia ecoar como se a casa inteira estivesse morta.

Ela mesma parecia um cadáver — uma bela, mas vazia, carcaça.

Maysa ficou deitada no sofá por um longo tempo, imóvel como se fosse feita de pedra. Depois, se levantou e foi até o quarto. Heitor nunca passava a noite ali. Ele vivia com outra mulher.

Ela tomou banho, colocou roupas limpas e voltou para a cama, encolhida como se quisesse desaparecer.

Seus dedos seguravam o lençol com força, apertando e soltando, enquanto ela olhava para o chão. Algo duro sob o travesseiro chamou sua atenção.

O contato com Ryan mais cedo parecia ter despertado algo no fundo dela, algo que ela havia tentado enterrar por mais de um ano.

Não deveria ser assim. Ela já havia superado tudo... Ou pelo menos pensava que sim.

Quando estava com Ryan, ele era indomável, selvagem como um animal.

Para os outros, ele parecia frio e distante, mas Maysa sabia da obsessão e do lado extremo dele. Ele vivia em busca de perigo, de adrenalina, e até na cama essa intensidade beirava o insano. Cada momento ao lado dele era um risco, um salto ao desconhecido, onde prazer e dor se misturavam de forma avassaladora.

Tudo o que Ryan fez com o corpo dela deveria ter sido esquecido há muito tempo...

Maysa soltou um gemido abafado, suas sobrancelhas finas se franziram, como se ela estivesse tentando resistir a algo.

Depois de um tempo, sua mão deslizou lentamente para baixo, enquanto a outra tateava sob o travesseiro em busca daquele objeto duro.
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