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Capítulo 8

Author: Heloísa Rodrigues
Na tela, só apareciam duas palavras enviadas pelo Sérgio:

[Sem tempo.]

Isabela ficou sem palavras.

— Isabela, mais tarde você e o Gustavo saem para um encontro, que tal?

Assim que entrou no carro, Naomi sorriu e puxou Isabela para conversar.

Isabela olhou para o homem dirigindo e, mordendo os lábios, respondeu:

— Hoje à noite eu já tenho um compromisso de negócios. Podemos deixar para outro dia.

Quando Gustavo ouviu aquilo, suas mãos, que estavam no volante, se apertaram ainda mais.

Embora Isabela não tivesse rejeitado diretamente, suas palavras deixavam claro o seu desinteresse.

Ela nunca teria se comportado daquele jeito com ele antes...

Pensando naquilo, Gustavo não conseguiu evitar que seu rosto escurecesse. Em pouco tempo, ele estacionou o carro na frente da casa da família Frota.

Quando saiu, Isabela ainda fez questão de se despedir de Naomi educadamente, mas não teve o menor interesse em olhar para a expressão de Gustavo.

Um homem que traiu, para ela, era como um cachorro que tinha ração premium e comia lixo. Não havia mais motivo para continuar com ele.

Enquanto estava no carro, ela pensou um pouco e então fez uma ligação para Wellington.

A chamada foi atendida rapidamente. Já era hora de expediente e, como de costume, Wellington estava em algum bar ou evento, pois o som ambiente estava bem alto.

— Oi, Isabela, você já não está mais brava comigo?

Isabela sorriu com um ar de brincadeira:

— Isso depende de você poder me ajudar ou não.

— Pode contar comigo! O que você precisa, madame? — Wellington riu.

— Me ajude a descobrir onde o Sérgio está essa noite. — Isabela falou.

Wellington tinha contatos em todo lugar. Se tinha um lugar que ele não conhecia, era porque ainda não tinha aberto. Além disso, parecia que ele tinha uma boa relação com Sérgio, o que facilitava a tarefa.

Wellington deu uma risadinha:

— Gata, você não está mesmo a fim desse cara, né? Ele não é um cara fácil de lidar, você sabe. — Como amigo da Isabela, Wellington não pôde deixar de tentar aconselhar ela. — Eu ouvi dizer que uns dias atrás uma mulher foi para a cama com ele e, no fim, ele a jogou nua para fora do hotel.

Isabela levantou uma sobrancelha, sem saber daquela história.

Mas também pensou no dia em que foi procurar Sérgio sem motivo algum. Felizmente, não foi expulsa.

Ela apertou os lábios e, desconfortável, disse ao Wellington:

— O que você está dizendo? Eu só queria tratar de um assunto de negócios com ele.

Wellington suspirou aliviado:

— Ah, tá. Então, deixa comigo. Pode ficar tranquila!

Depois de desligar, Isabela apertou ainda mais o volante.

As palavras de Wellington ainda ecoavam em sua cabeça. Naquele momento, ela tinha se deixado levar e agendado um encontro com Sérgio, achando que ele era só mais um mulherengo experiente.

Se tivesse sido expulsa por ele... Ela provavelmente seria o centro das piadas em toda a cidade.

Por um momento, ela não soube se tinha sido sortuda ou azarada.

Mas, no fim das contas, pensou, aquele tal de Sérgio não era nem um pouco afável.

Wellington foi rápido nas suas ações.

Enquanto ela esperava o semáforo, a mensagem de Wellington chegou:

[Achei o endereço, e olha só a sorte, estou por aqui também, venha logo, vou te dar uma força!]

Ela digitou rapidamente na tela do celular:

[Tô indo!]

Depois de enviar a mensagem, ela acelerou o carro e voltou para a empresa para pegar o relatório que havia terminado de refazer.

Quando chegou no endereço que Wellington havia mandado, a noite mal havia caído.

Era um clube de eventos privado.

Na entrada, havia uma fila de carros de luxo. O seu pequeno BMW parecia quase invisível diante de tantos carros caros.

Ela estacionou, passou batom olhando no espelho retrovisor, e foi até o porta-malas trocar os sapatos baixos por um salto de sete centímetros, então entrou no clube caminhando com confiança.

Ela tinha um corpo incrível, curvas acentuadas, e ao andar de salto, a cintura se movia de maneira hipnotizante.

Os cabelos negros caíam soltos pelas costas, quase até a cintura, e com apenas o seu perfil já era possível perceber que se tratava de uma mulher de rara beleza.

Quando ela abriu a porta da sala VIP, todos dentro ficaram surpresos com sua chegada.

Na sala, havia várias pessoas, tanto homens quanto mulheres.

Wellington estava lá, conversando animadamente com Sérgio.

Sérgio estava acompanhado por uma jovem com uma aparência inocente, vestindo um vestido branco. Ela se sentava ao lado dele, com os lábios levemente curvados em um sorriso discreto, em silêncio e tranquila.

Assim que ela entrou, todos os olhares se voltaram para ela.

Quando Sérgio a viu, deu apenas uma olhada rápida, sem demonstrar reação, e desviou o olhar.

Isabela deu uma risada por dentro: "Fingindo agora, mas naquela noite na cama não foi assim tão indiferente."

Alguém, não se sabia quem, comentou:

— Nossa, a deusa Isabela veio descer do Olimpo hoje? Não está cuidando do seu Gustavo?

Como todos estavam no mesmo círculo, mesmo que não se conhecessem muito, tinham se visto em várias ocasiões.

Todo mundo sabia da fama de Isabela com o Gustavo, e, se alguém zoasse, não era nenhuma novidade.

No entanto, quem falou não percebeu que, logo depois de sua fala, Sérgio, sentado ao lado dele, ficou com a expressão mais fria.

Isabela sorriu e não respondeu.

Wellington se levantou, empurrou a garota ao seu lado e chamou:

— Isabela, venha sentar aqui.

Isabela sorriu e se acomodou. Logo, alguém se aproximou para puxar conversa.

— Ouvi dizer que você terminou com o Gustavo?

Quem falou foi Tomas Rocha, um playboy que Isabela conhecia, mas com quem não era muito próxima.
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